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Projeto Burla quer construir rede burlesca com apoio de dançarinas internacionais

9 de agosto de 2015, por Aurora D'Vine
Lifestyle

Quem escuta falar em Burlesco logo associa o nome à dançarina Dita Von Teese, e ao seu número extravagante dentro de uma taça de Martini. Como diz a velha expressão popular: “debaixo desse angú tem caroço”, para quem conhecia apenas a dama de cabelos negros e de silhueta esguia, começa a perceber que outras dançarinas despontam como queridinhas do mundo da burla e chegam até a alcançar o topo das mais conceituadas listas dos artistas que se dedicam a esse estilo de dança. Cada performance é um show à parte e Von Teese tornou-se uma grande referência por, na década de 1990, ter incluído seus shows em um circuito mainstream de luxo.

No Brasil, podemos dizer que o movimento neo-burlesque faz parte de uma cena que cresce a cada dia. Dentro deste cenário, temos profissionais que já performam há mais de 10 anos e outros que iniciaram atividade recente, mas que tem divulgado trabalho de excelência, com reconhecimento nacional e internacional. Estes dançarinos encontram-se espalhados pelos quatro cantos do país, sendo que alguns já se conhecem e compartilham experiências. Assim como existem diversas tribos no mundo, podemos dizer que o Burlesco seja mais uma na visão da dançarina e diretora geral do projeto “Burla: divergências, contrastes e outros carnavais”, Giorgia Conceição, mais conhecida como Miss G.

Miss G

A dançarina burlesca Miss G (Foto: Divulgação)

É com o ideal, do Burlesco se conectar com todos os seus intérpretes, que Miss G deu início ao Burla – projeto selecionado, entre outros 15 mil, pelo Rumos Itaú Cultural 2013/2014. Na atual fase em que se encontra, a iniciativa trará para o Brasil duas grandes dançarinas americanas, Dirty Martini & Julie Atlas Muz que, também, participam da estrutura do projeto.

Parte das atividades consiste em intercâmbio cultural, entre Brasil e Estados Unidos. Giorgia esteve, recentemente, em Nova Iorque e agora está intermediando a vinda das artistas, que já tem data e local certo para estreia em grande estilo. Trata-se do espetáculo “Carne de Segunda – Burlesque Meat Show” que, além de reunir essas três artistas, contará com a participação de Aretha Sadick e DJ Machintal.

A pré-estreia da produção será dia 18 de agosto, no Teatro Rival Petrobrás, Rio de Janeiro. As apresentações seguem para São Paulo, e acontecem dos dias 21 a 23 de agosto, no Instituto Itaú Cultural. Conforme explicou Giorgia, o nome criado para o espetáculo tem a ver com a maneira como, muitas vezes, a mídia impõe à mulher padrões de beleza e comportamento. “A gente sabe que uma carne de segunda bem preparada é melhor que uma carne de primeira. Podemos inventar a nossa própria história, sem que estejamos vinculados a padrões para sermos felizes”, ressaltou a artista.

Carne de Segunda

Da esq. para dir. Julie Atlas Muz, Miss G e Dirty Martini posando para o teaser do espetáculo “Carne de Segunda” (Foto: Divulgação)

Entre lá e cá

Em Nova Iorque, Miss G, Dirty e Julie deram início a toda parte de organização da agenda que seria desenvolvida no Brasil. Ensaiaram os números, incorporaram novas ideias e visitaram lojas de artigos para compor o figurino. Entre os momentos marcantes deste intercâmbio, está número apresentado na tradicional casa de shows “The Slipper Room”, com performance que reuniu, no mesmo palco, a dupla Miss G e Julie – com direito a Bis no Brasil.

Após o espetáculo, o projeto continua a todo vapor, já que está sendo produzido longa metragem “Burla”, dirigido por Mariana Bley, que tem previsão de lançamento no primeiro semestre de 2016. O início das gravações ocorreu em hotel de São Paulo, no ano passado, quando Giorgia reuniu artistas burlescos para saber a opinião de cada um sobre a cena e de que forma seria possível construir essa rede.

