Não é novidade para ninguém, mas Roberto Carlos foi mais além da música e se aventurou no cinema. Inspirado na fórmula dos Beatles, que também tinham as telonas como um dos meios de se promoverem, o Rei que ajudou no surgimento da Jovem Guarda protagonizou filmes ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa com uma extensa trilha sonora formada pelos seus hits e uma rica estética sixties (óbvio!), além de enredos aventurescos, que atiçaram a energia dos jovens da época e, hoje, atiça a dos nostálgicos e sessentistas de plantão.
Aproveitando que o cantor completa 82 primaveras neste dia 19, o UR listou 7 filmes dele datados entre os anos 50 e 70 para maratonar. Vale ressaltar que não são apenas filmes protagonizados por ele, como também aqueles nos quais só fez uma participação e até mesmo uma figuração (ativem seus olhos de lince nesses últimos!).
A filmografia de Roberto Carlos
Figuração
Enquanto estava no começo de sua carreira como músico no final dos anos 50, Roberto Carlos já tentava conquistar um espaço no cinema nacional. Suas primeiras experiências no ramo foi atuando como figurante em 4 filmes.
1 – Alegria de Viver (1958 – dir. Watson Macedo)
Com pegada bem cinquentinha, ao estilo dos filmes românticos da era de ouro de Hollywood, a comédia musical Alegria de Viver conta a história de Gilberto (John Herbert). O jovem trabalha no escritório do milionário Senhor Pires (Afonso Stuart), mas à noite se transforma em King, o presidente do clube juvenil Copa Jazz.
Este filme retrata bem a juventude da época, envolvendo confusões amorosas e números musicais, como os de Trio Irakitan, Ivon Curi e Augusto César Vanucci. Quanto à figuração de Roberto Carlos, o então jovem de 17 anos aparece como bilheteiro de um cinema em um breve momento do filme.
2 – Minha Sogra é da Polícia (1958 – dir. Aloísio de Carvalho)
Com o roteiro de Chico Anysio, a comédia Minha Sogra é da Polícia gira em torno de Valdemira (Violeta Ferraz). Após concluir seu curso de artes marciais, a senhora decide abrir uma agência de detetives dentro da própria casa e envolve sua família, especialmente seu genro Evaristo (Costinha), um simples funcionário público, em várias confusões. Este filme, que pode ser encontrado em sites não-oficiais, é o primeiro em que Roberto Carlos aparece tocando, no caso, como membro da banda de apoio de Cauby Peixoto durante uma cena musical.
Protagonismo
Alguns anos depois, Roberto Carlos se consagrou com a Jovem Guarda e passou a protagonizar seus próprios filmes, que hoje são bem conhecidos e fáceis de encontrar na íntegra no Youtube. São três lançados entre 1968 e 1971 com uma trilha sonora formada pelas suas músicas e uma pegada bem groovy/psicodélica, característica típica da época.
3 – Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968 – dir. Roberto Farias)
Interpretando ele mesmo, Roberto Carlos está gravando um filme no qual ele faz papel de vilão e se vê perseguido por uma gangue americana, que quer levá-lo para os EUA e usá-lo para a produção de canções em massa com a ajuda de um cérebro eletrônico. O enredo inteiro de Roberto Carlos em Ritmo de Aventura se resume a esse jogo de gato e rato entre os bandidos e o cantor, que percorre as estradas do Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York e Cabo Kennedy usando helicóptero, avião, carro, iate, tanque e foguete.
4 – Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa (1970 – dir. Roberto Farias)
Em Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa, o cantor, Erasmo Carlos e Wanderléa estão viajando pelo Japão quando a cantora resolve comprar uma estatueta antiga. Logo após a compra o trio passa a ser perseguido por uma quadrilha de lutadores orientais. Roberto e Erasmo fogem para Israel, mas Wanderléa se torna prisioneira pelos bandidos no Japão, e agora eles precisam voltar ao país para salvá-la.
5 – Roberto Carlos a 300km por Hora (1971 – dir. Roberto Farias)
Sendo o único filme da trilogia em que Roberto não interpreta ele mesmo, Roberto Carlos a 300km por Hora conta a história de Lalo (Roberto Carlos), um tímido mecânico de carros fascinado pelos carros de corrida. Um dia ele e seu amigo Pedro Navalha (Erasmo Carlos) se vêem treinando em segredo com o carro de seu cliente Rodolfo (Raul Cortez), ás do automobilismo e namorado de Luciana (Libania Almeida), a paixão platônica de Lalo.
Participações
Nesse meio tempo em que protagonizava sua trilogia, Roberto também era chamado para fazer participações, inclusive internacionais. De entre o fim dos anos 60 até o início de 70, o cantor participou de um filme italiano e um documentário brasileiro.
6 – Chimera (1968 – dir. Ettore Maria Fizzarotti)
Na comédia Chimera, o cantor Gianni Raimondi (Gianni Morandi) termina o serviço militar e volta a fazer turnês, deixando sua mulher grávida, Laura Raimondi (Laura Efrikian), em casa. Ao fazer shows pela América do Sul, ele se apaixona por outra mulher, mas logo desiste do affair ao saber que a esposa está doente. Roberto Carlos faz uma breve aparição como Carlos Roberto, um apresentador brasileiro de televisão que recebe o protagonista, que está no Brasil, em seu programa. Na cena, antes de chamar o músico no palco, ele canta A Che Serve Volare, versão italiana de Por Isso Corro Demais.
7 – Som Alucinante (1971 – dir. Guga de Oliveira)
Entre 1970 e 1971, a Rede Globo exibiu o programa Som Livre Exportação, um festival de música que recebeu nomes famosos da música nacional, tanto “alternativos”, como Ivan Lins e os Mutantes, por exemplo, quanto os mais consagrados, como Elis Regina e, claro, Roberto Carlos. Ainda neste mesmo período, este festival rendeu ao diretor Guga de Oliveira, irmão do Boni, um filme documentário ao estilo daquele que registrou o festival de Woodstock, com trechos do festival e entrevistas com os artistas, a equipe de produção que trabalhou no evento e gente da plateia.