Os primeiros anos do século XX eram vividos como se ainda fosse o belo e áureo século XIX. Foi necessária uma guerra para abalar o mundo e mudar moda, comportamento e pensamentos.
As saias ficavam mais curtas, e os sapatos ganhavam mais cores e detalhes. Sapatos com fivelas, no estilo que hoje chamamos de Mary Jane, eram os mais populares. Você já deve ter visto alguns modelos em filmes da época, como “It” (1927), ou em filmes sobre os loucos anos 1920.
Para dançar nas grandiosas festas a la Gatsby, a opção da maioria das mulheres eram sapatos de salto médio, que ao longo da década ganharam ricos detalhes, como pedrarias, e ficaram com o bico cada vez mais redondo. O sapato ficava firme no pé, assim as moças poderiam dançar o charleston durante horas com muito conforto.
A vida social não se resumia a festas, e havia sapatos diferenciados para a prática de esporte, sendo que o tênis era um passatempo muito popular na época. Sapatos bicolores com solas grossas de borracha e também sapatos com cadarço eram os preferidos entre os esportistas. Os primeiros modelos de tênis famosos, como Keds e All Star, surgiram em 1916 e 1917, respectivamente, e ganharam espaço na década seguinte.
Começou a chover e você não quer estragar seu sapato? Vista uma galocha sobre ele e continue andando! Usadas como capas sobre sapatos Oxford, as galochas podem, segundo uma teoria bem difundida, ser as responsáveis pelo surgimento do nome flapper: quando jovens moças corriam na chuva com suas galochas um pouco frouxas, o som que se ouvia era ‘flap, flap’, e isso gerou a nomenclatura para uma geração inteira de garotas livres e alegres.
No dia a dia, sapatos de salto mais baixo e sem fivelas eram as peças mais usadas, e havia também mulheres que apostavam em sapatos Oxford, em geral bicolores. Para ficar em casa, sapatilhas baixas, feitas de veludo e ornadas com pompons ou motivos egípcios. A grande gama de opções fez a indústria de calçados sofrer sua primeira expansão, e nesta década grandes nomes da moda para os pés surgiram, a exemplo de Ferragamo e Perugia.
Os homens, seguindo um dos maiores ícones do cinema, Rodolfo Valentino, usavam em geral botas de couro cobertas com botões e tecido no peito do pé, além dos já comuns Oxfords.
Há todo um imaginário de glamour, liberdade e rebeldia construído em torno dos anos 1920, por isso a década é uma das que mais influencia a moda retrô, e os sapatos inspirados neste período são sempre objetos de desejo das fashionistas e campeões de venda nas lojas.