Uma personalidade que podia muito bem ganhar uma produção na Netflix, assim como a Madam C.J. Walker, que ganhou uma minissérie biográfica, é Shirley Chisholm, a primeira mulher negra a concorrer ao cargo na presidência da república nos EUA pelo Partido Democrata em 1972, muito pouco tempo depois dos negros conquistarem o direito ao voto e décadas antes de um homem negro ocupar a cadeira presencial pela primeira vez no país, portanto sua candidatura se tornou um desafio.
Passando por três ameaças de morte, Shirley lutou muito para ser levada a sério ao invés de ser vista apenas como uma figura política simbólica. Devido ao pouco apoio político por conta do preconceito, inclusive de seus colegas negros, ela não venceu as eleições. A visionária disse que não ficaria surpresa se nenhuma mulher ocupasse a presidência nos EUA nos próximos 20 ou 25 anos, até hoje o país não elegeu nenhuma mulher para presidente da república.
Shirley não foi só a primeira mulher negra a se candidatar para presidente como também foi a primeira mulher negra a ocupar um cargo no Congresso americano. Eleita deputada estadual, ela formou uma equipe composta totalmente por mulheres, metade delas negras, que trabalhava em prol da igualdade racial e de gênero, além de fornecer recursos para a população mais pobre do país.
Além da vida política, Shirley Chisholm também se dedicou a sua profissão como educadora. Formada em Artes pela Brooklyn College em 1946, ela trabalhou como diretora do Friends Day Nursery e da Hamilton-Madison Child Care, ambas as escolas localizadas em Nova York, durante a década de 50, e como consultora educacional na Division Day Care durante a primeira metade da década de 60.
Após as eleições de 1972, Chisholm deixou o Congresso e voltou para Nova York para dar continuidade a sua carreira como educadora, porém na universidade ao invés do maternal e jardim de infância. Nomeada para professora da cadeira de Purington no Mount Holyoke College, no bairro de Massachusetts, ela passou a dar aulas de política e sociologia durante a década de 80, focando em cursos que envolviam questões políticas, raciais e de gênero.
Mesmo voltando a sua carreira educacional, Chisholm continuou a se envolver com a política visitando vários grupos minoritários, apoiando Jesse Jackson nas campanhas presidenciais na década de 80, fundando, em 1990, junto com mais 15 mulheres afro-americanas, a African-American Women for Reproductive Freedom, e sendo nomeada Embaixadora da Jamaica nos EUA por Bill Clinton em 1993, apesar de não poder assumir o cargo por problemas de saúde.
Shirley Chisholm morreu na Flórida em 2005, aos 80 anos, vítima de vários acidentes vasculares cerebrais e foi enterrada no Forest Lawn Cemetery, em Nova York.