Há exatos 15 anos, o mundo se despedia do rei do Boogie e de uma das maiores lendas do blues. Considerado uma ponte entre a tradição do Delta Blues, do Mississippi, e o Rhythm and Blues, de Chicago, o cantor e guitarrista John Lee Hooker morreu em 21 de junho de 2001, deixando um incrível legado para a música negra.
A trajetória de Hooker não se resume aos milhares de prêmios alcançados – Calçada da Fama de Hollywood; Hall da Fama do Blues, em 1980; Hall da Fama do Rock And Roll, em 1991; Música do Século para Boggie Chilen; entre outros. Ao longo dos 70 anos de carreira, o músico alcançou a imortalidade através, única e exclusivamente, de sua obra.
Conhecido por sua voz rouca e seu estilo peculiar de fazer blues (ele mais falava do que cantava), o artista influenciou gerações de outros músicos, que se tornariam, posteriormente, lendas do blues, do rock and roll, do folk e por aí vai… Entre eles, Bob Dylan – que abriu muitos de seus shows -, The Rolling Stones, Eric Clapton, The Doors e Stevie Ray Vaughan.
Trajetória musical
John Lee Hooker (Foto: Reprodução)
Nascido em 22 de agosto de 1917, em Clarksdale, Mississippi (EUA), John Lee Hooker começou a cantar aos 13 anos em cultos da igreja onde seu pai costumava pregar. Mas foi seu padrasto, um cantor de blues, a sua maior influência. Segundo declarações do próprio Hooker, foi ele quem o ensinou a tocar guitarra num estilo característico que o acompanhou por toda a vida.
Depois de trabalhar boa parte de sua juventude em fábricas de tecido, em Memphis (Tennessee) e Cincinatti (Ohio), Hooker mudou-se, em 1943, para Detroit (Michigan), onde foi trabalhar em uma das fábricas da Ford Automóveis. Até então, a música era apenas diversão. Ele ainda não imaginava ganhar dinheiro, muito menos alcançar a fama, com seu talento.
O músico se apresentava frequentemente em bares de blues da cidade, e, em 1948, num desses shows, foi descoberto pelo produtor musical Bernie Besman, responsável por lançar seu primeiro single: Sally Mae. No disco, uma das músicas que mudaria sua vida, Boogie Chilen, também mudou a história da música negra norte-americana. A canção resultou num novo estilo musical, o Boogie.
Depois do sucesso nas paradas, Hooker largou o emprego na fábrica de veículos e resolveu finalmente mergulhar de cabeça na música. Trabalhou para diversas gravadoras, usando vários codinomes, como Birmingham Sam, Johnny Williams, John Lee Booker, Johnny Lee, Texas Slim, entre outros. Daí em diante, nunca mais parou.
Influenciou grandes artistas e continuou compondo sucessos, como Crawling Kingsnake, interpretado mais tarde por Buddy Guy e The Doors, e Boom Boom, gravado pelos ingleses do The Animals. Lançou mais de 100 discos, foi premiado, adorado e fez, até os 83 anos de idade, o que de melhor sabia fazer: cantar e tocar guitarra para quem quisesse ouvir.
Conhecer um pouco da obra de John Lee Hooker é essencial àqueles que querem entender um pouco sobre passado, presente e futuro da boa música. Definitivamente, uma trajetória para ninguém colocar defeito!
