No próximo sábado (21), a marca de roupas retrô All Right, Mama By Belanízia irá lançar sua nova coleção Army na Sputinik Party, festa retrô da capital paulista que traz uma edição especial do Big River Festival Brasil. Considerado um dos mais importantes eventos de rockabilly do país, o festival acontece no Bar da Avareza, na Rua Augusta, em São Paulo.
A coleção é inspirada nos trajes que homens e mulheres usaram durante a Segunda Guerra Mundial – conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo, mesmo período em que houve a popularização das pin-ups.
Na linha masculina, foi utilizado Brim Leve e Cambraia Resinada, tecidos mais resistentes e que rementem aos uniformes dos militares, porém, em uma versão mais casual. Já para as peças femininas, além desses tecidos, foi usado sarja acetinada e linho. Alguns dos ornamentos desta linha são mais rústicos, como botões em ouro velho e os patches (usados para diferenciar as patentes dos militares), que dão charme e estilo às peças.
A nova coleção é composta por diversas peças inspiradas na época, que podem ser combinadas formando uma série de looks diferentes. Naquele tempo, os conjuntos, cuja as peças podiam ser combinadas entre si, eram muito usados, permitindo que as mulheres pudessem misturar e criar novos modelos. Desta forma, existiam muito mais possibilidades de combinação no guarda-roupa, poupando matéria prima que estava escassa.
“A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do ‘sportswear’ americano. Com isso, o ‘ready-to-wear’, depois chamado de “prêt-à-porter” pelos franceses, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir”, afirma Patrícia Grossi, co-fundadora da marca.
Outra peça da coleção é a calça de alfaiataria em linho, que durante a Segunda Guerra Mundial, nos anos 40, foi muito usada pelas mulheres, que substituíram o trabalho dos homens nas fábricas no chamado “esforço de guerra”. Por causa do racionamento da roupas, muitas mulheres tomaram as roupas de seus maridos civis, incluídas as calças, para trabalhar, enquanto seus os homens estavam ausentes nas forças armadas.
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito que teve a participação de homens e mulheres. Elas ocuparam funções que antes eram consideradas masculinas, como engenheiras, supervisoras de produção e motoristas de caminhão, por exemplo, e também se alistaram nas forças armadas.
COMO TUDO COMEÇOU, POR PATRÍCIA MARIA GROSSI
“Aproveitando o tema e a força que a mulher obteve durante a Guerra e até hoje luta pelo seu espaço, queremos contar um pouquinho aqui sobre a história de uma mulher batalhadora que lutou e ainda luta muito para conquistar seu espaço, a dona da All Right, Mama By Belanízia: Marta Maria da Silva, que traz essa força a cada dia para a marca com sua garra e perseverança.
Marta nasceu em uma família humilde no interior do Paraná, numa cidadezinha chamada Siqueira Campos. Ela sempre teve gosto pela costura e seu primeiro vestido foi ela mesma quem fez com a ajuda de sua mãe, Davídia, aos dez anos de idade. E foi com essa idade que começou a trabalhar com uma família vizinha que a ajudava nos estudos, Dona Laureth, que tinha somente filhos homens. Ela ajudava Marta dando aula particular todas as noites, pois tinha acabado de se mudar do sítio para a cidade e estava atrasada da escola.
Dona Laureth fazia também alguns vestidos para Marta com as camisas velhas do seu marido, Júlio. Ela lembra-se carinhosamente de um gracioso vestido evasê amarelinho com bolinhas brancas e do seu primeiro pijama que ganhou. Para compensar os cuidados, a pequenina fazia trabalhos domésticos e lavava louça com o auxílio de um caixote, pois ainda não tinha altura suficiente para alcançar a pia.
Ainda criança deixou a casa dos seus pais e mudou-se com essa outra família para a Cidade de Ponta Grossa – PR, onde estudava em um bom colégio, mas ela não aguentou de saudade de sua mãe, chegando a desmaiar, pois não conseguia verbalizar nem expressar seu sofrimento. Então, resolveu voltar para sua casa em Siqueira Campos.
Depois de um tempo, por volta dos doze anos de idade ela foi para Curitiba para ajudar a mãe da Dona Laureth, a vó Tereza. Neste período ela sofreu poucas e boas nas mãos desta senhora que a fazia comer almeirão e tomar chá, pois dizia que ela estava gorda, além de fazer Marta capinar o quintal com uma tesoura enorme que machucava suas mãos e as costas.
Com a ajuda de um dos filhos da Dona Laureth, João Carlos, Marta voltou para Siqueira Campos. Às vezes, João Carlos dava dinheiro escondido para Marta comprar lanche no colégio. Mais tarde se mudou para Maringá (PR), entre idas e vindas, para concluir o segundo Segundo Grau.
Nesta fase da adolescência, ela morava com o irmão de sua mãe, Joaquim, em Maringá. Seus pais (Davívia e Aurídio), ainda em Siqueira Campos, resolveram se mudar para a mesma cidade, levando seus outros 6 filhos ainda crianças, para tentar uma vida melhor junto de sua filha. Marta ajudava nas despesas de casa dando todo seu salário que ganhava como operadora de caixa de supermercado para comprar comida.
Entre um trabalho e outro, Marta se esforçou e passou em um concurso público para trabalhar na Universidade Estadual de Maringá. Nesta época, já havia se casado, aos 21 anos, com Edivalter Grossi e tiveram sua primeira filha, Ligia.
Depois de um tempo, conseguiu um cargo na Secretaria de Cultura, onde ficou por muitos anos envolvida com cultura e arte, umas de suas paixões, além da costura que era um extra e um hobby. Até calcinha de algodão ela fazia para vender, pois a renda da família era pouca, mas mesmo assim não deixava de confeccionar lindas roupas para suas filhas.
Ela conseguiu criar sua primeira filha cursando a faculdade de Pedagogia e trabalhando na Prefeitura em período integral. Depois, teve sua segunda filha, Patricia (eu), em 1987, e ainda fez Pós-Graduação em Ciências Sociais enquanto cuidava de suas duas crianças pequenas. Marta ouviu de muita gente para largar tudo e cuidar das filhas em casa, mas ela não desistiu, continuou lutando pelos seus ideais. Hoje, suas filhas, família, amigos e seus queridos clientes sentem orgulho por suas batalhas vencidas.
Ela ainda luta pelas suas conquistas, pois é uma guerreira. Olha para a sua história e enxerga que todo seu sofrimento serviu de aprendizado e é grata por tudo o que passou e por todas as pessoas que fizeram e fazem parte da sua vida. Sente muito orgulho e satisfação pelo crescimento da marca All Right, Mama by Belanízia, nome que homenageia sua avó que faleceu quando Davídia, sua filha, tinha um ano e cinco meses de idade.
“Entre mortos e feridos estamos vivos, vivendo bem e lutando sempre, pois a vida é uma eterna batalha!”
CRÉDITOS
All Right Mama, by Belanizia
Produção: Patricia Maria Grossi
Fotografia: Lívia Lamana e Thiaho Amelotti Portela
Modelos: Isabela Mantovani, Lívia Lamana, Patrícia Maria Grossi e Victor Vega
Loja Física: Rua Augusta,1416. Na galeria Mais um Pouco de Tudo
Loja Virtual: www.allrightmama.com
Facebook: https://www.facebook.com/allrightmamamaria
Instagram: @allrightmamabelanizia