Uma exposição sobre um dos maiores nomes do rock dos anos 1990 não poderia ter outro nome. A banda é tema principal de Nirvana: Taking Punk To The Masses, exposição que chegou ao Rio de Janeiro no último dia 22 através do projeto Samsung Rock Exhibition, série de exposições de rock e cultura pop. Instalada no Museu Histórico Nacional, com cerca de 200 itens, além da historia da banda, o curador Jacob Murray teve o cuidado de mostrar como o grunge surgiu em Seattle.
Com apoio de pessoas próximas, Jacob destacou na coletiva de imprensa a parceria com o baixista Krist Novoselic, que não só emprestou peças de seu acervo pessoal, como aproximou colecionadores do projeto, que foi instalado há seis anos no Museum Of Pop Culture, em Seattle, e já foi visitado por mais de três milhões de admiradores.
Em resposta ao Universo Retrô, Jacob disse que há um item do Nirvana que ele sente não ter conseguido para o Brasil: a guitarra usada por Kurt no clipe do maior sucesso da banda, Smells Like Teen Spirit. Trata-se de uma guitarra Fender azul, modelo Mustang, feita para canhotos.
A visita à montagem foi guiada pelo americano, que teve como tradutor o músico Phillipe Seabra, da banda Plebe Rude. Apesar de rápida, a exposição dividida em três ambientes, é de encher os olhos de qualquer fã. Logo na entrada já estão peças de cair o queixo. Um dos principais baixos usados por Krist reina ao lado de uma castigada bateria de Dave Grohl e de uma guitarra destruída por Kurt.
Outros destaques são uma reinterpretação da pintura American Gothic feita pelo vocalista nos tempos de escola. O garoto transformou os idosos em um casal de punks. Muitos vídeos com depoimentos e entrevistas aparecem nessa primeira parte da exposição. O roteiro mostra os primeiros passos da banda, exibindo desde o gravador caseiro onde foi concebida a primeira demo da banda até os violões do show acústico Unplugged MTV, em 1994.
No começo do segundo ambiente está uma das peças mais importantes da exposição. Um vídeo – até então inédito – apresenta a primeira entrevista do grupo à TV. O programa em que ela seria apresentada na época foi cancelado e a gravação arquivada. O paraíso para os fãs do Nirvana chega à sala com instrumentos icônicos, pôsteres, fitas demo, rascunhos das letras de Spank Thru e Floyd The Barber, estátuas da turnê In Utero e diversas roupas, entre outros itens.
A peça favorita de Jacob Murray está nesse setor. O corpo da primeira guitarra que Kurt quebrou, na época em que estava na faculdade. “Essa Univox era a única que ele tinha na época e foi destruída durante um show em um dormitório, para uma plateia de mais ou menos 25 pessoas. Era uma época em que ele não tinha dinheiro nem para pagar aluguel, imagina outro instrumento!”, comenta o curador.
Na mesma sessão, vinis da coleção pessoal do baixista Krist estão expostos e é possível ouvir a versão digital dos mesmos. São os álbuns que os músicos da cena Grunge (que incluem bandas como Alice In Chains e Pearl Jam) ouviam na época em que formaram suas bandas e criaram esse estilo que é referência da música norte-americana nos anos 1990.
Além desses destaques, há também a área interativa. O ponto mais legal é o cenário para reproduzir a capa do disco Nevermind (1991), material para fotografias divertidíssimas. A exposição faz qualquer fã sair do Museu Histórico Nacional querendo vestir uma camisa de flanela e um tênis All Star. Porém, junto vem a sensação de que a mostra poderia ser maior, visto que há um número mais extenso de itens na montagem original.
Mostrando a Cultura Pop como arte, um ponto forte é que Kurt Cobain não é a estrela da montagem, que estará aberta ao público até o dia 22 de agosto. Realmente é explorada a criação do Grunge e Krist, Dave Grohl e até Pat Smear (músico de apoio da banda) têm destaque. Com ingressos acessíveis (entre R$20 e R$30), o público do Rio de Janeiro (e, em breve, também o de São Paulo) pode conferir toda essa experiência de entrar no universo da banda.