Há 50 anos, Rogério Sganzerla lançava seu primeiro longa-metragem O Bandido da Luz Vermelha, filme de gênero policial que viria se tornar um dos maiores clássicos do cinema marginal. Com enredo inspirado no caso real do notório assaltante João Acácio Pereira da Costa, apelidado pela mídia nacional como Bandido da Luz Vermelha; a produção de Sganzerla foi indicada ao 4° Festival de Brasília, vencendo as categorias melhor figurino, melhor montagem, melhor diretor e melhor filme.
No filme, somos apresentados a Jorge, um misterioso assaltante que ataca mansões na capital paulistana.
Ele ganha a alcunha de “Bandido da Luz Vermelha” por sempre carregar consigo uma lanterna de luz vermelha e por manter longas conversas com os moradores, protagonizando em seguida, fugas ousadas.
Seus crimes despertam a atenção da polícia e da imprensa, e a partir daí é dada início a perseguição ao sedutor assaltante.
Integram o elenco de O Bandido da Luz Vermelha: Paulo Villaça (no papel-título), Helena Ignez, Luiz Linhares, Pagano Sobrinho, Roberto Luna e Sônia Braga.
Em 2012, o longa ganhou uma sequência Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha, dirigido por Ícaro Martins e Helena Ignez, viúva de Sganzerla. Idealizado originalmente por Rogério Sganzerla, a continuação traz Ney Matogrosso no papel protagonista.
QUEM FOI O BANDIDO DA LUZ VERMELHA?
Nascido em 24 de junho de 1942 em Joinville (Santa Catarina), João Acácio vivia na cidade de Santos, litoral paulista. Apesar da boa aparência, o rapaz passava longe de ser um simples morador. Acácio era também o famoso criminoso que vinha aterrorizando a capital: O Bandido da Luz Vermelha.
Na década de 1960, durante seis anos, Acácio partia para São Paulo, para assaltar casas luxuosas e desfrutar do dinheiro conquistado com festas e mulheres. Antes de ser conhecido como O Bandido da Luz Vermelha, o assaltante foi designado pelo veículo impresso Notícias Populares como Homem Macaco. Neste período, ele fazia uso de um macaco hidráulico para romper as grades de proteção e assim, invadir as residências. Também lhe foi atribuído o apelido Mascarado.
Fascinado pela cor vermelha, pelo cantor Roberto Carlos e por filmes de faroeste, Luz Vermelha dividiu sua alcunha com o norte-americano Caryl Chessman, o Bandido da Luz Vermelha (The Red Light Bandit) original, morto na câmera de gás da penitenciária San Quentin, Califórnia, em 1960.
João Acácio foi associado a tal apelido devido ao seu modus operandi. Ele cortava a eletricidade das mansões e as invadia descalço e trajando um lenço vermelho para esconder o rosto, assim como nos filmes western. Carregava consigo uma lanterna de luz vermelha, para intimidar suas vítimas. Contudo, não era sempre que o criminoso levava o acessório.
Quando encontrava algum morador presente na casa, mantinha uma duradoura conversa. Era tão sedutor que algumas destas vítimas cozinhavam para ele. Depois, escapava com os pertences.
Apesar de ser considerado pela mídia como o primeiro serial killer do Brasil, o Bandido da Luz Vermelha não era um assassino em série tradicional, visto que os quatro assassinatos que cometeu não foram planejados.
Vivendo sob falsa identidade – Roberto da Silva –, Luz Vermelha foi capturado em 8 de agosto de 1967 em Curitiba, aos 25 anos, por meio da descoberta de impressões digitais encontradas na janela de uma das residências que invadira.
Sentenciado em 88 processos (77 assaltos, quatro assassinatos e sete tentativas de homicídio), o assaltante pegou 351 anos de prisão. Cumpriu 30, que é a permanência máxima permitida pela lei brasileira. Entretanto, saiu para morrer. Em 5 de janeiro de 1998, quatro meses após sua libertação, João Acácio Pereira da Costa foi morto por um tiro de espingarda, ao se envolver em uma briga de bar.