Elvira de la Fuente, também conhecida como Elvira Chaudoir, era apenas uma socialite peruana extravagante que vivia nas badaladas festas e cassinos de Londres até receber uma “proposta de emprego” pelo serviço secreto britânico, o MI6, em 1942. Qual era o cargo? Trabalhar como espiã na França para ajudar a derrotar os alemães na então em voga Segunda Guerra Mundial.
Como o trabalho era muito bem remunerado e tinha uma proposta muito extraordinária, a madame aceitou e saiu contando a novidade para seus amigos, que, por sorte, não tinham ligação nenhuma com os nazistas. Essa atitude poderia muito bem ter prejudicado gravemente os britânicos na guerra, mas, na verdade, abriu portas para que ela se tornasse uma agente dupla e se infiltrasse no exército alemão.
Apesar da situação parecer sair de um filme de cinema, Elvira era formada em Ciência Política, circulava facilmente pela Europa por conta de sua nacionalidade peruana e tinha uma imagem que ia na contramão da típica dos espiões da época, que era mais discreta e rígida. A socialite tinha uma personalidade vibrante, sempre se metia em polêmicas e era bissexual, o que era escandaloso na época.
Tudo isso serviu de ajuda na realização de missões complicadas, sendo a mais destacada o fornecimento de informações falsas sobre o local de desembarque do Dia-D, que enganou o exército alemão e o deslocou para o sudoeste da França, bem longe da Normandia, o local verdadeiro do desembarque. Sua trajetória como espiã e agente dupla foi esquecida pela história, mas foi documentada no livro Os Segredos de Elvira (Los Secretos de Elvira), de Hugo Coya.
Quem era Elvira de la Fuente?
Ninguém sabia quem era a socialite espiã até o ano de 1995, quando ela deu uma entrevista a um jornal. Nascida entre 1910 e 1911 e filha de um diplomata peruano, Elvira de la Fuente Chaudoir foi criada em Paris, estudou em escola particular e aprendeu a falar francês, inglês e espanhol fluentemente.
Aos 23 anos ela se casou com Jean Chaudoir, mas se separou em 1938 para morar em Cannes com sua namorada Romy Gilbey e viver uma vida de socialite e de uma jogadora de cassinos. Quando os alemães invadiram a França em 1939, ela e Romy fugiram para a Inglaterra.
Ela continuou apostando nos jogos de azar na terra britânica, mas se via entediada, azarada nos cassinos e reclamando que não arrumava um emprego interessante por ser peruana. Até que suas reclamações caíram nos ouvidos da equipe do MI6, que convenceu a socialite a aceitar o cargo de espiã. Sua trajetória nesse cargo foi bem-sucedida, pois ajudou o exército britânico a derrotar os nazistas.
Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, Elvira se mudou para a Riviera Francesa. Lá, administrou uma loja de presentes e passou a viver com sua então parceira Carmen até a sua morte em janeiro de 1996, aos 85 anos. Já em 2005, os arquivos do serviço secreto britânico sobre a espiã deixaram de ser confidenciais.