Para quem gosta de Neo-Rockabilly dos anos 80, o line-up do Festival Viva Las Vegas deste ano é um prato cheio. Ao lado de lendas como Brian Setzer (Stray Cats), Restless e The Jets, estão os britânicos do Polecats, que voltam a se apresentar com a formação clássica nos Estados Unidos, depois de um hiato de 15 anos; com Tim ‘Polecat’ Worman (vocal), Martin ‘Boz’ Boorer (guitarra), Chris Hawkes (bateria) e Phil Bloomberg (baixo acústico).
Formada em 1977 em Londres, Inglaterra, a banda foi uma das responsáveis por trazer o rockabilly de volta aos holofotes, com seu toque de punk rock e glam oitentista, que caracterizaram o retorno do gênero originário dos anos 50. Autores de um dos maiores hinos do Neo-Rockabilly – “Rockabilly Guy”, ficaram conhecidos por seu estilo extravagante, despojado e enérgico em cima dos palcos, com direito a baixo cor de rosa, delineador e enormes topetes.
Aproveitamos a apresentação da banda no Viva Las Vegas 2016 e batemos um papo com Tim Polecat, antes do show. Vem conferir:
Universo Retrô – Vocês tocam neste sábado no Viva Las Vegas Rockabilly Weekend. Qual é a sua expectativa para o show?
Tim Polecat – Eu acredito que vai ser um festival incrível, que vai ficar na história por seu line-up. Esta será a primeira vez que os Polecats e Brian Setzer se apresentam no mesmo palco e também a primeira vez que a nossa formação clássica faz um show nos Estados Unidos em 15 anos. Além disso, teremos a oportunidade de tocar com os Jets, que muitas pessoas podem esquecer, mas também tiveram muitos hits nos anos 80.
Universo Retrô – O que você acha que faz do Viva Las Vegas este enorme sucesso que atinge 20 anos em 2017? Quantas vezes você já se apresentou no festival?
Tim Polecat – Os Polecats até agora só haviam tocado uma vez no Viva (não incluindo a minha participação como convidado na Lanark Records). No entanto, eu já fui ao evento várias vezes. No começo, acredito que o conceito do VLV era atender aos “autênticos” fãs de Rockabilly, mas, com o passar do tempo, foi crescendo, e mais bandas conhecidas no mainstream tiveram a chance de se apresentar por lá.
Universo Retrô – Você costuma se apresentar bastante nos Estados Unidos e na Europa. Não planeja uma turnê na América Latina?
Tim Polecat – Eu adoraria conhecer o Brasil e me apresentar por aí, tanto solo como com os Polecats. Não é muito longe para mim, já que moro na Califórnia! Tudo que seria necessário é alguém para nos convidar para tocar.
Universo Retrô – De tudo o que você fez, qual é a sua melhor lembrança ao longo desses quase 40 anos de estrada?
Tim Polecat – Há tantas boas memórias que é muito difícil de destacar algo específico. Mas, algo que ficou na minha mente, é um show que fizemos com o Matchbox na Music Machine em Londres. Aquela foi a primeira vez que vestimos rosa e preto, a primeira vez que usamos o baixo rosa e eu estava autorizado a cantar a maior parte do set pulando como um louco.
Universo Retrô – Você diz nas letras de Rockabilly Guy que você nunca vai mudar seu estilo. É verdade? Você sente que você será um velhinho tocando rockabilly com seu estilo e energia singular?
Tim Polecat – Eu tenho 53 anos, ou seja, já sou considerado por muitos padrões como um homem velho e, mesmo assim, acredito que ainda me apresento energicamente no palco e espero continuar fazendo isso, desde que eu tenha condições. Eu nunca mudei o meu estilo; o estilo, claro, sempre livre para combinar a outros elementos interessantes do Rockabilly. Lembrando que foi o Phil, baixista do Polecats, que realmente compôs a letra de Rockabilly Guy.
Universo Retrô – Quem te inspira? Conte-nos sobre o seu grande ídolo.
Tim Polecat – Todos eles são meus ídolos! Toda garotada da década de 50 que ouviu ao som de Elvis Presley e gravou sua própria interpretação do Rock ‘n Roll, não importa o quão primitivo era!
