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Análise: Amor Perfeito é um “filme clássico” recheado de representatividade

22 de março de 2023, por Leila Benedetti
Cinema & TV
Priscilla Alcantara como Carmen Miranda

Depois de um breve tempo de espera, a novela das 18h Amor Perfeito teve a sua estreia neste último dia 20. Por prometer trazer a ambientação dos anos 30 e 40 (e ainda com direito a releitura fiel de Carmen Miranda), o folhetim da Globo chamou a atenção da equipe do UR, que assistiu os dois primeiros capítulos e resolveu publicar uma análise.

O enredo principal é baseado na obra espanhola Marcelino Pão e Vinho e conta a história de um garoto criado por frades em um convento que se aventura para encontrar com sua mãe, que foi condenada injustamente de assassinato e está presa. Seu cenário principal é a fictícia cidade mineira de Águas de São Jacinto e, assim como toda novela de época da faixa das 18h da Globo, mistura comédia, romance e drama, tudo de forma leve. 

O amor de todas as formas já aparece logo na abertura

Segundo os roteiristas Duca Rachid, Julio Fischer e Elísio Lopes Jr., a novela tem como intuito mostrar o amor não apenas em sua forma romântica, como também em suas outras vertentes, como a maternal, fraternal, religiosa, pelas plantas e pelos animais. A surpresa é que essa mensagem é passada já na abertura, que mostra recortes de imagens estáticas de pessoas expressando o sentimento ao lado de seus companheiros, amigos, pais, animais e flores, ao som de O Amor é um Ato Revolucionário, escrita por Chico Cesar e com a versão para a novela cantada por Sandy.  

Além disso, como dizem que o tal sentimento traz mais cor para nossas vidas, a abertura de Amor Perfeito tem uma ampla paleta de cores composta por tons quentes e vibrantes, representando não apenas o amor de todas as formas como também o ambiente interiorano da trama. Conclusão, já entendemos o espírito leve e de paz da novela logo antes de começar o capítulo. 

Abertura de Amor Perfeito
(A mensagem sobre o amor em várias vertentes já é passada na abertura da novela. | Foto: Divulgação/Rede Globo)

Linguagem cinematográfica

Já tem um tempo que a Globo adota a linguagem cinematográfica em suas novelas. Nos anos 2000 ela já tentava colocar alguns elementos em produções mais pesadas, como as novelas das 20h e minisséries. Com o passar dos anos, a emissora foi aperfeiçoando essa linguagem, tornando-a mais realista, como a que vemos em filmes de cinema, e menos com “cara de estúdio”, e foi aplicando nas novelas de outras faixas, assim como nas demais produções dramatúrgicas. 

Adotar uma linguagem cinematográfica altamente afiada em uma produção de época foi um tiro certeiro no alvo. Afinal, tramas de época exigem bastante da direção de arte, que se encarrega de cuidar do cenário e figurino em seus mínimos detalhes, e a linguagem cinematográfica capta esses detalhes bem mais que a linguagem antiga das novelas da Globo. Sem contar que a sensação de viajarmos no tempo é maior por conta de seu tom realista. 

Linguagem Cinematográfica
(A linguagem cinematográfica ressaltou a estética dos anos 30 presente na novela. | Foto: Youtube/Gshow)

Fidelidade à estética do passado

Qualquer produção ambientada em épocas passadas requer uma pesquisa profunda para que sua estética fique o mais fiel possível à década da trama. Até vinte anos atrás, as tramas de época com estética extremamente fiéis eram realidade apenas em Hollywood, enquanto que em outros lugares o resultado até que era satisfatório, mas sempre havia falhas, talvez por conta do orçamento ou acesso à informação um pouco mais escasso.

Depois que entramos na era digital e, consequentemente, ganhamos um Google mais afiado, as produções de época fora do cinema também ficaram mais fiéis à década estabelecida pelo roteiro. Os principais materiais de pesquisa das produtoras são os filmes antigos, que antes eram difíceis de serem encontrados completos e de boa qualidade por aí, hoje o Youtube, perfis de cinema clássico nas redes sociais e sites de mesmo tema deram essa facilitada. Tudo isso pode ser percebido na nova novela das 18h da Globo, que mais parece um filme clássico dos anos 30 e 40 de tão fiel que está a sua estética. 

Amor Perfeito
(Amor Perfeito se passa entre os anos 30 e 40. | Foto: Reprodução)

A aparição da Carmen Miranda

Um dos momentos mais esperados na novela entre os fãs de Carmen Miranda e do retrô/vintage no geral é a aparição da “pequena notável” no primeiro capítulo, durante a cena de inauguração do Café-Concerto do Grande Hotel Budapeste. A Globo cumpriu o que prometeu ao colocar no ar a cena atuada por Priscilla Alcantara. O show feito por Carmen apareceu como apenas um detalhe da cena, em forma de takes esporádicos, o que é justificável, já que o foco principal era o que estava acontecendo entre os proprietários do hotel nos bastidores da festa. 

Mesmo com a performance posta em segundo plano, a ex-apresentadora do Bom Dia & Cia. arrancou elogios do público (incluindo a redatora aqui) com sua atuação e aparência, ambas fiéis, da original Carmen, isso para não dizer que ela quase roubou a cena de todo o elenco da novela. Outro detalhe é que as músicas da Carmen foram regravadas na voz de Priscilla, que também é muito parecida com a da cantora. Para quem gosta de um bom making of, a atriz postou um pequeno video dos preparativos para atuar como Carmen Miranda em suas redes sociais, confira: 

Representatividade

Claro que não podia faltar a representatividade em Amor Perfeito, afinal isso é algo muito importante para a nossa sociedade e condiz muito com a mensagem passada pela novela. Metade do elenco é formada por atores e atrizes negros, que atuam em papéis de grande poder, como nomes da alta sociedade, protagonistas e frades. Além da causa racial, a trama também preza muito pelo respeito às religiões e pelo empoderamento feminino. 

Todos esses temas foram abordados de forma bem natural, com os personagens sendo inclusivos entre si, como se o mundo fosse sempre aquele ideal, que nunca passou por preconceitos. Não havia aquele clichê em que a protagonista era hostilizada por ser a primeira mulher brasileira a se formar em uma faculdade de administração ou em que um personagem negro era mal visto pelos demais por conta da sua posição social e os personagens tinham que lutar pelo seu espaço em ambos os casos. Até os vilões eram inclusivos, que encaravam tudo com naturalidade. 

Por enquanto a representatividade está limitada apenas a esses dois assuntos. Segundo a produção da Globo, isso será ainda mais reforçado na segunda fase com a chegada de um elenco mirim diversificado que inclui uma menina cadeirante, um menino com pais adotivos e mais um menino negro além do protagonista Levi Asaf, sem contar com a chegada de um advogado gay.

Elenco Mirim
(Desculpa o spoiler, mas esse é o elenco mirim de Amor Perfeito. | “Fofo”: Divulgação/Rede Globo)

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3 Responses

  1. Gabriella Barbosa

    A Priscilla é uma Carmen perfeita, voz, trejeitos, só senti falta do olho azul. Mas no meio de tanto talento, você até esquece isso e até o rosto das duas e parecido. Realmente é como ver Carmen

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