Ella Fitzgerald foi uma cantora americana de jazz e iniciou a carreira ainda na década de 1930. Apesar dos mais de 80 anos do estrondo provocado pela cantora para o grande público, a intérprete continua ainda com enorme notoriedade. Na edição do Rock in Rio de 2017, a cantora Maria Rita convidou a também americana Melody Gardot para uma apresentação em homenagem à brilhante Ella Fitzgerald.
Muito se engana quem imaginou que a performance seria chata e enfadonha. Maria Rita abriu o concerto com a canção “Let’s do it”, que surpreendeu a plateia presente. Por ser uma música bastante difundida ao longo das décadas, através do cinema, televisão e publicidade, a canção é bem conhecida pelo público. Em seguida, dentre as canções interpretadas por Maria Rita, estava “The lady is a tramp”. A versão, feita por Ella Fitzgerald, data do ano de 1952.
Sabemos, porém, que uma bela música nunca perde a validade. Ao longo dos anos, este som foi reinterpretado por vários artistas, como na parceria dos artistas Lady Gaga e Tony Bennett. Além disso, fez parte das canções incorporadas ao seriado de sucesso adolescente “Glee”, finalizado em 2015.
Um dos pontos auge da apresentação de Maria Rita ocorreu com a interpretação de “Over the rainbow”. Muito lembrada pela voz de Judy Garland, no musical “O mágico de Oz”, a música foi gravada, também, pela homenageada da noite. A plateia cantou juntinho e em harmonia parte desta canção.
Melody Gardot demonstrou muita simpatia. Provou, ainda, que aprendeu muito bem as lições de língua portuguesa. Em alguns momentos, cantou com Maria Rita em português, como na canção “Corcovado”. No próprio aprendizado enquanto cantora, Maria Rita lembrou, durante a apresentação, sobre a importância de Ella Fitzgerald. Segundo a brasileira, Ella dominava com maestria as técnicas do “instrumento voz”, nas palavras de Maria Rita.
Além disso, a cantora brasileira lembrou como Elis Regina transportava a interpretação das emoções das canções para o palco. Fitzgerald era conhecida como a “Primeira Dama da Canção”. Juntamente com o que aprendeu com a vertente artística da própria mãe, Maria Rita elegeu as duas já saudosas cantoras como os maiores ícones da música.
Maria Rita é considera uma das melhores cantoras das gerações mais recentes. Ela soube observar e aprender com os grandes artistas já consagrados. Com isso, criou uma identidade musical única. Ela é incomparável. É uma das poucas artistas que consegue realizar rearranjos musicais para realizar, ousamos dizer, versões até mais inigualáveis e formidáveis do que as originais em alguns momentos. Muito é devido, ainda, para a excelente banda que a acompanha.
Outro ponto forte da apresentação aconteceu com a interpretação da música “Get Happy”. Maria Rita explodiu em sintonia com o público presente e conseguiu levantar a galera. Para finalizar a apresentação, a cantora brasileira convidou Melody Gardot para uma última canção: Águas de Março. No álbum de 1981, “Ella Abraça Jobim”, no ponto de vista de Maria Rita, esta última música poderia ter abrilhantado mais ainda o trabalho da americana. E nós concordamos com ela. É impossível imaginar Tom Jobim sem pensar em “Águas de Março”.
Ao final do espetáculo, pessoas na plateia gritavam para que Maria Rita cantasse mais uma música. Com bom humor, a cantora respondeu que o público faz isso para todos os artistas. A afirmação pode ser até verdadeira, mas neste caso, em especial, gostaríamos de mais do que uma canção extra. Certa vez, Maria Rita disse, em entrevista, que vê cada apresentação como uma batalha a ser vencida. Sem sombra de dúvidas, no Rock in Rio 2017 tanto ela quanto o público foram os grandes vencedores do espetáculo.
Alguns leitores podem se questionar sobre o porquê de um show de jazz estar em um espetáculo como o Rock in Rio. Precisamos lembrar que o rock and roll iniciou-se a partir das misturas de blues, jazz, ritmos de matriz africana e demais estilos no território norte-americano. Nada mais justo do que retornar às origens e homenagear uma das grandes artistas do jazz: Ella Fitzgerald.