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Coccinelle, a primeira celebridade transgênero da França

31 de janeiro de 2022, por Leila Benedetti
Lifestyle
Coccinelle

O Dia da Visibilidade Trans foi nesse último dia 29 e, como caiu no sábado, publicamos somente hoje algo para representar a data. Dois dias atrasado, mas o importante é não deixar passar em branco! A estrela da vez é a Jacqueline Charlotte Dufresnoy, mais conhecida como Coccinelle

Ela pode não ter sido a primeira mulher transgênero da história, temos casos anteriores como a de Dora Richter e de Lili Elbe, ambos entre os anos 20 e 30, mas foi a primeira, entre os anos 50 e 60, a conquistar algumas coisas, como se tornar a primeira celebridade artística, ter seu casamento legalizado e a primeira a se submeter a uma cirurgia de reconstituição de gênero, que, aliás, foi bem sucedida, na França. 

“Depois da operação, o médico apenas me disse ‘Bonjour, Mademoiselle’, e foi aí que eu soube que tudo deu certo” (Coccinelle) 

Nascida em Paris no ano de 1931 sob o nome de Jacques-Charles, ela se descobriu garota logo aos quatro anos de idade. Ainda criança, ela tinha interesse por moda e dança e levou isso para sua vida profissional quando adulta. Ela começou sua carreira em 1953 como showgirl no cabaré Madame Arthur, onde sua mãe vendia flores, e passou pela cirurgia de transição em 1958.  

Já nos anos 60, ela passou a trabalhar regularmente no famoso nightclub Le Carrousel de Paris ao lado de outras trans, como April Ashley e Marie-Pier Ysser, além de fazer discretas aparições no cinema e fazer turnês cantando nos cabarés de vários países. Seu principal símbolo eram seus vestidos poá vermelhos, os quais deram a ela o apelido de Coccinelle (joaninha em francês).

Apesar de viver em uma época em que a comunidade transgênera (aliás, toda a comunidade LGBT+) era malvista, Coccinelle virou uma sensação na mídia, a ponto de gravar três compactos (dois duplos e um simples) e ser uma das sex symbols da época com sua aparência muito semelhante a de Brigitte Bardot. Além disso, sua repercussão fez com que conseguisse se casar legalmente no país com o jornalista francês Francis Bonnet na Igreja Católica Romana em 1960.

Casamento de Coccinelle
(Coccinelle foi a primeira trans a ter seu casamento aceito pelo governo francês e pela Igreja Católica Romana. | Foto: Huffpost FR)

Já que chegamos à vida afetiva da cantora, atriz e dançarina, seu primeiro casamento durou até 1962. Um ano depois ela se casou com o dançarino paraguaio Mario Costa, falecido em 1977, e, posteriormente, com o ativista transgênero Thierry Wilson

Depois de se aposentar da carreira artística, Coccinelle passou a se dedicar a causa transgênero a partir dos anos 70. Entre suas ações estão a fundação da ONG Devenir Femme (Para se Transformar em Mulher, em tradução livre), que fornece apoio emocional àqueles e àquelas prestes a passar por uma cirurgia de reconstituição de gênero, e sua contribuição no Center for Aid, Research and Information for Transexuality and Gender Identity, sem contar que seu primeiro casamento é sempre lembrado pelas pessoas trans que estão prestes a se casar. 

Coccinelle morreu na cidade francesa de Marseille em outubro de 2006, aos 75 anos, por complicações de um derrame.   

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