Segue mais uma futura produção brasileira de época e, desta vez, focada na comunidade LGBT+, assim como em um período histórico importante do nosso país. Ambientada nos anos 80, a nova minissérie Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente abordará sobre o início da epidemia de AIDS no Brasil e suas dificuldades, assim como contar com uma equipe de produção e elenco com lugar de fala entre o público LGBT+.
Estrelada por Ícaro Silva, Johnny Massaro e Bruna Linzmeyer, que são, respectivamente, “sexualmente livre”, gay e ativista lésbica na vida real, a produção gira em torno de um grupo de trabalhadores de empresas aéreas que fazem parte de um esquema de contrabando do coquetel AZT liderado pelo comissário Fernando (Massaro). O medicamento usado para tratar pacientes em estágio avançado da AIDS não era autorizado pela Anvisa na época.
A produção é baseada em fatos reais e contou com a ajuda da médica infectologista Marcia Rachid, autora do livro Manual de HIV/AIDS, para o trabalho de pesquisa da nova minissérie. Com as gravações a serem iniciadas apenas em novembro, a nova minissérie LGBT+ será produzida pela Morena Filmes, dirigida por Marcelo Gomes e conta com o roteiro de Leonardo Moreira e Patricia Corso. Com 5 episódios, Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente está previsto para ser lançado em 2024 no streaming da HBO Max.
Contexto Histórico
Apesar de loucos, os anos 80 foram um período delicado para o Brasil. O país tinha recém conquistado a redemocratização e a liberdade cultural, as relações sexuais se tornaram livres, assim como os então apenas chamados de gays começaram a se assumir.
Entretanto, havia uma epidemia do então novo e desconhecido vírus causador da AIDS circulando pelo país. Como bem sabemos, esta doença atacava (e ainda ataca) os sexualmente ativos, independente da orientação sexual. Mas, por preconceito, a população atribuiu a doença apenas para os LGBT+, chegando até chamar a infecção de “praga-gay”, “câncer dos gays” e até mesmo de “castigo de Deus contra essa raça desgraçada”.
Quando lá fora descobriram a eficácia do coquetel AZT para o tratamento do HIV em 1980, a Anvisa, ainda por preconceito, demorou mais alguns anos para liberar o medicamento por aqui. Isso acabou dizimando a vida de muitos e levando alguns outros ao contrabando e, consequentemente, ao tratamento “de fundo de quintal”, que não apenas era ilegal, como também arriscado para a vida do paciente. O AZT só foi legalizado no Brasil em 1987.