Parece mentira, mas a Semana de Arte Moderna já alcançou seu centenário. Assim como nós, a Prefeitura da Cidade de São Paulo também está pasma, mas ao mesmo tempo festiva, e decidiu comemorar este século de existência com uma mega programação, que dura 100 dias.
Batizado de Projeto 22+100, a celebração, que já havia começado no dia 22 de janeiro, conta com uma série de atividades culturais que vão até o dia 1 de maio. Além de comemorar o centenário, o objetivo do evento é, também, mostrar que não precisa ser um acadêmico ou intelectual para se alimentar da arte moderna e da cultura no geral, assim como era feito em 1922. Então, o evento abrirá espaço para a periferia paulistana expressar sua arte.
Claro que o Theatro Municipal não ficou de fora!
Uma das atrações destacadas é o que vai rolar no Theatro Municipal, que, aliás, foi sede da Semana de Arte Moderna em 1922. Entre os dias 10 e 17 de fevereiro, o local promoverá shows, saraus, expedições e muitas outras atividades com a presença de grupos ilustres para a cultura como a Orquestra Sinfônica Municipal, Coral Paulistano, Quarteto de Cordas e o Balé da Cidade.
Esta atração será aberta com a instalação artística Recostura, da ativista Chris Tigra, na fachada do Theatro, abordando sobre o negro brasileiro e a escravidão no século XVIII, e se encerrará com o Balé apresentando os números Muyrakitã e Isso Dá um Baile. A programação completa pode ser conferida no site oficial do Theatro.
Obras expostas no Museu de Arte de Rua
Em paralelo à programação do Theatro, o projeto também promoverá uma nova edição do Museu de Arte de Rua (MAR), com obras inéditas pintadas em vários prédios distribuídos pelos quatro cantos da cidade. São 22 releituras de 22 modernistas feitas em Graffitis, lambe-lambe e fotografias por artistas contemporâneos indígenas, negros e brancos.
Juntamente com essas obras, o MAR também exibirá 100 esculturas temporárias com grandes nomes do modernismo como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Estes monumentos estarão espalhados pela cidade, principalmente em áreas periféricas.
Muita música na Vila Itororó
Para quem ama a boemia paulistana, a Vila Itororó também fará parte do projeto que celebra o centenário da Semana de Arte Moderna. O centro cultural localizado no bairro do Bixiga será palco de atrações musicais com ritmos afro-brasileiros apresentadas por artistas não só da música como também das artes cênicas entre os dias 11 e 27 de fevereiro.
Quem abre essa atração é Andarilho Chá com suas músicas autorais “funkeadas” que satirizam assuntos sócio-estruturais. Em seguida, no dia 18, é a vez de Martte trazer o seu pop soul para o evento e de Raquel Tobias, no dia 25, trazendo sua roda de samba. A programação completa está no site oficial da Vila Itororó.
Lazer para todas as idades no Parque do Ibirapuera e encerramento no Vale do Anhangabaú
Claro que um evento de São Paulo com esse naipe não podia deixar um dos principais pontos turísticos de fora. O projeto também promoverá o Final de Semana no Parque do Ibirapuera, que, como já diz o nome, oferecerá várias opções de lazer dentro do parque por um fim de semana. Terá atividades para todas as faixas etárias, entre elas, a Semana de Arte Moderninha, para o público infantil, e a Bailões Modernistas, uma festa que celebra a cultura negra e indígena, além de uma roda de conversas modernistas dentro da Biblioteca.
E para fechar o evento com chave de ouro, no dia 1 de maio o Vale do Anhangabaú será palco de um show de encerramento. Mas os artistas que irão se apresentar ainda não foram divulgados e esta atração está sujeita a alterações por conta da pandemia.
Semana de Arte Moderna de 1922
A também chamada Semana de 22 aconteceu entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo. Foi um marco na história do país, pois o movimento modernista teve um impacto não só nas artes, como também na arquitetura, comportamento e estilo de vida das pessoas, gerando assim um novo movimento, o Modernismo.
Apoiado pelo então governador do estado de São Paulo, Washington Luís, e pelo advogado René Thiollier, que ajudou no patrocínio para trazer artistas do Rio de Janeiro, entre eles Plínio Salgado, o evento durou cinco dias e cada dia apresentou um aspecto cultural diferente – pintura, escultura, poesia, literatura e música. Nele foram apresentados novas ideias e conceitos artísticos, como a poesia através de declamação, que antes era apenas escrita, e uma arquitetura minimalista e arrojada, por exemplo.
Hoje vemos isso como uma revolução cultural, mas, assim como qualquer coisa inovadora, a Semana de Arte Moderna foi um choque ou subestimado pela sociedade e não teve seu devido reconhecimento na época. O forte conservadorismo daquela década levou os artistas participantes a serem retratados pela mídia como “subversores da arte”, “espíritos cretinos e débeis” ou então “futuristas endiabrados”.
Seu reconhecimento histórico foi conquistado aos poucos e, ao longo do século XX, o movimento modernista foi abrindo portas para outros movimentos importantes, como a Tropicália e a Bossa Nova.
Serviço
Projeto 22+100
Data: de 25 de janeiro a 1 de maio de 2022
Local: por vários pontos da cidade de São Paulo
Mais Informações: http://22mais100.prefeitura.sp.gov.br/
Evento gratuito
