O cenário artístico do “Velho Mundo” sempre teve seus mistérios e acontecimentos inexplicáveis (ou no mínimo estranhos). Hoje você irá mergulhar em uma das lendas mais interessantes do cenário musical de todos os tempos. Conheça Robert Johnson e seu pacto da encruzilhada.
Vida e Carreira
A vida de Robert Leroy Johnson é tão rodeada de mistérios que não se sabe nem ao certo qual foi a sua data de nascimento. Especula-se que tenha sido entre os anos de 1909 a 1912 na pequena Hazlehurst – Mississipi. Robert nasceu em uma pobre família de lavradores que além da fome e escassez de recursos, ainda sofria enorme discriminação racial.
Desde que adquiriu força e idade para segurar uma enxada e assumir o trabalho pesado da lavoura, Robert passava seus dias trabalhando com a família nos campos. Mas foi aos dezesseis anos que, cansado da árdua e pacata vida de lavrador, decidiu pegar a estrada e se dedicar à sua verdadeira paixão, a música.
Ia de bar em bar tocando por alguns trocados e embalando a noite com sua música, cujas letras refletiam sua intensa solidão, romances que encontrava em suas andanças, a vida tortuosa e o horror enfrentado por ele e a grande maioria dos negros na época da grande depressão.
Já nesta época, começavam a surgir os primeiros rumores e murmurinhos sobre a verdadeira fonte de todo o talento de Robert e forma como os diferentes riffs do violão ecoavam pelos salões, letras de músicas que relatavam encontros sobrenaturais e o fato de as vezes tocar de costas para o público, fomentavam ainda mais as lendas e rumores a seu respeito.
Robert gravou apenas 29 de suas 40 composições em 1936 e 1937. Enquanto vivia em Robinsonville teve a oportunidade de conhecer outros cantores de blues que partilhavam do mesmo sentimento que ele a respeito da música e que, na verdade, o influenciaram em seu estilo. Entre estes estão SonHouse e Willie Brown.
A encruzilhada e o Capiroto
É claro que como todo grande músico ou celebridade que brilhou forte em algum período da vida, Robert Johnson não ficou marcado apenas pelo seu talento e legado musical, mas também por uma das lendas mais marcantes do cenário do blues, aliás, atrevo-me a dizer que foi uma das lendas mais marcantes do cenário musical!
Segundo a lenda, munido de seu velho violão e uma garrafa de whisky, Johnson caminhou até o cruzamento da rodovia 61 com a 49 em Clarkdale (Mississipi) e na encruzilhada teria feito um ritual invocando um demônio para realizar um pacto no qual venderia sua alma em troca de ser o maior “tocador de blues” de todos os tempos.
O demônio então tomou o violão de Johnson para si e o afinou um tom abaixo do comum. O pacto foi selado e Johnson e seu companheiro das trevas teriam tomado o whisky juntos e marcado um novo encontro para dez anos a frente, onde nesta data, o demônio retornaria e levaria a alma de Johnson para o inferno.
A lenda diz que logo após o pacto, Johnson teria composto músicas relatando o encontro sobrenatural e fazendo alusões ao mesmo. Crossroad Blues relataria o momento em que o pacto foi firmado e Hell Hound on My Trail relataria o motivo de sua constante mudança de um lugar para o outro, pois com a perseguição de cães do inferno ele não poderia se estabelecer em uma cidade, esta canção também teria narrado seu arrependimento em relação ao trato.
Me And The Devil Blues foi uma de suas últimas composições, na qual ele daria a entender que seu contrato já estava findando e seu amiguinho trevoso já estaria batendo à sua porta pronto para finalmente recolher sua parte no trato, a alma de Robert Johnson.
A morte
Embora o verdadeiro motivo da morte de Johnson seja incerto, existem rumores de que ele teria se envolvido com uma mulher casada e que o marido enciumado teria presenteado Johnson com uma garrafa de whisky envenenado. Alguns dizem que teria morrido de sífilis ou assassinado por arma de fogo.
Ah, e claro, não podemos nos esquecer de que muitos dizem que após o termino do prazo do contrato, Johnson teria sido morto pelos cães do inferno, que vieram saldar seu débito com o demônio da encruzilhada. Tudo o que podemos afirmar é ele veio a falecer aos 27 anos.
A lenda continua…
E vocês achavam que a lenda de Robert Johnson já tinha acabado após sua morte? Nada disso! Diz a lenda que Johnson teria se arrependido do pacto com o capiroto e tentou desfazê-lo. Sabendo disso, o tinhoso lançou uma maldição no mundo artístico.
A “Maldição dos 27”, como ficou conhecida, vem reunindo mortes de diversos artistas que sofreram mortes estranhas (ou nem tanto assim) aos 27 anos. O famigerado “Clube dos 27” reúne nomes de famosos como Jimi Hendrix, Jim Morrison, Brian Jones, “Pigpen” McKernan, Janis Joplin, Kurt Cobain, Amy Winehouse e muitos outros.
Verdade ou mito, tudo o que podemos afirmar é que Roberto Johnson foi um dos maiores e mais influentes músicos de todos os tempos.
Dica de filme: Crossroads, 1986
Ralph Macchio interpreta Eugene Martone, um jovem completamente apaixonado por blues e fã inveterado de Robert Johnson. Eugene crê que Johnson teria um contrato para gravar 30 músicas, e não 29 como sabemos. Com a intenção de gravar a 30ª música e se consagrar no meio musical, o rapaz sai em busca da única pessoa viva que conhece a canção e também da encruzilhada onde Johnson teria feito o pacto.
Dica de Seriado: Supernatural
O episódio 08 da segunda temporada de Supernatural mostra como teria sido o pacto de Robert Johnson e a sua morte pelo cão do inferno. Vale a pena assistir!