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Cem anos de Garoto: O paulistano que influenciou Chico Buarque e Vinicius de Moraes

11 de julho de 2015, por Jane Galaxie
Música
Garoto, o Gênio das Cordas

Entre os dias 23 e 26 de julho, a Caixa Cultural São Paulo recebe o projeto Cem Anos que ocupará o espaço com um panorama da produção musical do compositor e violonista paulistano Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto (1915-1955), um dos principais instrumentistas brasileiros, que influenciou gerações de músicos, como Chico Buarque e Vinicius de Moraes.

Ao todo serão realizadas quatro apresentações gratuitas com alguns dos maiores talentos do violão brasileiro e que vêm chamando atenção na cena musical atualmente. Com direção musical de Gabriel Azevedo, o projeto é o encontro de harmonias e melodias que fizeram de Garoto um dos grandes nomes da música popular e instrumental brasileira.

Quatro dos maiores talentos do violão desta geração, Daniel Montes, Marcel Powell, Rafael Mallmith e Zé Paulo Becker foram convidados para prestar essa homenagem. No dia 23, Daniel Montes, integrante e arranjador do grupo Casuarina e o acordeonista Rodrigo Marchevsky iniciam a programação, seguidos, no dia 24, por Rafael Mallmith – que se apresenta acompanhado pelo bandolinista Luiz Barcelos.

No sábado, 25, Marcel Powell será a atração da noite e o duo Zé Paulo Becker e Cainã Cavalcante encerra o projeto no domingo, 26. Além dos números instrumentais, as canções que Garoto deixou como herança serão apresentadas pelos vocalistas João Cavalcanti e Gabriel Azevedo, ambos do grupo Casuarina, abrilhantando ainda mais a série de espetáculos.

Desde a sua morte precoce, aos 39 anos, em 3 de maio de 1955, Garoto vem exercendo grande influência sobre várias gerações de músicos brasileiros, particularmente sobre os violonistas. Criador de melodias modernas e harmonizações extremamente sofisticadas, é considerado um dos precursores da Bossa Nova, tendo chegado a conviver com fundadores do movimento como Carlos Lyra, Tom Jobim e Johnny Alf, dentre outros.

Para Gabriel Azevedo, diretor musical do projeto, a importância do homenageado para a música brasileira vai além: “Garoto não só foi um multi-instrumentista fantástico, mas também um compositor de melodias maravilhosas. Foi além disso. Fundou uma “escola” de violão, definiu rumos e rompeu barreiras, dando um norte pra todos aqueles que vieram depois dele. Por isso deve ser alçado ao andar dos grandes mestres, daqueles que não somente dominam as harmonias e melodias, mas que iniciam algo inédito e que mudam os paradigmas”, afirma.

Garoto e seus instrumentos

Garoto e seus instrumentos (Foto: Reprodução)

O garoto prodígio

Filho de imigrantes portugueses, Aníbal revelou gosto pela música desde cedo. Aos 11 anos, já tocava em bandas e em conjuntos. O talento precoce lhe rendeu os apelidos de “Moleque do banjo”, “Garoto do banjo”, e, por fim, ficou somente “Garoto”. Aos 15 anos, já tinha gravado o seu primeiro disco e passou a excursionar pelo interior paulista profissionalmente. Nessa mesma época, começa a tocar em rádios de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde trabalharia por toda a sua carreira.

Na Rádio Nacional do Rio, por exemplo, teve uma fecunda parceria com o maestro Radamés Gnattali, que dirigia uma das orquestras da emissora, com quem criou arranjos e acompanhou grandes nomes da Era do Rádio, como Orlando Silva, Dorival Caymmi e Ary Barroso dentre outros.

Garoto com Carmem Miranda e banda

Garoto com Carmem Miranda e conjunto Bando de Lua (Foto: Reprodução)

Apresentou-se com grande sucesso na Argentina e atuou com Carmen Miranda, nos Estados Unidos, integrando o conjunto Bando da Lua. Retornou ao Brasil em 1940, e nos quinze anos seguintes teve uma intensa carreira fazendo gravações, acompanhando músicos e apresentando-se nas rádios. Além do banjo e do violão – seu instrumento de referência – tocava com virtuosismo outros instrumentos de corda como o violoncelo, cavaquinho e o bandolim.

Garoto faleceu em 1955, de ataque cardíaco, quando se preparava para realizar uma excursão à Europa. Dentre suas belíssimas composições, destacam-se “Amoroso”, em parceria com Luis Bittencourt, “Estranho Amor”, com David Nasser, “Duas Contas”, “Lamentos no Morro” e “Gente Humilde”, que posteriormente receberia letra de Vinícius e Chico, e posteriormente interpretação de Ângela Maria.

SERVIÇO

Música: “100 anos de Garoto”
Temporada: de 23 a 26 de julho de 2015 (quinta-feira a domingo)
Horário: 19h15
Local: CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo/SP
Entrada: franca a partir das 12h do dia do evento (limitado a um par por pessoa)

Programação

23 de julho | quinta-feira |19h15 Daniel Montes e Rodrigo Marchevsky
24 de julho | sexta-feira| 19h15 Rafael Mallmith e Luiz Barcelos
25 de julho | sábado | 19h15 Marcel Powell
26 de julho | domingo | 19h15 Zé Paulo Becker & Cainã Cavalcante

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