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Representatividade: quando os remakes e produções de época geram discussões

27 de março de 2023, por Leila Benedetti
Cinema & TV
Representatividade

De uns dez anos para cá muito se fala sobre representatividade, começou pelas redes sociais, depois foi para as passeatas nas ruas e, logo em seguida, foi para o cinema, TV e streaming. Produções audiovisuais com enredo inédito e ambientalização contemporânea são bem aplaudidas pelo público, mas a coisa muda quando se trata de remakes e produções de época

Estes são alvo de críticas já muito antes da estreia, logo na divulgação do cartaz. Os remakes são os que mais recebem comentários sem cabimento, como o caso da live-action da Pequena Sereia, por exemplo, em que Halle Bailey, a atriz que interpreta a sereia Ariel, foi chacotada na web por ser negra, sendo que na animação original a personagem era ruiva, branca e de olhos verdes, “destruindo a infância do público”. 

A Pequena Sereia
(A versão live-action da sereia Ariel é interpretada por Halle Bailey, uma atriz negra. | Foto: Divulgação/Disney)

Qual a diferença entre ser negra ou ruiva? Sereias nem existem! Fora que isso não destrói infância nenhuma, há causas bem mais graves na vida real. Se o enredo estivesse ligado a uma região específica em que a etnia era importante, como no caso de Aladdin ou Mulan, aí sim o público teria todo o direito de se manifestar.

Quanto às produções de época, apesar de não serem triviais, os comentários que estas recebem são um tanto equivocados. Hoje, uma boa parte do elenco desse tipo de produção é formado por atores e atrizes negros, cujos papéis são de personagens com algum status social elevado, sem contar que acontece do enredo ter situações e personagens referentes à comunidade LGBT+ ou ao feminismo. Muitos justificam suas críticas com fatos históricos, esquecendo que o enredo é fictício e que o mundo fictício é bem diferente do real. 

Preconceito velado

A representatividade nos remakes e produções de época é importante por dois motivos – o primeiro é aquele que conhecemos, dar visibilidade para minorias, enquanto que o segundo é para medir o tamanho do preconceito vindo da sociedade, quanto mais críticas sem nexo, mais preconceituoso é o público. 

Muitas pessoas ainda se incomodam com a presença de pessoas negras ou LGBT+ em posições de destaque, mas, para evitar a má imagem, usam fatos da história ou a falta de fidelidade dos remakes como desculpa. Alguns fazem isso de forma inconsciente, mas, mesmo assim, isso precisa ser abolido. 

Além disso, como se não bastasse, acontece com muita frequência desse “preconceito velado” vir em forma de discurso de ódio, principalmente quando se trata dos filmes de Hollywood. É muito comum ver nas redes sociais comentários ofensivos contra a plataforma que lançará a produção, a produtora ou a geração atual, no caso a Z. Até quando a representatividade nos remakes e produções de época será um problema para os espectadores? Fica a questão. 

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