No último sábado (3), aconteceu no Teatro Opus, no Shopping Villa Lobos, a última atração do Samsung Blues Festival, com Albert Cummings – show mais esperado do evento – e abertura Hammond Grooves. Responsável por unir grandes feras do blues – um dos gêneros que originou o rock -, o Blues Festival, que também teve como desdobramento a Mostra Blues, contou com outras atrações internacionais e nacionais como Sonny Landreth e Igor Prado, na quinta-feira (1), e Malina Moye e Blues Etílicos, na sexta-feira (2).
O INÍCIO DO SHOW
Antes da abertura dos shows, houve uma recepção aos convidados, com comes e bebes à vontade e uma surpresa para os recepcionados. Um pocket-show da banda Mustache e Os Apaches, que vem ganhando destaque no cenário musical paulistano e trouxe um repertório animado e muita descontração para quem estava presente.
Às 21h20 deu-se início, então, à banda Hammond Grooves. Criada em 2014, traz referências do jazz e funk, mesclando com ritmos brasileiros e criando um um show super empolgante. Liderada por Daniel Latorre, que toca um Hammond B3 – instrumento criado nos anos 30 e que inspirou o nome do grupo -, a banda faz um som completamente instrumental, composto também por bateria e guitarra, e consegue trazer uma boa sinergia para quem os assiste.
Nos intervalos de cada música, o líder Daniel sempre batia um papo com a plateia de forma descontraída, fazendo uma pequena introdução sobre a próxima música que iriam tocar ou trazendo alguma informação histórica sobre ela ou sobre o jazz.
Entre as músicas tocadas pelo trio, o destaque vai para uma das músicas do Nirvana, em versão de jazz, em um momento em que Daniel fala que “O jazz era a música pop da época” e resolveram, então, transformar o que foi uma música pop em sua adolescência em um som jazzista.
Destaque também para o momento em que Daniel fala que “O baião é o nosso blues”, pois assim como o blues narra a tristeza dos negros americanos, o baião narra o sofrimento do povo nordestino. Assim, inicia-se, então, um clássico som de baião, em uma mistura de jazz e blues. Entre os artistas da época, foi lembrado Luiz Gonzaga que fez sucesso no Brasil durante os anos 40.
O SHOW MAIS ESPERADO
O intervalo entre a banda de abertura até a tão esperada entrada de Albert Cummings não levou mais que 15 minutos, e ao pisar no palco já sentimos o peso de sua guitarra que agitou a plateia, trazendo uma “bluseira pesada”. Não fugindo muito do seu tradicional figurino camisa, calça jeans e boné, um visual um tanto atípico para um artista do blues, Cummings provou que não precisa de nada disso para mostrar o seu talento.
Com um timbre que rasgava todo o teatro, Albert Cummings impressionou a plateia em um momento que soltou sua voz sem precisar de microfone, ecoando em todo o espaço. Diferente da banda de abertura, Cummings quase não interagiu com a plateia – talvez pelo idioma – fazendo um show direto e sem rodeios, mas arriscou alguns agradecimentos em português.
Entre as músicas tocadas a que mais agitou o público foi Make Me Fell So Good, conquistando a plateia que fez com um lindo coro cantando o refrão. Quem também impressionou o público foi o baterista Warren Grant, cheio de simpatia, cativando a todos com seu enérgico solo de bateria.
Originário das classes mais baixas, hoje, o blues, muitas vezes esquecido pelo mainstream, tornou-se um som para poucos, quase um gênero do “underground”. Festivais como esse são importantes tanto para manter viva a energia do blues, quanto para valorizar os artistas que se dedicam a esse gênero musical.