Todos adoramos um bom filme e há algum tempo pode-se notar uma melhora nas produções nacionais – que abordam em sua maioria a realidade vivida em nosso país, entre diversos temas. O cinema brasileiro existe há mais de 100 anos e nesse tempo conseguiu consolidar uma forte indústria que movimenta as salas por todo o país. E mesmo ainda engatinhando no cenário internacional, já conseguiu conquistar admiradores além de suas fronteiras.
O primeiro filme foi exibido no Rio de Janeiro, no ano de 1896. A película escolhida chamava-se “Saída dos trabalhadores da Fábrica Lumiére” e apenas a grande elite carioca participou do evento, já que os ingressos não eram nada acessíveis economicamente naquela época. Já o primeiro filme produzido dentro do Brasil foi rodado em 1897, e intitulava-se “Vista da baia de Guanabara”, sendo filmado pelo italiano Affonso Segretto – um dos percursores do cinema no Brasil.
Os anos que se seguiram a primeira exibição e produção foram de estruturação. A partir de 1908, as salas de cinema começaram a se espalhar e a criação de filmes passou a se multiplicar em poucos anos. Adaptações literárias eram feitas e chegou a ser criado o “cinejornal”, onde eram produzidas filmagens em formatos jornalísticos. Os ingressos ainda não eram baratos, mas com o passar dos anos tornou-se mais acessível, podendo ser comprados pelas classes mais baixas da sociedade.
Influência norte-americana
Empresários norte-americanos chegam ao Brasil para ficar. São criadas salas de cinema onde apenas produções internacionais são exibidas, o que acaba enfraquecendo radicalmente a indústria cinematográfica brasileira. É a partir dessa fraqueza que estrelas de hollywood caem no gosto popular, e em 1930, através de acordos comerciais, os filmes norte-americanos passam a entrar no Brasil livre de taxas alfandegárias.
Com pouco apoio e sem conseguir acertar o formato ideal para serem bem sucedidos, os números passam a ser decepcionantes para os cineastas locais: em 1942, de 409 filmes lançados no país, apenas 1 tem origem brasileira. Uma catástrofe e o medo nessa época era que nossas produções locais caíssem no esquecimento. Até 1960, o cinema brasileiro criou poucos filmes de sucesso e a maioria de suas produções estava destinada à falência. Era um período onde o mercado internacional reinava nas grandes telas.
A reviravolta
Após décadas tentando acertar a fórmula certa para as produções nacionais voltarem a lotar salas de cinema, a esperança surgiu com a criação da Atlântida cinematográfica e de seu associado, Luiz Severiano Ribeiro – que fornecia a exibição das produções criadas.
Foi através de comédias musicais com temáticas sobre o carnaval que o público passou a assistir novamente os filmes brasileiros. Outras produtoras brasileiras como a Cinédia adotaram o modelo de criação – o que resultou no sucesso de bilheteria, algo que não se via a muito tempo. O cinema nacional estava no caminho certo.
Pouco tempo depois as histórias vão mudando novamente o formato e passamos a ver nas telas enredos envolvendo sátiras de dramas americanos que já foram sucessos. As produções caem novamente no gosto popular e logo o formato fica conhecido como “chanchada”. Alguns anos depois o gênero se reformula e além das doses de humor podemos encontrar cenas eróticas, por isso, ele fica conhecido como “pornochanchada”.
A conquista do mercado nos anos 70
Após muito lutar contra o mercado cinematográfico internacional que se instalou no Brasil, os produtores nacionais passaram a entender que o importante era que suas produções fossem assistidas pela população local. Surge, então, a palavra de ordem: “Mercado é cultura”. Graças à união da tríade Embrafilme (nova produtora de filmes), Pornochanchada (que criava produções baratas) e ao Star-system (que surgiu a partir da televisão), foi possível que o cinema nacional crescesse.
Os grandes sucessos da época são conhecidos e regravados até os dias atuais: Dona Flor e seus dois maridos, Xica da Silva, e os filmes dos trapalhões chegaram a milhões de espectadores, ultrapassando recordes que antes eram ocupados por filmes de Hollywood. Mas, mesmo após conquistar uma fatia do mercado, o caminho dos filmes produzidos dentro do país ainda é cheio de pedras.
É complicado concorrer com uma indústria cinematográfica rica como a norte-americana. Falta estímulos a cultura nacional, porem, nem mesmo assim cineastas deixam de criar seus filmes. Festivais de cinema – como o de Gramado – foram criados pelo país para manter acesso o estímulo a produção de filmes locais. A força do cinema nacional ainda está viva.