Neste dia 5 de agosto, a televisão brasileira perdeu mais um nome ilustre de toda a sua história. Jô Soares, o qual estamos acostumados a ver em seus talk shows noturnos, deixou este mundo aos 84 anos e sem nenhuma causa divulgada, por enquanto.
Para homenageá-lo, vamos relembrar toda a sua trajetória, seja na televisão, no teatro, nos livros e como músico.
A trajetória de Jô Soares
José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro em 1938 e foi o único filho de um empresário paraibano com uma dona de casa. Ainda foi bisneto, pelo lado materno, de Filipe José Pereira Leal, governador do Estado do Espírito Santo durante a época do Brasil Imperial. Já por parte de pai, ele foi sobrinho-neto de Francisco Camilo de Holanda, governador do Estado da Paraíba durante os anos de 1916 e 1920.
De início, Jô estudava para ser um diplomata, mas sua criatividade e seu senso de humor, ambos apurados, o levaram para o meio artístico. Versátil, ele passou a atuar, dirigir, escrever roteiros, livros e peças teatrais nos anos 50, primeiramente atuando em shows de humor nos palcos do Rio.
Na televisão
Jô Soares foi um dos que mais migraram de emissora durante a carreira. Como todo artista célebre carioca de sua geração, ele estreou na TV Rio, em poucos anos ele foi para a TV Tupi e, em seguida, para a TV Continental. Tudo tanto para atuar em frente às câmeras como para roteirizar os programas humorísticos.
Já nos anos 60, ele começou a ter maior fama na TV Record com programas de mesmo gênero como A Família Trapo, Praça da Alegria, entre outros, e começou a ter mais reconhecimento ainda nos anos 70 quando foi para a TV Globo, onde ficou até os anos 80 e se consagrou com Faça Humor, Não Faça Guerra, Viva o Gordo e, desviando um pouco do humorístico, comentando notícias no Jornal da Globo.
Durante toda a década de 90 ele passou a trabalhar no SBT apresentando seu próprio talk show, trabalho este o mais conhecido pela nossa geração. O Jô Onze e Meia, que passava todas as noites em seu horário-título e entrevistava diversas personalidades, permaneceu na emissora do Silvio Santos até 1999 quando, nos anos 2000, migrou para a Globo com o nome Programa do Jô, que foi ao ar até 2016. De volta à Globo, ele também fez algumas participações especiais nos humorísticos da emissora.
Teatro, Música e Literatura
Em paralelo à televisão, Jô Soares também cuidou das suas outras carreiras no teatro, na música e na literatura. Ele já atuava no teatro desde os seus primórdios nos anos 50 atuando, escrevendo e dirigindo peças de comédia, sendo a sua estreia em 1959 com O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Um pouco antes de morrer, ele estava finalizando a montagem de À Meia Luz, que estrearia no próximo mês de setembro.
Quanto à literatura, ele só iniciou nos anos 90 escrevendo livros cujo enredo envolve humor, política, fatos históricos e música, sobretudo o Jazz, seu gênero preferido. Suas obras mais conhecidas são O Xangô de Baker Street (1995) e O Homem que Matou Getúlio Vargas (1998).
Já a sua carreira musical foi mais breve e discreta. Jô tinha um amplo conhecimento musical e chegou a apresentar programas de rádio cujo foco era o Jazz entre os anos 50 e 90. Ele também gostava de cantar e de tocar bongô e trompete, além de ter gravado um álbum junto com o icônico sexteto do seu programa, Jô Soares e o Sexteto – Ao Vivo no Tom Brasil.
Últimos anos e morte
A partir da época em que seu programa da Globo saiu do ar, em 2016, Jô Soares ficou um pouco afastado da televisão e ocupou a cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras. Mas, apesar dessa distância, ele teve uma participação como comentarista do programa Debate Final, da Fox Sports, durante a Copa do Mundo de 2018.
Na manhã deste dia 5 de agosto, sua ex-esposa Flavia Pedras anunciou nas redes sociais a morte do apresentador, que estava internado em São Paulo desde o dia 28 de julho para tratar de uma pneumonia, sendo este fato confirmado pela sua assessoria de imprensa. O hospital ainda não informou a causa da morte.