Em março deste ano, a personagem Mônica, de Maurício de Sousa, completou seus redondos 60 anos. De lá para cá ela mudou muito em seus traços e, principalmente, em sua personalidade, para se adaptar às várias gerações nos quais ela atravessou.
O surgimento da “dona da rua” se deu em 1963, poucos anos depois da criação do Cebolinha, Bidu e Franjinha. Quando era cartunista para a Folha de São Paulo, Maurício foi criticado por criar apenas personagens masculinos. Então, ele tomou a iniciativa em criar uma coadjuvante para as tirinhas do Cebolinha, tendo sua filha Mônica, então com dois anos, como inspiração.
A evolução da Mônica em seus 60 anos
Anos 60 – estreia como coadjuvante das tirinhas do Cebolinha
Nesses seus primeiros anos, Mônica, assim como os outros personagens, tinha traços mais caricatos e alguns detalhes que, mais tarde, foram extintos, como um queixo com covinhas, bolsinhos no vestido e sapatinhos estilo boneca. Além disso, seu coelho de pelúcia, que sempre esteve com ela desde a primeira aparição, não tinha nome, mas já era usado para bater no Cebolinha e, quando era publicado em cores, era apresentado em amarelo.
Com uma expressão facial constantemente mal-humorada, a Mônica dessa fase tinha uma personalidade bem forte e sua única função era dar coelhadas no personagem principal.
Anos 70 – promovida a personagem principal e seu primeiro gibi
Com o sucesso na década anterior, Mônica acabou se tornando a personagem principal da franquia de Maurício de Sousa, tornando Cebolinha um personagem coadjuvante. Ainda, na virada para os anos 70, a garota ganhou seu próprio gibi (em cores!) e passou por mais alterações.
Agora vemos ela mais magra, um pouco mais comprida e de rosto pontudo, sem queixo com covinhas. Já seu coelho passou a ser pintado de azul para, segundo Maurício, contrastar melhor com seu vestidinho vermelho, que perdeu os bolsinhos. Quanto à sua personalidade, esta ainda era bastante forte, mas se apresentava mais simpática e sua expressão facial intercalava entre a mal-humorada e a amigável.
Anos 80 – Mônica animada e coelhinho batizado de Sansão
Nos anos 80, Mônica e sua turma foram mais além dos quadrinhos. Eles já eram uma franquia com, além das tirinhas e gibis publicados, produtos licenciados, como alimentos, brinquedos e material escolar. Agora, para completar, os personagens de Maurício de Sousa também ganharam animações para cinema e VHS.
Com isso, Mônica precisou ser desenhada com o rosto mais arredondado para facilitar na hora de animá-la na computação gráfica e, consequentemente, seu corpinho foi “engordando” junto para ficar proporcional, esse novo traço da personagem é o que permanece até hoje. Mesmo ainda irritada com as provocações de Cebolinha e Cascão e partindo para a violência, a personagem se tornou mais doce e solícita com os outros.
Ainda na mesma época, o coelhinho da Mônica ganhou o nome de Sansão. O nome foi dado em 1983 por uma menininha chamada Roberta Carpi durante um concurso e apresentado pela primeira vez na revistinha Mônica nº161, publicada no mesmo ano pela Editora Globo.
Anos 90 – Mônica namoradeira
A Mônica não passou por muitas mudanças nos anos 90, mas já era possível vê-la vestindo outras roupas em ocasiões específicas, como na praia ou em alguma festinha, por exemplo. Sua personalidade ainda era como na dos anos 80, mas com a adição dos amores platônicos por diversos personagens minoritários, como Ricardinho, Fabinho, Albertinho, entre outros com nomes no diminutivo.
Anos 2000 – a chegada de várias versões da personagem e o politicamente correto
Muita coisa mudou nos anos 2000. Para começar, Mônica teve seu rosto sutilmente mais arredondado para facilitar a sua animação em 3D e, com a mudança de editora para a Panini, ela e sua turma ganharam sombreados e peles mais bronzeadas. Além disso, a Maurício de Sousa Produções lançaram mais HQs da franquia, como as graphic novels e as revistinhas da Turma da Mônica Jovem, que apresentavam a Mônica em diferentes formas, entre elas com traços mais realistas e uma versão adolescente.
Em nenhuma dessas versões, tanto as HQs convencionais como as novas publicações, mostram uma Mônica violenta. Para não dar mais o mau exemplo às crianças, a personagem parou de bater nos meninos da turma e usou toda essa força para ensinar o empoderamento feminino para os leitores. Só nos gibis tradicionais, as historinhas foram mais focadas na representatividade, com a inclusão de personagens PcD e meninas negras. Essas características perduram até hoje, onde também temos a Mônica em live-action.