Confirmado: os Rolling Stones voltarão a se apresentar no Brasil. Após muitas especulações, a banda de Mick Jagger e Keith Richards confirmou quatro shows no país, nos dias 20 de fevereiro de 2016, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro; 24 e 27, no Estádio do Morumbi, em São Paulo e, por fim, em 2 de março, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. A informação foi confirmada pela produtora Time For Fun, nesta quinta-feira, 5 de novembro. Os ingressos começam a ser vendidos em 9 de novembro.
A notícia mexeu com o coração dos fãs latinos do grupo – lembrando que a turnê sul-americana começa no dia 3 de fevereiro em Santiago, no Chile. Afinal, muito se falou sobre a possibilidade do fim da banda, após seu aniversário de 50 anos, em 2012, e achava-se que Copacabana tivesse sido a última oportunidade de vê-los por aqui, em 2006 – há 9 anos. Mas, desde então, seus integrantes vêm se reunindo constantemente para apresentações e novos projetos, e a possibilidade de shows na América do Sul aumentando.
Veja uma das últimas apresentações da banda, em Kansas City, Estados Unidos:
A maior banda de todos os tempos
53 anos de banda, 53 anos de história, 53 anos de estrada. Para quem não conhece a história dos britânicos, é interessante saber que, talvez, o destino seja o maior responsável pela existência de uma das melhores e mais duradouras bandas de rock de todos os tempos. Digo destino, pois, se o garoto Keith Richards tivesse embarcado em outro trem, no dia 17 de outubro de 1961, na estação de Dartford, subúrbio da Inglaterra, talvez não tivesse acontecido o papo que lhe renderia a melhor parceria musical da história: The Rolling Stones.
Com, então, 17 anos, Keith deparou-se naquele dia com o ex-colega de escola, Mick Jagger, de 18 anos, que carregava alguns discos na mão no caminho para casa. Diferente de Jagger, que vinha de uma situação financeira razoável, Richards não tinha condições de comprar os tão sonhados álbuns de blues. Assim, a primeira intenção do garoto, ao se aproximar do colega, foi mesmo os discos – puro interesse. Mas, esses não eram simples álbuns.
Em pleno fervor do rockabilly/rock ‘n roll de Elvis Presley, na década de 1960, no Reino Unido, os garotos queriam mesmo ouvir o blues dos anos 1940 e 1950; a raiz de tudo. Ou seja, o mais interessante nessa história toda é que eles foram buscar, na fonte, as referências do rei do rock ao invés de se inspirarem no próprio Elvis, como a maioria das bandas da época fez – The Beatles, por exemplo.
Ao dividirem a paixão pelo blues, os dois encontraram, na parceria entre guitarra (Keith) e voz (Mick), a perfeita sintonia musical, que ultrapassaria meio século de duração e renderia também incríveis composições. Os Glimmer Twins (Gêmeos Deslumbrantes), como ficaram conhecidos a partir de 1974, na produção do álbum It’s Only Rock ‘n’ Roll, além de parceiros musicais, se tornaram grandes amigos; unha e carne; irmãos, até que um livro os separasse (biografia Vida, de Keith Richards – mas esse tópico não é necessário neste dia comemorativo).
Dois anos depois, em 7 de abril de 1962, os dois amigos vão assistir ao show da banda Blues Incorporated e acabam conhecendo o guitarrista Brian Jones e o baterista Charlie Watts. Assim como Mick e Keith, Brian também dividia o interesse por blues e queria formar uma banda. Já a praia de Watts era outra. O baterista gostava mesmo de jazz (o que acabou sendo um dos maiores diferenciais dos Rolling Stones – a suavidade da bateria até nas canções com uma pegada mais agressiva).
Da música Rolling Stone, do bluesman americano Muddy Waters – quem eles resgatariam mais tarde em uma turnê – surgiu a inspiração para a formação de uma banda homônima, em 25 de maio de 1962. E, para o primeiro show oficial dos novatos “The Rolling Stones”, no Marquee Club em Londres, em julho do mesmo ano, juntaram-se ao trio o pianista Ian Stewart, o baixista Dick Taylor (logo substituído por Bill Wyman) e o baterista Mick Avory (enquanto Watts não aceitava o convite).
Aconteciam, assim, os primeiros acordes públicos de uma futura febre mundial que ultrapassaria gerações e chegaria, inclusive, ao Brasil. Durante esse meio século de existência, diferentes integrantes passaram pela banda, mas nada se compara ao troca-troca de guitarristas. Afastado do grupo por conta de desentendimentos (Keith Richards se envolveu com a mulher de Brian, Anita Pallenberg), Brian Jones foi encontrado, no mês seguinte, morto na piscina de sua casa, em 1969. Pouco antes, o músico havia sido substituído por Mick Taylor, que, posteriormente, também seria substituído por Ron Wood, o atual parceiro de Keith Richards nas guitarras.
Desde a chegada de Ron, em 1974, os britânicos alinharam de uma vez por todas a parceria musical, que, mesmo com brigas constantes, parece que não vai se desfazer tão cedo. Juntos há 41 anos, os quatro – Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts – chegam a 2015 com um gás de dar inveja para outros senhores acima de 60 anos. Vira e mexe desenvolvem um projeto solo ou parcerias com outros músicos, mas preferem não tocar muito no assunto “fim dos Stones” – graças ao Santo Deus do Rock.
Em 2006, há 9 anos, os Rolling Stones vieram ao Brasil para a apresentação gratuita da turnê A Bigger Bang. O show foi realizado nas areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para um público estimado em 1,5 milhão de pessoas. Na ocasião, os integrantes do grupo já haviam passado dos 60 anos de idade, mas isso não impediu que o show ficasse marcado como um dos maiores concertos de rock, a céu aberto, da história da música.
Além de terem atingido a incrível marca de mais de 200 milhões de álbuns vendidos no mundo inteiro em mais de 50 anos de carreira, é absurda a quantidade de material lançado por eles nesse tempo todo e o número de apresentações ao vivo. Realmente, os Rolling Stones são mais do que dignos de homenagens. Verdadeiros dinossauros do rock, eles ultrapassaram gerações e continuam atuais, sem perder a sua verdadeira essência.
Enquanto esperamos a venda dos ingressos, vamos curtir os sucessos da banda e desejar vida longa aos Rolling Stones!