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Bruce Davidson e o retrato da juventude rebelde dos anos 50

27 de outubro de 2015, por Eduardo Molinar
Design

Certamente a maioria das pessoas que desconhecem (e até mesmo as que conhecem, de certo modo) a sociedade americana do pós-guerra, imagina que tenha sido uma época apática e inocente, sem peso na história, principalmente quando se fala sobre a juventude da época, em que as pessoas imaginam meninos com cabelos curtinhos estilo escovinha e as meninas de vestidinho, todos sorridentes.

Infelizmente esse é o retrato feito pela maioria sobre uma época em que as coisas estavam realmente mudando. Os jovens se rebelaram e até Hollywood resolveu mudar seu foco por conta disso, criando o fenômeno da delinquência juvenil ou, como os adultos preferiam dizer: os rebeldes sem causa.

Se existia uma cidade perfeita para esse cenário explodir era Nova York, onde os quarteirões eram divididos por etnias de imigrantes: negros, porto-riquenhos, irlandeses, italianos e por aí vai. Querendo captar e entender o que acontecia com aquela juventude, Bruce Davidson, atualmente um fotógrafo renomado, resolveu pegar sua câmera e rumar de Manhattan para o Brooklyn. Era 1959, Bruce tinha 25 anos e a média geral dos “delinquentes” era de 17 anos.

Bruce Davison

Cabelos penteados para trás e olhares perdidos, eram considerados sinônimo de encrenca (Foto: Bruce Davison)

No lendário bairro nova-iorquino, ele se deparou com os Jokers, gangue ítalo-americana de garotos e garotas. Bruce passou a conviver com a gangue e captar seu dia a dia a partir de suas fotografias, que se tornariam um registro histórico da cultura greaser adolescente. No site do jornal inglês The Guardian, em uma excelente matéria de Sean O’ Hagan, há relatos de Bruce sobre o tempo que conviveu com os Jokers. Também há depoimentos de Bengie, um dos membros mais novos da gangue, cuja idade em 1959 era 15 anos.

Bengie relata a natureza familiar de alguns membros da gangue: pais violentos e/ou alcoólatras e drogados; irmãos e irmãs crescendo sem nenhuma (boa) referência; o vício em drogas por parte de alguns jovens, principalmente em heroína; as reuniões feitas em lojas e bares para dançar; relatos sobre como Jimmie, um dos garotos, se parecia com James Dean e sobre a história de amor entre Cathy e Junior.

Bruce Davison

Cathy e Junior, um dos casais formados dentro dos Jokers – USA, Coney Island, NY, 1959 (Foto: Bruce Davison)

As fotografias de Bruce, verdadeiras obras primas de um tempo que não foi esquecido, poderiam representar uma união entre a frenética Jailhouse Rock, de Elvis Presley, e a tristeza de Runaway, canção de Del Shannon. O trabalho, intitulado mais tarde como Brooklyn Gang, foi lançado em livro que inclui relatos de Bruce. Infelizmente, o livro é item de colecionador e caro, sendo difícil de achar.

 

Todas as fotos podem ser conferidas no site da Magnum Photos, grupo ao qual Davidson se juntou em 1958. Seu trabalho nos ajuda a entender o “eternamente jovem” de uma juventude rebelde, solitária e sonhadora. Bruce Davidson captou esse espírito melhor do que ninguém.

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