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Sergio Farias: escritor brasileiro de biografias como a de Peter Tork é entrevistado pelo UR

8 de junho de 2022, por Leila Benedetti
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Sergio Farias

Sergio Farias é um dos pouquíssimos escritores brasileiros focados em biografias de roqueiros internacionais famosos dos anos 60 e 70, isso se não for o único, visto que muitos livros do tipo que encontramos à venda são escritos fora do Brasil e traduzido para o nosso português.

Suas obras (que, aliás, estão à venda na Amazon) nos contam a trajetória de nomes como John Lennon e Peter Tork nos mínimos detalhes, desde a vida do astro em si até o cenário de toda a história, o que acontecia na época em que estava no auge e muitos outros fatos. Só o livro de Peter, por exemplo, já é uma aula de história completa dos anos 60, com fatos políticos e culturais não só dos Estados Unidos, onde o monkee vivia, como também do Brasil, onde o escritor e seus leitores vivem, e, claro, da Inglaterra, onde surgiram os Beatles e a Swinging Sixties, que revolucionaram culturalmente boa parte do mundo.

Sem mais delongas, vamos mostrar para vocês, leitores, o bate-papo que tivemos com Sergio, que nos contou sobre sua trajetória como escritor, suas obras, inspirações, o que pretende lançar em breve, além de sua paixão pelo rock dos anos 60 e 70.

Confira o nosso papo com Sergio Farias

UR – Quando foi que você começou sua carreira de escritor?

SF – Acho que posso dizer que foi assim que me alfabetizei, pois me recordo de escrever um “livro” com as folhas do meu caderno, sobre uma fictícia historia do Brasil, baseada nas efígies das notas de dinheiro. Como eu também desenhava, eu mesmo ilustrei o “livro”. Profissionalmente, foi aos dezenove, quando comecei a escrever para teatro. Mas me encontrei mesmo, quando comecei a escrever artigos sobre o rock dos anos 1960/70, no jornal International Magazine, em 1995.

UR – Qual foi ou foram suas inspirações?

SF – As leituras na escola tiveram seu valor, no sentido de uma maior sofisticação na escrita, o que não podia ser diferente, ao ler Machado de Assis, Raquel de Queiroz, Fernando Sabino, Ariano Suassuna e depois Dostoievski. Não que eu tenha me tornado um avido leitor de clássicos, longe disso, infelizmente, gostaria de ter lido muito mais, por outro lado, o que muito contribuiu foi a teledramaturgia. Sempre fui telemaniaco, e desde as novelas até os seriados americanos, exibidos durante a minha infância nos anos 1970, foram fundamentais. 

A Vida e Obra de Peter Tork
(A biografia de Peter Tork publicada por Sergio Farias foi lançada recentemente nos EUA com tradução para o inglês. | Foto: Divulgação/Amazon)

UR – Suas obras tem como temática os astros do rock dos anos 60 e 70, como foi despertada essa paixão por eles?

SF – Em 1975, quando eu tinha 10 anos, foi reprisada no Brasil a série The Monkees. Aquilo me empolgou tanto que eu passei a querer saber tudo sobre a banda. Mas, na época, nada saía sobre eles nos jornais e tampouco seus discos estavam disponíveis nas lojas. Então eu gravava as musicas num gravador portátil direto do som da TV, e a historia deles, eu escrevia para mim mesmo, inventado tudo, lógico.

Pouco depois descobri os Beatles e, ao contrario dos Monkees, tudo sobre eles estava à disposição. Então me tornei um ardoroso fã, dos Beatles, dos Monkees e da cena rock’n’roll dos anos 1960. Não que eu deixasse de ouvir o som contemporâneo da época.

UR – Cite suas obras e qual a que mais te marcou.

SF – Eu passei quinze anos escrevendo artigos sobre os astros pop dos anos 1960/1970, Frank Zappa & The Mothers of Invention, Velvet Underground, Bill Haley, Wilson Simonal, Olivia Newton-JohnBee Gees, Billy Preston entre vários outros. Meu primeiro livro, John Lennon: Vida e Obra, saiu em 2011. Sete anos depois lancei Love Is Understanding – A Vida e a Época de Peter Tork e os Monkees, o qual fiz uma turnê de lançamento por dez cidades no Brasil, Portugal e Argentina.

No inicio de 2022, publiquei Manipuladoras, um romance erótico policial. E agora estou iniciando no mercado americano com a versão em inglês de Love Is Understanding – The Life and Times of Peter Tork and The Monkees, que para minha grata surpresa chegou ao Top 20 na parada de biografias musicais na Amazon

Sobre a que mais me marcou, digamos que o primeiro livro sempre é impactante, ainda sendo sobre John Lennon, mas está entrando num mercado tão concorrido como o americano, para mim está sendo emocionante, então também coloco a biografia sobre o Peter Tork num lugar muito especial. Até o final do ano devo lançar um livro sobre a carreira solo do Ringo Starr, que também tenho boas expectativas.

Outras obras de Sergio Farias
(A primeira publicação do escritor, sobre John Lennon – esq. – e sua recente Manipuladoras, um romance erótico-policial. | Foto: Divulgação/Amazon)

UR – Você também já escreveu para o teatro e criou HQs, conte-nos sobre esses dois trabalhos.

SF – As HQs nunca saíram dos limites do meu quarto, na infância e adolescência. Só mostrava para minha família e alguns poucos amigos. Já a peça Quem Te Viu, Quem Te Vê escrevi e montei em 1986. Era um texto de cunho politico, creio que embalado pelo movimento Diretas Já, embora que a trama da peça seja ambientada nos anos 60. Possivelmente eu edite esse texto num livro em breve. Minha carreira de “dramaturgo” não foi longe, mas muito felizmente me fez cruzar com o grande Domingos Oliveira, de quem fui assistente de direção por dois anos, e um amigo de vida inteira.

UR – Alguma palavra aos nossos leitores para encerrar a entrevista?

SF – Acho que a musica pop dos anos 50 e 60 foram uma magnifica base, mas as coisas boas na musica continuaram a surgir. Acho que um dos legados desses pioneiros é que sempre devemos ficar abertos ao novo. Sempre quando alguém da minha idade (tenho 57) vem falar mal da Anitta, por exemplo, dizendo que “antigamente era que se fazia musica boa”, lembro que quando o Elvis e os Beatles surgiram, a geração anterior dizia a mesma coisa sobre eles.

Na minha opinião, seja Anitta ou o BTS, todos são frutos das barreiras que os pioneiros do rock quebraram no passado. É o passado sempre presente, como diz muito bem o Universo Retrô. É um orgulho ser entrevistado por vocês. Muito obrigado!

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