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Assistimos ao filme Elvis e contamos o que achamos da produção que chega aos cinemas em 14 de julho

13 de julho de 2022, por Mirella Fonzar
Música

Na próxima quinta-feira, dia 14 de julho, chega oficialmente aos cinemas brasileiros o filme ‘Elvis’ do diretor Baz Luhrmann (Moulin Rouge!; The Great Gatsby; The Get Down). Uma das mais aguardadas cinebiografias dos últimos tempos, o longa apresenta a história do cantor Elvis Presley (Austin Butler) pelos olhos do polêmico empresário, Coronel Tom Parker (Tom Hanks). 

O Universo Retrô teve acesso à pré-estreia de Elvis, no último dia 5 de julho, e pelo o que pudemos ver, até então, é bem provável que a produção venha agradar até os mais exigentes fãs do rei. Em sessão fechada para imprensa e convidados – incluindo diversos fã clubes -, assistimos ao filme em primeira mão e presenciamos o longa ser ovacionado pela plateia presente, que aplaudiu de pé os momentos finais da trama.

Apesar de nem todos os relatos serem totalmente fiéis à história do músico, mesmo assim, o filme narra importantes acontecimentos e diferentes fases do artista. Entre altos e baixos de uma carreira que estourou na década de 1950 e só chegou ao fim com a sua morte em 1977, a trajetória do Rei do Rock foi um prato cheio para Baz Luhrmann mostrar mais uma vez seu talento para tramas musicais envolventes.

Elvis: Linguagem contemporânea e grandes atuações

Elvis Filme
Foto: Divulgação / Warner

Com uma linguagem extremamente contemporânea, Elvis conversa diretamente com a geração Z. É uma narrativa rápida, intensa e explosiva, que não abre espaço para muitas reflexões, mas aguça muito bem os sentidos. Quando você acha que depois de uma cena enérgica virá algo mais calmo, Baz enfia mais um soco no estômago, em outra explosão sensorial de tirar o fôlego. 

Com um frio na barriga recorrente e os pés em constante movimento durante o filme, a sensação é de uma montanha russa com poucas subidas e muitas descidas. E muito disso se deve às atuações impecáveis de Austin Butler, que garante todo charme e sex appeal dignos de Elvis, e Tom Hanks, numa versão fantasiosa e memorável do excêntrico Coronel Tom Parker. Obviamente, os personagens ganharam novas características para que a trama ficasse ainda mais interessante, mas nada que diminuísse seu valor como obra biográfica.

Confesso que, como muita gente, quando vi Austin Butler sendo anunciado como Elvis Presley, tive minhas dúvidas sobre a escolha do ator. Até assisti-lo atuando nessas 2 horas e 39 minutos de filme. Que ator! Obviamente, é muito difícil dissociar a imagem de Elvis, já que é um rosto tão conhecido pela cultura Pop, mas, em muitos momentos do filme, a sensação é que o próprio Rei estava ali contando sua história, tamanha similaridade estética, vocal e de trejeitos. 

Elvis Filme
Foto: Divulgação / Warner

Inclusive, algo que chamou bastante a minha atenção foi o fato do diretor transformar imagens icônicas do artista em diferentes situações, em cenas em movimento ao longo do filme. Algo realmente emocionante de se ver, quando, além de cinéfilo, você é fã do músico homenageado. Esse tipo de riqueza de detalhes, somado às diferentes linguagens utilizadas no filme, é o que realmente faz desta trama tão impressionante.

Apesar da narrativa ser bastante linear e contar década a década da história de Elvis, a maneira como tudo é narrado é que faz a diferença. Referências de quadrinhos, animação, circo, teatro musical e outras linguagens se misturam e engrandecem a sétima arte na visão de Baz Luhrmann. E nem a trilha sonora é poupada de referências externas. Somando-se aos clássicos de Elvis Presley, o filme traz músicas de hip hop e pop, além de versões totalmente desconstruídas, e, por mais estranho que pareça, até isso funciona bem durante o filme.

