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Pinartz – Cover Girls: Conheça Bruna Gabrille, artista brasileira que desenha pin-ups como capas de revistas

24 de abril de 2020, por Daise Alves
Design
Pin-Up capa de revista

Pinartz – Cover Girls é o nome do projeto de Bruna Gabrille, artista brasileira que decidiu ilustrar garotas pin-ups como capas de revistas. Em menos de 1 mês que o perfil do projeto foi lançado no Instagram, já foram mais de 20 artes publicadas e a conta já ultrapassa mais de 500 seguidores.

A revista em si não existe, mas a ideia de criar “as garotas da capa”, com direito a manchete, foi uma forma criativa que a artista descobriu para destacar sua arte em meio a tantos trabalhos artísticos inspirados na arte pin-up que surgiu no início do século XX e inspira artistas até hoje.

A proposta de Bruna foi tão bem aceita pelo público que além das capas de revistas, a artista também está aceitando encomenda de ilustrações para estampar capa de disco, almofadas, imãs de geladeira e até meias.

Além de ilustradora, Bruna possui vários dons artístico, é também atriz e dubladora. Para entender como surgiu essa ideia e todo o processo criativo, fizemos uma entrevista com ela. Confira a seguir:

A Pin-Up dan von Roger na capa da revista Pinartz

A Pin-Up Dan von Rogers na capa da revista Pinartz

Universo Retrô: Você é dubladora, atriz e já vimos no seu perfil pessoal que adora fotografar. A veia artística realmente está em você. Mas, nos fale sobre quando começou a ilustrar.

Bruna Gabrille: Eu não consigo me lembrar de um só momento sequer na minha vida em que eu não estivesse desenhando. Para mim, é algo inato, parece que sempre esteve ali, nasceu comigo.

Provavelmente isso soará meio piegas (e eu jamais esperava que um dia teria a oportunidade de usar a palavra “piegas”), mas minha mãe e tias contavam que ao invés de chutar na barriga, eu desenhava ondinhas com os pés. Para mim, isso soa bastante assustador, mas para elas era um evento!

Dificilmente terá uma foto minha de infância que eu não esteja cercada com mil lápis espalhados ou rabiscando em minha lousa. Se eu tivesse que determinar um ponto da vida em que tornei-me ilustradora, eu diria que foram 10 anos atrás, aos meus 16 anos, quando vendi minha primeira arte profissionalmente.

Gessica Rouse ganhadora do Concurso Pinartz

Gessica Rouse ganhadora do Concurso Pinartz

Universo Retrô: Quando você começou a se interessar pela arte pin-up?

Bruna Gabrille: Eu sempre tive fascínio pela estética vintage, não somente a moda, os cabelos, toda a sofisticação, mas também as construções, as mobílias, a tecnologia analógica. Tudo parece tão incrivelmente impecável e agrada muito meu senso estético. Como sou de teatro, não preciso de muitas desculpas para me montar inteira! Eu adoro atuar em espetáculos cuja história é ambienta no passado.

Se tentar buscar na memória, provavelmente eu diria que a primeira vez que entendi o que era uma pin-up foi na era Orkut (aqueles nascidos nos anos 90 me entenderão). Em uma dessas comunidades aleatórias sobre Photoshop, alguém comentava sobre a arte pin-up de Gil Elvgren e como eram manipuladas as fotos através de pinturas, já que obviamente se tratava de uma era pré softwares de edição.

Pin-Up Frau Santiago na Pinartz

Pin-Up Frau Santiago na Pinartz

Universo Retrô: Quem são suas inspirações e referências em ilustração pin-up?

Bruna Gabrille: Não tenho como não ser um pouco clichê e destacar a fórmula artística de Elvgren, o que faço segue basicamente o mesmo princípio com recursos mais ágeis. Eu admiro e acompanho ilustradores do mundo todo focados em pin-ups, como:

Oliver, da Alemanha, que faz uma releitura das pin-ups como fadas (@fairy_pinup.s); o Daniel Castelli, da França (@dc_sketcking) que faz sketches incríveis de pin-ups reais. Alejandra Oviedo (@ruttu_ruttu) da Colombia; Cameron Mark (@cameronmarkart) do Canadá, que não é focado em pin-ups, mas com certeza é a maior influência do meu estilo de desenho.

Eu poderia citar artistas para sempre! Mas a realidade é que minha inspiração vêm de lugares aleatórios, uma luz diferente batendo na janela, uma música, qualquer coisa pode me gerar o impulso de criar. Eu me deixo levar mais por fotografias do que por influência direta de outro ilustrador.

Pin-Up Larissa, a MS gothabilly, na Pinartz

Pin-Up Larissa, a MS gothabilly, na Pinartz

Universo Retrô: Como surgiu a ideia do projeto Cover Girls?

Bruna Gabrille: Eu estava em busca de fotógrafos que fizessem ensaios com temáticas diferenciadas para o meu portfólio como atriz. Acabei encontrando a fotógrafa Renata Candido que realizou um dos trabalhos de fotografia que mais me orgulho em ter em meu currículo.

Acabei ganhando não só uma fotógrafa, mas também uma amiga e devo dizer que sem ela não haveria a Pinartz. Em virtude do isolamento social, todas as empresas para as quais eu oferecia meus trabalhos como freelancer encerraram as suas atividades. Os espetáculos de teatro que eu iria estrear e a escalas de dublagem foram todos adiados, sem qualquer previsão de retorno. Nem preciso dizer que a fonte estava secando.

Em uma conversa com a Renata, percebi que eu não era a única desanimada com o meu trabalho durante o isolamento. Então decidi fazer uma ilustração de uma das fotos dela, para que ela se visse como eu a via, uma estrela! Foi um raciocínio muito simplório, “estrelas ilustram capas de revistas”, assim eu a fiz.

Quando recebeu a arte ela me disse: “Isso é lindo! Você precisa criar um página e vender isso!”, ela já batia nessa tecla há um tempo. Eu criei a página com o incentivo dela e de maneira despretensiosa, a maioria dos artistas tem a síndrome do impostor e acham que nunca alcançarão o sucesso ou que ninguém irá se interessar por aquilo que você tem a oferecer.

Eu não sou exceção a essa regra! Por essa razão, ainda me espanta a proporção que meu trabalho tomou em tão poucos dias.

Revista Pinartz

Renata Candido como Chubby Pin-Up na capa da revista Pinartz, I

Universo Retrô: Nos conte um pouco sobre como funciona seu processo artístico.

Bruna Gabrille: Quando recebo a foto para ilustrar uma capa, peço para que a remetente defina a “manchete”. É a partir daí que percebo a personalidade dela e começo a esboçar como irei retratá-la. Gosto de trabalhar de madrugada, de alguma forma fico mais produtiva assim. Não gosto de parar uma ilustração na metade e continuar depois, raramente faço isso.

Cada capa leva em média de 4 a 6 horas para ficar pronta, já cheguei a passar 7 horas e meia em um único trabalho. Sinto que esse é meu diferencial, mais do que uma arte bonita, eu as mostro que percebi todos os detalhes delas, que não estou simplesmente as vendo, eu as enxergo!

Pin-Up Dark Bloom como capa da revista Pinartz

Pin-Up Dark Bloom como capa da revista Pinartz

Quem quiser ser uma Pinartz, basta entrar em contato com o Instagram da artistas @pinartz.cg. para saber valores e condições de pagamento.

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