Universo Retrô – Você emplacou um hit com uma versão de um som do David Bowie, a canção “John, I’m Only Dancing”. O que você sentiu quando soube sobre a morte dele? Bowie foi uma grande influência para os Polecats?
Tim Polecat – Fiquei devastado quando soube sobre a morte de David Bowie. Na minha opinião, ele foi o mais talentoso cantor britânico de todos os tempos. Eu ouvi pela primeira vez pelo Darryl Higham que o Bowie, não apenas tinha ouvido nossa versão de “John, I’m Only Dancing”, como havia amado! Eu me senti muito orgulhoso.
Universo Retrô – Os Polecats tocavam rockabilly com um toque de punk e, assim, ajudaram a reviver o gênero para uma nova geração, bem como as bandas de Neo-Rockabilly na década de 80. Agora, há um monte de novas bandas que investem na música tradicional dos anos 50. Porque você acha que essas coisas acontecem? O público na década de 80 clamava por um som mais rebelde do que hoje em dia?
Tim Polecat – Eu amo a música dos anos 50… mas aquela que foi realmente feita na década de 1950! Acredito que sempre que um músico tenta clonar um estilo de uma época passada não se torna algo autêntico; é retro e, por definição, artificial. Há um monte de artistas que tocam algo que se parece com o autêntico rockabilly dos anos 50, que eu amo, mas esses exemplos são apenas grandes porque tocam com o coração.
Universo Retrô – Os seus álbuns na década de 1980 estavam cheios de cores, bem como a maioria dos artistas nesse período. Você acha que perdeu-se a magia dos anos 80 ao passar do tempo? Quais são as principais diferenças que você vê entre os tempos passados e hoje?
Tim Polecat – É muito fácil de fazer música na era moderna, cada laptop tem um estúdio de gravação pessoal, que é muito mais avançado do que qualquer coisa usada por Elvis ou os Beatles. Tudo que você precisa fazer é ir no eBay e, por lá, encontra qualquer instrumento musical ou registro raro para venda. Se houver uma música que você quer ouvir, é quase certo que no YouTube vai encontrar. Já não há uma “caça” e, por isso, as pessoas de hoje tornaram-se muito mais mimadas e complacentes do que naquela época. Eu estou esperando uma nova mágica chegar.
Universo Retrô – Além de músico, você é designer e trabalhou com a produção vídeo clipes de lendas da música. Você ainda trabalha com isso?
Tim Polecat – Eu ainda trabalho com filmes e projetos de TV, mas já não faço mais vídeo clipes. Trabalhei em cerca de 200 vídeos ao longo de um período de 15 anos e conheci muitas pessoas famosas, como Alice Cooper, Ozzy Osborne, Prince e BB King. Com certeza há material suficiente para um livro!
Universo Retrô – E em relação à banda 13 Cats, com Danny B. Harvey e Slim Jim Phantom, vocês ainda planejam se reunir?
Tim Polecat – A última apresentação do 13 Cats foi num show na Califórnia em 2011. Não temos mais planos no momento. Quando eu me apresento sozinho, toco muitas músicas dos 13 Cats, assim como dos Polecats com as canções mais conhecidas.
Universo Retrô – Depois de ser trilha do filme Walle, a música “Make a circle with me” se tornou um grande sucesso mundial. Em algumas entrevistas você disse que você nunca foram consultados sobre isso. Como realmente aconteceu?
Tim Polecat – Quando uma música é propriedade de uma grande gravadora (neste caso EMI), eles têm o direito de fazer o que quiserem com a canção. Eu ouvi dizer que eles teriam de consultar o compositor, mas eu acho que este é apenas o caso se você é um megastar. Nunca nos consultaram.
Universo Retrô – Nos fale um pouco sobre o futuro. Você está planejando continuar a tocar com The Polecats? 13 Cats? Algum novo álbum?
Tim Polecat – No momento os Polecats estão tocando em muitos shows ao redor do mundo e estamos, inclusive, planejando mais algumas apresentações solo. Para a gravação temos falado sobre um novo LP dos Polecats e estou sempre gravando material sozinho, no entanto talvez haja algumas coisas novas num futuro próximo.
Universo Retrô – Deixe uma mensagem para os fãs brasileiros.
Tim Polecat – Tudo o que posso dizer é: Eu quero ir para o Brasil!