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José Luiz Benício: relembre a trajetória do “mestre das pin-ups” brasileiro

8 de dezembro de 2021, por Leila Benedetti
Design
José Luiz Benício

Morreu nesta terça-feira (7) o ilustrador gaúcho José Luiz Benício, aos 84 anos, em sua casa no Rio de Janeiro de causas ainda não divulgadas. O artista era conhecido como “o mestre das pin-ups” brasileiro e assinou mais de mil ilustrações para as capas dos livros de bolso da editora Monterrey.

Com mais de 50 anos de carreira e um legado que vai mais além das capas desses pequenos livros, chegando até a ilustrar artes para o cinema, como em Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), além de estar ligado à mesma temática do UR, vamos relembrar toda a sua trajetória. 

O Início

Nascido em Rio Pardo, Rio Grande do Sul, em 1936 e morando em Porto Alegre desde os quatro anos de idade, Benício, aos 15 anos, arrumou seu primeiro emprego como aprendiz de desenhista na agência de publicidade Clarim. Além disso, ele trabalhava como pianista na Rádio Gaúcha escondido de sua mãe, mas acabou desistindo de sua carreira musical para se dedicar fortemente à ilustração. 

Em 1953 e antes de completar 17 anos, ele se mudou para o Rio de Janeiro e passou a trabalhar em agências de publicidade e na Editora Rio Gráfica, onde ilustrava os romances em HQs de Edmundo Rodrigues. Já em 1961, Benício começou a trabalhar para a McCann Erickson Publicidade, ilustrando anúncios para grandes marcas, como Coca-Cola e Esso, e permaneceu por lá até 1963, ano em que se transferiu para a Denison Propaganda

Anúncio do Banco Nacional de Minas Gerais
(Anúncio do Banco Nacional de Minas Gerais de 1964. | Arte: José Luiz Benício)

Ascensão e carreira no cinema

Sua fama veio ainda nos anos 60 quando ele começou a desenhar mulheres muito bonitas para as capas dos livros de bolso da Monterrey, como a série Memórias Secretas de Giselle, a espiã nua que abalou Paris, do jornalista David Nasser, e os da coleção ZZ7, cuja protagonista, Brigitte Montfort, era a filha de Giselle, que também era uma linda e sexy espiã. 

Chegando aos anos 70 e com um grande sucesso já concretizado, ele passou a ilustrar cartazes para o cinema nacional, ao mesmo tempo em que driblava a censura da Ditadura Militar. Neste período ele se consagrou ainda mais ilustrando Vera Fischer no cartaz da pornochanchada A Super Fêmea, além do de Dona Flor e Seus Dois Maridos. Além disso, ele teve em seu portfólio os cartazes dos filmes dos Trapalhões e o de Independência ou Morte (1972), filme este protagonizado por Tarcísio Meira

Cartazes de cinema
(Cartazes de um dos filmes dos Trapalhões e a de A Super Fêmea, criados nos anos 70. | Arte: José Luiz Benício)

Seus últimos momentos

Sua carreira no cinema durou até o início dos anos 90 durante o governo de Fernando Collor. Por falta de financiamento, o então presidente fechou a Embrafilme, o que paralisou a produção cinematográfica brasileira. Mesmo com a retomada do cinema nacional nos anos 2000, Benício não foi muito requisitado para ilustrar cartazes de filmes, pois o pincel foi substituído pelo computador e, portanto, os custos de produção dos cartazes se tornaram mais baratos. 

A partir daí ele passou a ilustrar projetos de arquitetura e para revistas como a Veja, Isto É e Playboy, além de atender encomendas para ilustrações de anúncios publicitários e matérias internas de revistas no estúdio de sua casa após sofrer um AVC em 2020.  

Anúncios Brastemp
(Anúncios da linha Retrô da Brastemp. | Arte: José Luiz Benício)

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