As novidades não param por aí: Miss G volta para São Paulo nos dias 10 e 11 de setembro para workshop sobre Burlesco, no Itaú Cultural. Haverá, ainda, lançamento do site Burlesque Brasil. Outra iniciativa bastante interessante, parte integrante do projeto Burla, foi a organização de um festival chamado “Yes, Nós Temos Burlesco”, que aconteceu em abril deste ano, no Teatro Cacilda Becker, Rio de Janeiro. O evento ganhou apoio do Itaú Cultural e foi idealizado em parceria com a dançarina burlesca Isabel Chavarri.

Show Carne de Segunda

Artista explicou que o nome “Carne de Segunda” foi pautado na crítica aos padrões de beleza e comportamentais ditados pela mídia (Foto: Divulgação)

Rumos Burlescos

Para Giorgia foi uma boa surpresa ter recebido aval da banca examinadora do Rumos para um projeto que fala sobre a arte da burla – feito inédito no Brasil. Miss G conheceu Julie em um workshop no Rio de Janeiro e, desde então, a artista incentiva a dançarina brasileira a movimentar a cena por aqui. Julie se juntou ao projeto e, mais recentemente, indicou Dirty Martini.

“Para mim a Dirty era uma pessoa inacessível no sentido de que ela é um ídolo e eu nunca tinha pensado em trazê-la para trabalhar comigo”, explicou Giorgia. Fugindo um pouco do círculo artístico, a diretora geral do projeto mantém uma grande equipe de profissionais, entre câmeras, fotógrafos, jornalistas trabalhando pelo projeto Burla.

Para Miss G, o projeto dialoga com a cultura brasileira e a maneira como nos relacionamos com o que vem de fora. “Acredito que a burla seja muito antropofágica. O projeto tem uma importância não só para quem é da dança, mas a um público amplo e popular. Iniciativa que abre leque de possibilidade aos artistas burlescos, para que possamos pensar em circular e colocar o Brasil no panorama internacional da arte performática”, afirmou.

Miss Dirty Martini

Dirty Martini, considerada a lenda viva do burlesco, faz parte do espetáculo “Strip Strip Hooray”, idealizado por Dita Von Teese (Foto: Reprodução)

Burlesco Brasileiro

Segundo Giorgia, a cena neo-burlesqueno Brasil teve início há pouco mais de 10 anos. Para a artista, o que difere o contexto brasileiro da realidade vista lá fora é o senso de comunidade por parte daqueles que estão dentro da arte burlesca. “O burlesco é mais do que um trabalho ou um tipo de teatro, tornou-se uma tribo”, observou.

Conforme ressaltou Miss G, falta espaço para que a arte burlesca possa decolar no Brasil – lugares que possam abrir portas para criar público cativo. Isso impede que o artista construa, em território nacional, carreira sólida, tornando o trabalho, muitas vezes, instável. “Não contamos no Brasil com um mercado burlesco. Por isso, temos que construir e já observo muitos entusiastas. Quando o projeto Burla terminar eu não tenho certeza do que vai acontecer. Mesmo assim, acredito no potencial que temos para sermos reconhecidos por nossa arte. Olhar para trás e perceber que conseguimos construir essa rede”, disse Miss G.

Giorgia

Com o projeto, Giorgia espera criar rede entre os artistas burlescos, para que o Brasil desponte no panorama internacional da arte performática (Foto: Divulgação)

Agenda Rio:
Evento:
Carne de Segunda – BurlesqueMeat Show
Data:
18 de agosto
Local:
Teatro Rival Petrobrás, rua Álvaro Alvim, nº 33, Cinelândia.
Horário:
19h30
Valor:
R$ 40 inteira e R$ 20 meia entrada
Ingressos limitados a venda na bilheteria do teatro ou pelo site ingresso.com

Agenda São Paulo:
Evento:
Carne de Segunda – BurlesqueMeat Show
Data:
De 21 a 23 de agosto
Local:
Instituto Itaú Cultural, Avenida Paulista, 149, Bela Vista – Centro.
Horário:
20h
Entrada
Franca

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