Sensualidade, rebeldia e fetichismo. Podemos atribuir estas três características a uma única peça: A meia-calça arrastão.
Repleta de simbologia, mesmo nos dias atuais a meia-calça arrastão gera certa estranheza aos olhos de algumas pessoas. Contudo, nos últimos dois anos ela vem se tornando cada vez mais presente, tanto nas passarelas quanto nas ruas.
Como tudo começou
Para aqueles que desconhecem a sua história, a meia arrastão já era bastante popular durante o fim do século XIX. Naquele período, a peça que adornava as pernas de dançarinas de cancan, artistas burlescas e atrizes circenses era feita de tricô.
Desde o seu lançamento, a meia-calça arrastão era vista com maus olhos, tida como uma vestimenta de mau gosto. Isso porque, diferente das demais meias daquela época, ela deixava a pele de quem a usava à mostra.
O que torna a história da origem da meia arrastão ainda mais interessante é o fato de que durante o século XVIII a peça era utilizada por homens. Enquanto os soldados faziam uso do item para se proteger no inverno, os nobres a usavam como acessório de sedução e competição, como forma de exibir aos outros aristocratas a sua riqueza.
Somente por volta do ano de 1780, com o descobrimento de materiais mais finos e a evolução da tecelagem que a meia arrastão passou a ser introduzida no guarda-roupa das mulheres, caindo em desuso pelo sexo masculino.
O auge da meia arrastão nos anos 80
Imortalizada ainda no século XIX, volta e meia a peça retornava à moda, como na década de 1950, graças às pin-ups como Bettie Page, que fazia uso da meia para compor seu visual fetichista, mexendo com o imaginário masculino dos Estados Unidos. Entretanto, a meia arrastão viria a se tornar “febre” somente na década de 1980.
Até hoje a moda dos anos 80 é lembrada pela sua versatilidade e exageros: Cintura alta, ombreiras, mangas bufantes, polainas, cores vibrantes, e claro, calça arrastão. E, quando se fala do acessório naquele período, é impossível não associá-lo à cantora Madonna, que não tinha medo em apostar em looks ousados. Além da icônica meia, a Rainha do Pop também investia em luvas, maiôs e tops de rede.
A cantora Cyndi Lauper também ajudou a impulsionar a meia arrastão, fazendo uso do item nas mais variadas cores.
A popularidade do acessório naquela década foi tão grande que no ano de 1987, o cantor Morris Day lançou o hit Fishnet em sua homenagem.
A meia arrastão na atualidade
Mais de trinta anos se passaram desde o auge da meia arrastão, mas engana-se quem pensa que a peça caiu no esquecimento. O item retornou às ruas (e às passarelas) em 2016, e apesar da forte inspiração dos anos 80, ela trouxe uma nova roupagem. Menos sensual e mais “cool”, o acessório inovou em seu formato, como a meia arrastão soquete; além de oferecer novas variações de uso.
Talvez a única coisa que a meia-calça arrastão da década de 1980 tenha em comum com a meia-calça arrastão da atualidade é o fato de que ela continua sendo um item adorado por garotas rebeldes e de atitude. Uma figura da cultura pop que ajudou a popularizar o acessório nos últimos anos foi a versão cinematográfica da vilã Arlequina, vivida pela atriz Margot Robbie no longa Esquadrão Suicida (2016).
Elemento indispensável no guarda-roupa feminino, a meia arrastão nos mostra como ela resiste ao tempo, provando que, independente da época, as mulheres ficam incríveis ao fazer seu uso.