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Desventuras em Série: A saga melancolicamente deliciosa dos irmãos Baudelaire

18 de janeiro de 2017, por Aline Merkle
Cinema & TV
Conde Olaf e os irmãos Baudelaire

Quando os primeiros acordes da música de abertura de Desventuras em Série, cantada por Neil Patrick Harris (Conde Olaf), somos desencorajados a continuar assistindo pois só o que vamos encontrar ali é triste e sombrio, mas tenho que dizer que mesmo com todo o esforço da Netflix não foi possível nos deixar longe da história dos irmãos Baudelaire.

A saga de Violet (Malina Weissman), Klaus (Louis Hynes) e a bebezinha Sunny (Presley Smith) Baudelaire, que perderam os pais em um trágico incêndio e são obrigados a morar com Conde Olaf, é contada pelo “autor” Lemony Snicket, interpretado maravilhosamente bem por Patrick Warburton, que melancolicamente nos alerta para os “horrores” que estão no caminho das crianças, e pede para que se você for um ser humano descente assista algo mais alegre.

Lemony Snicket

Lemony Snicket (Foto: Divulgação)

Essa quebra de 4ª parede coloca a história nos trilhos, explica os caminhos que fizeram os Baudelaire tomarem determinadas atitudes durante a saga, por muitas vezes inclusive dando spoiler sobre o que está por vir. Lemony também nos deixa curiosos ao citar Beatrice, uma mulher da qual não temos informações, mas sabemos que foi alguém muito importante para o narrador.

Vale destacar aqui que a todo momento temos a sensação de que algo muito maior está acontecendo, uma trama que vai sendo construída aos poucos. É essencial aqui prestar atenção ao que se está assistindo, pois cada dialogo, ou mesmo objetos em cena, podem oferecer uma pista importante do enredo e até mesmo do desfecho desses acontecimentos.

Conhecida pela sua atenção aos detalhes, a Netflix criou aberturas com letras diferentes, contando o que podemos esperar desses episódios, aliás pequenos spoilers permeiam toda a história. Para cada uma das adaptações dos livros, são 2 capítulos por livro e ao todo foram 8 episódios, ou seja, a 1ª temporada cobre os 4 primeiros volumes da saga.

 Juíza Strauss

Juíza Strauss (Foto: Divulgação)

A ambientação, que poderia ser comparada facilmente com as melhores obras do diretor Tim Burton, como A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, por exemplo, é outro ponto interessante da peça, pois não fica claro em momento nenhum o período, ou local, exato em que a história acontece é mais fácil misturar épocas e criar uma identidade própria e atemporal.

O figurino, e os acessórios, dos personagens tem uma aparência bem retrô, alguns objetos de cena também passam a impressão de algo antigo e as crianças não usam celulares, por exemplo, mas em determinado momento Conde Olaf diz ter comprado uma ampulheta online. O seriado, porém, é muito mais sombrio do que o filme de 2004 com Jim Carrey, apesar dos dois terem o roteiro assinado pelo autor dos livros.

O fato do principal roteirista da série ser Daniel Handler, que usou o pseudônimo de Lemony Snicket para escrever os 13 livros de Desventuras em Série, colaborou muito para que a história não se perdesse e alcançasse sucesso, mesmo os fãs mais críticos estão satisfeitos com a adaptação. A direção, que também está de parabéns, ficou dividida entre Barry Sonnenfeld (MIB – Homens de Preto), Bo Welch (produtor em MIB – Homens de Preto) e Mark Palansky (Penelope).

Tio Monty

Tio Monty (Foto: Divulgação)

Todos os atores aqui conseguiram imprimir carisma, e personalidade aos seus personagens. Temos, por exemplo o Sr Poe (K. Todd Freeman) que é um funcionário de banco incompetente e que sempre coloca as crianças em apuros; o divertido Tio Monty (Aasif Mandvi); e a medrosa, e apaixonada por gramatica, tia Josephine (Alfre Woodard), que vão tentar cuidar das crianças e protegê-las das ambições do Conde Olaf; além da boa Juiza Strauss (Joan Cusack), que também quer o bem dos Baudelaire.

Tia Josephine

Tia Josephine (Foto: Divulgação)

Durante toda a primeira temporada descobrimos que Conde Olaf é quase um mestre dos disfarces, na verdade as crianças são as únicas que conseguem perceber quando se trata do vilão disfarçado, Neil Patrick Harris tem a chance aqui de interpretar diversos personagens distintos, e os executa brilhantemente. Os companheiros de teatro do Conde Olaf são também seus capangas, e cuidam para que os planos malvados de seu chefe deem certo.

Cada uma das crianças tem uma personalidade forte e distinta. Violet é uma líder nata, e inventora, ela pode construir qualquer coisa com os materiais mais inusitados, Klaus ama livros e aprende muito com eles, Sunny é engraçada, as “traduções” que são feitas da sua “linguagem de bebê” vão te fazer rir durante horas.

A segunda temporada de Desventuras em Série já foi confirmada pela Netflix, sem previsão de estreia, dessa vez adaptando os 5 próximos livros da saga dos irmãos Baudelaire. Quais serão os infortúnios que os aguardam?

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