As influências negras na música e no filme de Elvis

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Foto: Divulgação / Warner

Apesar da forte relação de Elvis com a música country dos brancos americanos, o filme cita brevemente Hank Snow e prefere focar suas referências na música negra. Das influências da infância pobre, quando conheceu o blues tradicional e a música gospel, à fase da Sun Records, em Memphis, quando se encontra com B.B. King, o longa cita ainda Sister Rosetta Tharpe e Big Mamma Thortron – figuras importantíssimas que pouco ou nada são lembradas em filmes sobre os primórdios do rock ‘n roll.    

A trama mostra Presley em harmonia com a comunidade afro-americana, apesar do Coronel sempre tentar mantê-lo afastado de polêmicas raciais. No filme, ele vai a shows de artistas negros, como Little Richard, passeia pacificamente pela Beale Street, em Memphis, e compra ternos com B.B. King, fatos esses que provavelmente não aconteceram por conta da segregação racial da época, mas foi mais uma tática do diretor para florear a história e trazer o Elvis Herói que tantos queriam ver em cena.

O filme reforça a ideia de que Elvis se rebelou nos anos 1950 e foi responsável por chacoalhar audiências segregadas na época, sendo constantemente rechaçado pelas autoridades conservadoras por seu rebolado provocativo e jeito de cantar que se aproximava da negritude. Por este motivo, ele teria sido enviado ao Exército por autoridades e pelo próprio Coronel – fato este que alguns historiadores contestam.

As multifacetas de Elvis Presley no filme

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Foto: Divulgação / Warner

Depois de estourar com o rockabilly nos anos 1950 e ser descoberto pelo Coronel Parker, migrando da Sun Records para a gravadora RCA, Elvis passa uma temporada servindo o Exército na Alemanha, onde conhece Priscila. Como o próprio filme mostra, quando volta aos Estados Unidos, entra para o cinema, mas perde um pouco o fôlego da carreira de cantor, inclusive, para a nova geração de artistas que estavam surgindo na Era Hippie.      

Um dos pontos altos do filme – e da vida de Elvis – é a gravação do especial Elvis Comeback Special para a televisão, em 1968, quando o cantor dá essa virada na carreira e ressurge numa nova roupagem. Abalado pelas mortes de Martin Luther King e John F. Kennedy, com o apoio dos produtores do programa, apresenta a música If I Can Dream, inspirada no famoso discurso antissegregacionista, “I Have a Dream”, de Luther King.

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Foto: Divulgação / Warner

O filme mostra ainda diversos outros períodos da história do artista, entre momentos marcantes de sua vida pessoal e profissional. A sua relação com a família e empresa; o apego excessivo com a mãe alcoólatra, Gladys, a relação com a esposa Priscilla Presley e o nascimento da filha Lisa Marie, além dos momentos de extravagâncias em Graceland, mansão que após sua morte se tornou um museu. 

A trama aborda também na maior parte do tempo a tóxica relação entre o artista e o Coronel Parker, que detinha 50% de tudo que Elvis ganhava e passou a coordenar muitos de seus passos, como as longas e exaustivas temporadas em Las Vegas já na década de 1970, o abuso de medicamentos para dormir e se manter de pé, entre outras situações abusivas (nem todas totalmente reais, que fique claro).   

Com figurino bastante fiel às épocas retratadas e cenografia rica em detalhes, o filme de Baz Luhrmann nos transporta para o mundo fantástico de Elvis. Enquanto passa por diferentes fases do artista com primor, o ator Austin Butler nos ajuda a entender a grandeza, talento e multifacetas de Elvis Presley, que, apesar dos abusos sofridos ao longo da carreira, por diversas vezes caiu e se reconstruiu, inclusive, depois da sua morte, sendo considerado até hoje um dos artistas mais rentáveis do mundo.

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