Música e Alegria Kolynos, a genial estratégia de marketing de creme dental

Quem é dos anos 90 para trás, com certeza, tinha um tubo de creme dental da extinta Kolynos como item indispensável daqueles seus armarinhos de banheiro com espelho na porta. Agora, excluindo uma parte desse grupo de pessoas e deixando apenas aqueles que viveram entre os anos 60 e 70, estes, além de escovar os dentes com o creme na frente de seus armarinhos com espelho, devem se lembrar do programa de rádio Música e Alegria Kolynos. 

Foi uma sacada de marketing genial daquela que, atualmente, pertence à Colgate. Indo mais além dos convencionais jingles, a empresa, em parceria com a gravadora Odeon, gravava duas edições de seu programa em um LP (uma edição para cada lado) e repassava para a Rádio Bandeirantes, que transmitia via estação AM para todas as suas filiais Brasil afora utilizando apenas um toca-disco instalado na sua matriz, em São Paulo. 

As edições eram semanais e atraía ouvintes de todas as idades, principalmente os jovens. O programa apresentava versões inéditas dos maiores hits nacionais e internacionais, claro, de artistas com contrato assinado com a Odeon. Para se ter uma ideia, um dos que ajudaram na popularização dos Beatles aqui no Brasil foi o Música e Alegria Kolynos, visto que os fab-four eram uma febre entre os anos de 1964 e 1965 e seus discos eram distribuídos no país pela gravadora parceira nessa época. 

Este programa não apenas agradava os ouvintes, como também ampliava o horário de intervalo dos radialistas, cuja única obrigação era colocar o disco para tocar. Todos os LPs vinham com as edições completissimas, incluindo os comerciais (geralmente dos produtos da Kolynos) e locuções do apresentador. Eram dois apresentadores que passaram pelo comando do programa – o então diretor de relações públicas da Odeon Estevam Sangirardi nos anos 60 e Enzo de Almeida Passos nos anos 70, que já era locutor da Bandeirantes.

Mas e depois?

Naquela época, todas as emissoras de rádio reproduziam as músicas por meio de compactos, enquanto que os comerciais e vinhetas via fitas de rolo. Quando caiam em desuso, as fitas eram levadas para o acervo enquanto que os compactos eram vendidos nas principais lojas de discos da época. Nenhum desses dois casos foram os dos LPs do Música e Alegria Kolynos. 

Assim que um LP do programa tinha suas duas edições transmitidas, logo já era sorteado entre os ouvintes. Aquele que ganhava acabava se sentindo muito especial, pois os discos eram de uso exclusivo do estúdio da rádio e, portanto, não havia cópias. Cada disco era único, não existiam exemplares com edições repetidas, só aquele ganhador sortudo tinha aquele exemplar em mãos e mais ninguém. 

Hoje, por razões óbvias, esses discos são um tanto raros, mas é possível encontrar alguns à venda em sites como o Mercado Livre e ouvir outros na íntegra pelo Youtube. Mate suas saudades do programa ou confira como era um programa de rádio dos anos 60 e 70 abaixo.