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Pearl Jam: Do rock alternativo dos anos 90 ao mainstream no Lollapalooza

26 de março de 2018, por Vanessa Rodrigues Rabelo
Música
Pearl Jam

Do rock alternativo ao grunge e passando pelo hard rock, estas são algumas das facetas do Pearl Jam. A banda teve seu pontapé inicial em meados da década de 80, mas foi nos anos de 1990 que se consolidou, obteve a formação mais conhecida e mostrou todo o talento para o grande público. Com o álbum Ten, de 1991, o grupo ganhou notoriedade da grande massa e foi sucesso de vendas.

Não é somente o sucesso comercial que marca a história do Pearl Jam. Se antes eles poetizavam assuntos até então pouco abordados na indústria musical, como a depressão e suicídio; agora, lidar com o peso da fama também era um conflito a ser travado.

Após ganharem o MTV Video Music Awards, em 1993, pelo vídeo da música Jeremy, se recusaram a gravar vídeos para outros singles da banda naquela ocasião. Passavam pelo dilema de fazer arte pela própria essência do ofício ou ser meramente comercial.

Em um dos momentos mais críticos, após a morte de alguns fãs da banda ao serem pisoteados durante o Festival de Roskilde, em 2000, na Dinamarca, os integrantes pensaram em finalizar as carreiras. Porém, em 2002, lançaram o álbum Riot Act que conta com a canção I am mine. O som fala sobre pertencermos a nós mesmo e como o que temos é a nossa mente. A harmonia é um pouco pesada, mas com um toque que lembra as trilhas sonoras do cinema western.

O legado do Pearl Jam é imensamente mais complexo do que se pode explicar em alguns parágrafos. Porém, no dia 24 de março, encerrando a segunda noite do Festival Lollapalooza, com Stone Gossard e Mike McCready nas guitarras, Jeff Ament no baixo, Matt Cameron na bateria e Eddie Vedder nos vocais, o grupo mostrou que boa música não tem prazo de validade.

Abriram o show com a música Wash e surpreenderam ao tocar já no início, como a terceira canção, Do the Evolution, lançada no álbum Yield, em 1998. Escrita pelo próprio Eddie Vedder, 20 anos atrás, ele já falava sobre como a tecnologia dominava as nossas existências.

Pearl Jam

Pearl Jam (Foto: Divulgação)

Depois de apresentarem Why go, Vedder arriscou conversar com o público em português. Fato que se repetiu durante vários outros momentos na apresentação. O vocalista falou: “É uma benção estar com essa galera incrível hoje. São tantas bandas legais. Vocês estão na TV… Então vamos acenar para nossas famílias.”

Apesar de fazerem um som pesado, tocaram, em versão acústica e com a presença de violão, a faixa Small Town. Uma das marcas do Pearl Jam é falar sobre assuntos que interferem na vida social tanto do país de origem, quanto em outros. Eddie Vedder falou sobre o quanto estava orgulhoso das manifestações que estavam ocorrendo na terra natal da banda.

O fato em questão é sobre as manifestações para barrar a venda indiscriminada de armas nos Estados Unidos. Para isso, dedicou a música Can’t Deny Me, lançada em 2018, que faz aparente crítica ao governo de Donald Trump. A apresentação continuou com Even Flow.

Com a presença de Perry Farell, fundador do Lollapalooza, e importante músico, vocalista do grupo Jane’s Addiction, o Pearl Jam parabenizou o convidado pelo aniversário e cantaram juntos para celebrar. Com uma canção mais recente, a banda seguiu a apresentação com Unthought Known, de 2009, e levou o público a um momento ápice com Jeremy, do aclamado álbum Ten. O show contou ainda com a performance de Sirens.

Ao falar sobre o fundo financeiro que deixaram, após passarem pelo Brasil, no país para a revitalização ambiental de acordo com a poluição ambiental gerada pela banda e fãs durante a turnê nacional, Vedder comentou sobre a passagem do grupo pela Amazônia e tocaram a música Better man. Black parecia ser a última música, porém os músicos retornaram para o bis. Apresentaram, ainda Smile e um cover de Comfortably Numb, do Pink Floyd. Ao final, tocaram o clássico Alive. A canção conta a história de um garoto que descobre que o homem, até então, visto por ele como pai; não é de fato o pai biológico.

O Pearl Jam elevou o nível de qualidade do festival e mostrou como uma banda sólida e com tanta experiência pode atrair desde o público mais jovem até o mais experiente. Os arredores do palco estavam completamente lotados e, aparentemente, foi a maior plateia até o momento. Os integrantes estavam todos em sintonia. E nem é preciso falar sobre a excepcional qualidade de todos os músicos tanto na guitarra, no baixo, na bateria quanto nos vocais.

A banda mostrou que, mais do que canções pop que falam sobre um mundo totalmente em ordem e colorido, é preciso falar sobre as mazelas sociais e os assuntos praticamente intocáveis pela grande indústria fonográfica atual. Se para a grande massa o grunge pode soar como algo desconhecido, o Pearl Jam está aí para provar que ainda há espaço para questionar.

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