Este ano não foi muito fácil para o mundo da música. Entre os nomes bem conhecidos do ramo que se foram recentemente (e incluímos Jô Soares por ter uma forte ligação com o jazz), está também a Gal Costa. A cantora faleceu na manhã deste dia 9, aos 77 anos, de causas ainda não divulgadas.
Ela foi um dos nomes que se destacaram no movimento da Tropicália e, mais tarde, continuou fazendo sucesso na MPB. Assim como o Brasil inteiro, nós do UR também estamos de luto e, portanto, vamos relembrar a trajetória da Gal.
A vida e carreira de Gal Costa
Início
Nascida em Salvador do ano de 1945, Gal Maria da Graça Costa Penna Burgos cresceu recebendo um forte incentivo de sua mãe para se tornar uma pessoa musical. Além da progenitora, ela também foi influenciada pelas músicas de João Gilberto, as quais ela costumava escutar em sua juventude no final dos anos 50.
Já como artista, ela estreou, em 1964, o espetáculo Nós, Por Exemplo…que também incluía Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé, entre outros e inaugurava o Teatro Vila Velha, em Salvador. No ano seguinte, ela foi expandir sua carreira se mudando para o Rio de Janeiro, onde começou a fazer gravações. Seu primeiro trabalho em estúdio foi a participação no disco de estreia da Maria Bethânia. Logo depois, lançou seu primeiro compacto, Eu Vim da Bahia/Sim, Foi Você.
Era da Tropicália e dos Festivais
Na segunda metade dos anos 60, em plena era dos festivais e uma nada plena era da Ditadura, Gal Costa começou a cantar na televisão. Em 1966 ela participou do I Festival Internacional da Canção com a música Minha Senhora e, em 1967, participou do III Festival de Música Popular Brasileira cantando Bom Dia e Dadá Maria em dueto com Sílvio César.
Ainda neste mesmo ano, Gal gravou seu primeiro LP Domingo, ao lado de Caetano Veloso, onde uma de suas faixas, Coração Vagabundo, fez bastante sucesso. Já em 1968, ela participou do álbum Tropicália ou Panis et Circenses tendo o clássico Baby como faixa, além de ter apresentado a música Divino Maravilhoso no IV Festival da Record.
Seu primeiro disco solo, Gal Costa, gravado em 1969, reúne todos os sucessos da cantora até então. Ainda no mesmo ano, gravou um segundo disco solo, Gal, com uma sonoridade mais psicodélica. Em 1971, ela reforçou sua participação no movimento da Tropicália lançando o álbum ao vivo Fa-Tal – Gal a Todo Vapor. Este disco foi um protesto contra o exílio de Caetano Veloso e Gilberto Gil, que estavam em Londres.
Uma Gal menos psicodélica, migrando para a MPB e voltada para as trilhas de novela
Em 1974, Gal Costa lançou o disco Cantar, álbum este que não foi bem recebido pelo seu público por ter uma sonoridade muito suave e que contrastava com sua imagem forte e rebelde vinda do tropicalismo. Entretanto, em 1975, fez sucesso ao gravar a música Modinha para Gabriela para servir como abertura da novela Gabriela, da Rede Globo.
Mas ela só se afastou oficialmente do repertório roqueiro e migrou para a MPB em 1979, quando lançou o álbum Gal Tropical, migração esta que seu público acostumou e manteve o sucesso em sua carreira. Já em 1980, a cantora lançou o disco Aquarela do Brasil, que reunia versões suas das músicas de Ary Barroso.
Em 1985, ela viu sua carreira se consolidar de vez com o disco Bem Bom, o mais vendido em toda a sua trajetória. Este disco inclui o famoso dueto com Tim Maia, Um Dia de Domingo, composto por Michael Sullivan e Paulo Massadas.
Nas últimas décadas
A partir da segunda metade dos anos 90, Gal Costa começou a lançar releituras de suas gravações antigas. Já em 2001, se tornou a única cantora brasileira a entrar no Hall of Fame do Carnegie Hall após participar do show 40 anos de Bossa Nova, que homenageava Tom Jobim.
A cantora permaneceu na ativa, gravando e realizando turnês, até este último mês de outubro, quando precisou se submeter a uma cirurgia para a retirada de um nódulo na fossa nasal direita. Recém completado 57 anos de carreira, Gal ainda tinha uma agenda para cumprir neste mês de novembro, que incluía a participação do festival Primavera Sound, em São Paulo, e uma turnê pela Europa.