A lenda das sereias é uma das mais fascinante que existe. Simboliza os sentimentos profundos e inexplicáveis, a sedução e a intuição feminina, por isso é frequente que em suas histórias haja paixão, amor desenfreado e geralmente um mortal que acaba morrendo afogado nas águas e em suas profundas emoções.
Hoje em dia, uma nova corrente inspirada nas sereias está mais em alta do que nunca. O “sereismo” virou um estilo de vida e tendência no mundo da moda. Apaixonadas pelos encantos desse mito da fêmea, que é metade peixe, metade mulher, muitas garotas investem em assessórios, maquiagem, penteados, tattoos e diversos outros detalhes que remetam ao mito e ao mar.
A lenda basicamente fala sobre uma jovem com cabeça e tronco de mulher e calda de peixe. Dotada de grande beleza e vaidade, carrega em suas mãos um espelho e um pente e canta com tanta doçura que seduz e hipnotiza pescadores e marinheiros em alto mar, desviando-os de seu rumo e levando–os para armadilhas mortais, apenas com seu canto místico.
De acordo com a lenda de quem vivia no mar, avistar uma sereia era sinal de tempestade e naufrágio. Nunca foram encontrados fósseis ou vestígios científicos concretos assegurando sua existência. Mas, sabe-se que, desde antes de Cristo, há histórias sobre este tema. A questão é que todos os que alegaram ter visto sereias, não enlouqueceram com seu canto, como diz a lenda, senão não teriam tantos vestígios espalhados por aí.
A primeira história de aparição está em “A Odisséia”, um dos dois principais poemas épicos da Grécia Antiga, atribuídos a Homero no século 8 antes de cristo. No texto diz que, durante uma viagem, ao passar pela ilha das sereias, Ulisses precisou se amarrar ao mastro do navio para não ceder à sedução do canto dessas temíveis criaturas.
A bizarra história da sereia de Fiji
Mais futuramente, outra suposta sereia surgiu para assombrar a todos no século 19. Nessa época o mito das sereias estava na moda e alguns marinheiros alegavam ter capturado exemplares da criatura. Então, comercializavam esses “seres” para exibições em shows de horrores. Uma das histórias que se sabe é que o showman Moses Kimball, de Boston, comprou de marinheiros e depois vendeu a tal sereia para o dono do Circo Barnum & Bailey.
As criaturas pareciam tão reais que as pessoas acreditavam mesmo que eram sereias. Assim, Barnum se aproveitou da inocência do público e criou toda uma história sobre “A Sereia de Fiji”. Ela foi o primeiro “exemplar real” divulgado pela mídia e exposta em um museu de Londres, em 1842. Mas, não ache que era bela como contam as lendas. A criatura decepcionou a todos que esperavam ver uma deslumbrante mulher-peixe.
Claro que a tal sereia de Fiji não passava de mais uma fraude de Barnum para arrancar dinheiro de curiosos. Mais tarde foi descoberto que a criatura não passava de um artigo de taxidermia, criado a partir de uma cabeça e tronco de macaco com o rabo de peixe – ou seja, quase um Frankstein. Capturada em 1842 pelo, então, Dr. Griffin – cujo nome verdadeiro era Levi Lyman, e que de Doutor não tinha nada, pois foi contratado por Barnum para comprovar sua autenticidade -, ela causou tanto furor que enormes multidões apareceram para contemplar a aberração no circo de Barnum.
Foi uma decepção geral, pois o anúncio que fizeram mostrava a sereia como uma mulher jovem e bonita, entretanto o que se podia ver era uma criatura pavorosa imersa num tubo de água. O correspondente do jornal “Charleston Courier” escreveu: “É uma ilusão. A visão da maravilha foi para sempre roubada de nós – jamais teremos novamente o discurso, mesmo que na poesia, da beleza das sereias. Nem conquistaremos uma sereia mesmo em nossos sonhos, pois a senhora Fiji é a própria encarnação da feiura”.
Quando a fraude foi descoberta, Barnum e seu cúmplice, o fajuto medico Griffin, fugiram com todos os recursos obtidos com o show. A Sereia Fiji original foi queimada no incêndio que sofreu o museu de Barnum em 1860. Existe atualmente uma cópia que está na posse da Universidade de Harvard e exposta no Museu de Arqueologia e Etnologia Peabody, em Massachusetts.
Se você é adepto ao “sereismo”, nem pense em ir visitar a atração. Melhor deixar as encantadoras sereias presas no mundo da imaginação!