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Anjo Mau: comparamos as duas versões da novela clássica da Globo

5 de novembro de 2022, por Leila Benedetti
Cinema & TV
Anjo Mau

Quando soubemos que a Globo ia lançar suas novelas mais antigas no catálogo da Globoplay, logo já imaginamos que a emissora se limitaria apenas aos seus folhetins do final dos anos 70 até os 2000. Mas os assinantes da plataforma foram positivamente surpreendidos, no final de outubro, com a chegada da primeira versão de Anjo Mau, de 1976. 

Apesar de pouco mencionada até a sua chegada no streaming, a novela de Cassiano Gabus Mendes, é uma das clássicas da emissora e, inclusive, ganhou um remake em 1997, no qual todos já conhecem. Assim como a primeira versão, esta segunda também fez sucesso e chegou a ser reprisada algumas vezes, portanto, vale a comparação entre as duas versões. Confira:

Anjo Mau de 76 x Anjo Mau de 97

Formato

As duas versões tiveram mais ou menos o mesmo número de capítulos, sendo que a primeira teve 175 e a segunda, dois a menos. E o interessante é que o formato da novela dos anos 70 é o mesmo que a Globo vem adotando desde 2016. Este formato conta com elenco reduzido, focado apenas no enredo principal, sem rodeios, e nos dá uma prévia do que vai acontecer no próximo capítulo. 

Dos anos 80 até o último capítulo de Êta Mundo Bom!, as novelas da emissora contavam com mais alguns pequenos enredos paralelos a do enredo principal, exigindo um elenco maior e, logo, mais personagens. Na versão de 1997, pudemos conferir não só a história da babá Nice (Glória Pires), como também a da costureira Goretti (Lilia Cabral) e sua dificuldade em lidar com a filha rebelde Simone (Samara Felippo) ou a da esnobe, porém falida, família Jordão, por exemplo. 

Além disso, o remake é colorido e a versão original é em preto e branco, tornando-a a primeira do tipo a ser lançada no Globoplay.

Anjo Mau
(Logotipos da novela em 1976 – esq.- e em 1997. | Foto: Reprodução/TV Globo)

Personagens

Apesar do elenco ser mais reduzido na primeira versão de Anjo Mau, alguns personagens desta trama foram descartados da versão de 97. Na original, Nice (Susana Vieira) tinha mais uma irmã caçula além de um irmão, já no remake, ela só tem um irmão, havia também uma vovó divertida na família Medeiros, que também foi descartada, e assim segue a lista. Agora sobre os personagens que apareceram apenas na segunda versão, podemos citar Bruno (Emilio Orciollo Neto), o irmão da Paula (Alessandra Negrini), o avô português de Lígia (Lavínia Vlasak), que na primeira versão se chamava Léa (Renée de Vielmond), entre outros. 

Por algum motivo, talvez para atualizar a trama de acordo com a época de lançamento do remake, alguns personagens tiveram seus nomes alterados. Além da Léa/Lígia, o marido da patroa Stela (Pepita Rodrigues), que se chamava Getúlio (Osmar Prado), passou a se chamar Tadeu (Daniel Dantas), o bebê que Nice cuida deixou de se chamar Edinho (Erick Gomes Barbosa) para se chamar Théo (Thiago e Bruno Guimarães), e assim vai. 

Outra curiosidade é que dois atores fizeram parte do elenco de ambas as versões – José Lewgoy, que na primeira versão foi Augusto, pai adotivo da Nice e motorista dos Medeiros, e o patriarca dos Medeiros Eduardo (na primeira versão chamado de Edmundo e interpretado por Francisco Moreno) na segunda, e Átila Iório, que viveu Onias/Josias, pai biológico da Nice, nas duas versões. 

Nice
(As duas versões da Nice, a primeira interpretada por Susana Vieira e a segunda, por Glória Pires. | Foto: Reprodução/TV Globo)

Os Finais (alerta de spoiler!)

Antes de começar o tópico dos finais de cada versão de Anjo Mau, fica o alerta de spoiler. Se não se importa, segue a matéria, mas, caso o contrário, recomendamos parar por aqui e acessar essa página bem interessante e cheia de conteúdo

Bem, na primeira versão, Onias, que aparenta ter se tornado um homem bom, morre de infarto nos braços da Nice e quase revela a real ligação que tem com ela. Logo depois, a protagonista consegue se casar com Rodrigo (José Wilker) e engravida. Mas o galã da novela acaba descobrindo as armadilhas da protagonista e se separa dela. Apesar de estar separada do marido, Nice tem o filho, mas as complicações no parto a levam à beira da morte. O casal faz as pazes com a Nice acamada no hospital, mas ela morre logo em seguida. 

Já para a segunda versão, Maria Adelaide Amaral, que se responsabilizou pela adaptação do remake, resolveu reescrever o final da Nice de forma que a personagem termine viva e com um final feliz. Esta alteração serviu para fazer justiça a favor da trama original, que ia dar o mesmo fim positivo para a protagonista. Mas o governo militar da época decretou que a personagem morresse, pois a censura da época não aceitava que o mal vencesse o bem.

Os finais de Anjo Mau
(Nice morre na primeira versão, enquanto que na segunda ela aparece viva e totalmente recuperada. | Foto: Reprodução/TV Globo)

Para começar, Josias continua sendo o vilão na trama e morre assassinado, no caso pela cozinheira dos Medeiros, que o matou por legítima defesa devido às ameaças que ela sofria por parte dele. Nice se casa com Rodrigo (Kadu Moliterno) e engravida, tal qual na outra versão. Há um momento no meio da novela em que eles se separam, mas a reconciliação já chega bem antes do fim da novela. 

Também neste remake, as complicações que ela tem durante o parto é por conta do nervoso que passou ao ser sequestrada por Paula, que está fora de si e cismada em separar a protagonista de Rodrigo. No leito de hospital, Nice se reconcilia com a mãe, recebe declarações românticas de seu marido e dá a entender que morreu logo ali. Mas surpreende os espectadores ao aparecer na mansão dos Medeiros com ares de quem voltou do shopping e com os familiares felizes a recebendo normalmente. 

E de bônus, a versão original da novela é homenageada com a Susana Vieira aparecendo como a nova babá da casa. Em termos de bastidores, esta participação foi um caso incomum dentro da Globo. Na época a atriz estava no elenco de Por Amor, da mesma emissora, e acabou aparecendo simultaneamente em duas novelas inéditas no mesmo dia.  

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