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Gilded Age: entenda o tema do dress code do Met Gala deste ano

5 de maio de 2022, por Leila Benedetti
Lifestyle
Gilded Age

O Met Gala 2022 aconteceu neste último dia 2 no Museu Metropolitano de Arte de Nova York e teve como tema “Na América: Uma Antologia da Moda”. Seu dress code tinha como tema a Gilded Age, onde os convidados da festa se vestiam com trajes típicos (ou inspirados) do final do século XIX. Mas que raios é essa Gilded Age e qual a relação com o século retrasado? 

A Gilded Age, ou, para nós, a Era de Ouro Americana, foi um período da história dos Estados Unidos que ocorreu entre o ano de 1870 e cerca de 1900 e foi marcado por um rápido crescimento econômico, principalmente nas regiões norte e oeste do país. A industrialização, principalmente a ferroviária, cresceu em uma velocidade surreal e, com isso, os salários aumentaram e ultrapassaram os da Europa, atraindo milhões de imigrantes europeus.

Foi com essa expansão e imigração dos europeus (unida com a dos habitantes do leste) que Nova York se tornou uma cidade gigantesca para os padrões da época. Isso explica a homenagem que Blake Lively prestou para a Estátua da Liberdade no Met Gala deste ano, a cidade onde o monumento original está instalado foi a mais impactada por esse crescimento. 

A desigualdade social e os sindicatos

Por outro lado, essa era de crescimento também aumentou a pobreza e a desigualdade social, isso porque os imigrantes não eram recebidos com condições melhores de vida como os norte-americanos, algo que acontece muito aqui no Brasil, em que aqueles que chegam da região norte e nordeste do país migram para São Paulo em busca de uma vida melhor e acabam passando por uma batalha longa e árdua para tal, por exemplo.

Com a expansão da indústria vieram os sindicatos, que se tornaram cada vez mais importantes ao longo do tempo. Teoricamente isso acabaria de vez com a desigualdade social, mas, na prática, só beneficiou os imigrantes europeus, visto que a maioria dos sindicatos excluíam mulheres, negros e chineses. Os principais ramos que possuíam sindicatos eram a carpintaria, sapataria, tabacaria, os impressores e a ferroviária. 

No meio do progresso também houve duas grandes depressões econômicas, o Pânico de 1873 e o Pânico de 1893. Ambas tiveram quatro anos de duração cada uma e causaram alto desemprego urbano, baixa renda para os agricultores, baixos lucros para os negócios, crescimento geral lento e redução da imigração. Com isso, veio a agitação política.

Desigualdade Social
(Com o progresso econômico no país e a alta imigração por parte dos europeus, surgiu a desigualdade social. | Arte: Reprodução)

A Política na Gilded Age

A política na Gilded Age era resumida em dois grandes partidos que levantavam questões culturais (como o proibicionismo, educação e grupos étnicos ou raciais) e econômicos (tarifas e fornecimento de dinheiro). Estes partidos eram aqueles que conhecemos e existem até hoje – os Democratas e os Republicanos

A competição entre eles era muito intensa e, por razões históricas, os eleitores escolhiam seus partidos de acordo com a região em que habitavam. Por exemplo, grande parte dos sulistas eram democratas, pois ainda estavam ressentidos com a Guerra Civil, que levou a escassez para a região Sul. E, claro, como ser humano tem aquela sede desenfreada por poder, da política surgiram os escândalos e as corrupções. 

Pessoas de grande poder econômico, políticos ou não, viviam praticando o suborno, inclusive com dinheiro público, para que o governo não regulasse as atividades de seus negócios, e na maioria das vezes essa prática era bem-sucedida. Isso foi tão comum que, em 1868, a prática do suborno foi legalizada em Nova York. Era como Karl Marx descrevia os estados capitalistas: “fingiam neutralidade para manter a ordem, mas servindo os interesses dos ricos”.  

Política na Gilded Age
(Da competição por poder entre os políticos, surgiu a corrupção e escândalos. | Arte: Bettman Archive/Getty Images)

As consequências da Gilded Age

Com a corrupção por parte dos políticos e da elite acontecendo de forma frenética e prejudicando ainda mais a vida da população pobre do país, os sindicatos passaram a intensificar as suas atividades. Estes criaram novas lutas como a em prol da jornada de trabalho de oito horas e a abolição do trabalho infantil. Além disso, dessas lutas também surgiram os reformadores da classe média, que exigiram reforma do serviço público, proibição de bebidas alcoólicas e ainda implementaram o sufrágio feminino. 

Com todas essas lutas, o país cresceu ainda mais em sua estrutura com a criação de escolas públicas, tanto de ensino fundamental como médio, faculdades, hospitais e instituições de caridade. Houve também lutas pela resolução de problemas sociais, principalmente na questão da pobreza, lutas estas que fizeram o país sair da Era Dourada para entrar na Era Progressista.  

Pôster de protesto da Era Progressista
(Pôster de protesto datado do início do século XX. | Foto: Reprodução)

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