Mais um sinal de que estamos velhos! A Série Vaga-Lume completa 50 anos agora em 2023. Com mais de cem livros escritos por diversos autores brasileiros, esta coleção nos trazia histórias leves, mas que abordavam situações misteriosas, investigativas e até fantasiosas.
O bacana é que essas histórias (aliadas à dinâmica da professora) deixavam os trabalhos escolares e as provas de português mais divertidos, atraindo melhor a atenção do aluno e incentivando o hábito pela leitura. Confira a origem dessa coleção e relembre alguns títulos de sucesso.
A História da Série Vagalume
Republicação de obras já consagradas
Em 1973 a Editora Ática lançou a Série Vaga-Lume a fim de atrair melhor a atenção dos jovens para as aulas de literatura da escola. De início, os títulos lançados nesta coleção eram de obras já consagradas de décadas anteriores. Mas antes estas passavam por uma avaliação para conferir se seu enredo se enquadrava com seu público-alvo.
O primeiro livro publicado foi A Ilha Perdida, de Maria José Dupré, cujo lançamento original foi em 1944 pela editora Brasiliense. Sua história girava em torno de dois garotos de 14 e 12 anos que passavam as férias na fazenda de um casal de tios. Lá eles descobrem uma ilha fluvial e decidem explorá-la às escondidas utilizando uma velha canoa. Mas em algum momento eles se perdem, se separam e um deles é sequestrado por um eremita. Além do enredo, este livro também tinha o respeito pela natureza como tema.
Logo em seguida, outros clássicos foram relançados para a série, como Éramos Seis, lançado originalmente em 1943 também por Maria José Dupré e que abordava sobre a realidade de uma família classe média da época, e O Escaravelho do Diabo, escrito por Lúcia Machado de Almeida em 1953 e que abordava sobre uma misteriosa onda de assassinatos.
Títulos inéditos e condizentes com a realidade dos jovens
Nos anos 80, a Série Vaga-Lume continuou os clássicos, mas também passou a acrescentar títulos próprios com enredos mais condizentes com a juventude da época. Essas publicações exclusivas geralmente eram protagonizadas por adolescentes que, com a orientação de alguém mais velho, investigavam algum crime, em sua maioria assassinatos, ao mesmo tempo em que lidavam com situações comuns de sua faixa etária, como a rotina na escola e no trabalho de meio período, suas paixões e amizades, assim como sua convivência com a tecnologia da época.
Alguns dos livros desse naipe são Um Cadáver Ouve Rádio, de Marcos Rey, e A Primeira Reportagem, de Sylvio Pereira, ambos lançados em 1983. Além disso, foi nessa época também que muitas escolas brasileiras passaram a incluir a Série Vaga-Lume em suas bibliotecas e aulas de português, inclusão esta que durou até o início dos anos 2000 e virou artigo de nostalgia entre a geração X e Y.
Série Vaga-Lume Júnior
Com os seus pouco mais de vinte anos de sucesso, a Editora Ática criou uma outra coleção de livros voltada para os irmãozinhos do público-alvo da Série Vaga-Lume no final dos anos 90, a Série Vaga-Lume Júnior. Seguindo os mesmos moldes da primeira coleção, as publicações levavam para os pequenos historinhas curtas também de mistério, assim como protagonizadas por detetives mirins. Mas, claro, com situações mais leves em comparação com as histórias voltadas para os adolescentes.
Além da pegada mais suave das obras, os livros também vinham com fontes de letras maiores e ilustrações coloridas. A primeira lançada nesta coleção foi Catarina Malagueta, escrita por Cristina Porto e publicada em 1999, que contava a história de uma menininha que morava no interior, se mudou para a cidade grande com a família e descobriu um mundo novo, mas hostil. A Série Vaga-Lume Júnior teve livros publicados até 2009, sendo o seu último Ana Pijama no País do Pensamento, de Jô Duarte, cujo enredo girava em torno de uma garota com uma mente criativa e que não gostava de dormir.
Acompanhando a passagem de tempo e um hiato de 13 anos
Para continuar prendendo a atenção dos jovens, a Série Vaga-Lume passou a acompanhar as tendências entre os jovens década após década. Da mesma forma em que os livros publicados nos anos 80 contava a história de adolescentes que ouviam bandas de rock e assistiam televisão, os lançados nos anos 2000, época em que a Ática passou a fazer parte do Grupo Somos Educação, já possuíam temática mais voltada para o surf, hip-hop e games.
Parando com as publicações inéditas em 2008, sendo a última O Mestre dos Games, de Afonso Machado, o Grupo resolveu republicar todos os livros da Série Vaga-Lume em 2015, com a mesma narrativa, mas com uma arte de capa mais moderna. A ideia era que maior parte de suas vendas fossem vindas de estudantes do ensino fundamental, mas também era esperada as dos adultos nostálgicos que liam os mesmos livros em suas épocas de escola.
Além dos relançamentos, a Somos Educação lançou mais dois livros para a Série Vaga-Lume em 2020 e 2021, depois de 13 anos sem publicações inéditas. O primeiro é Ponha-se no seu Lugar!, de Ana Pacheco. Inspirado no conto russo O Nariz, de Nikolai Gogol, o enredo conta sobre Lucas, que era privilegiado e estudava em uma escola de elite. Em algum momento da história ele perde o seu nariz e o vê com vida própria fazendo sucesso entre seus colegas e ganhando o interesse de Florinha, sua paixonite de adolescência.
Já o segundo livro após este hiato é Os Marcianos, de Luiz Antonio Aguiar. Seu enredo de ficção científica é ambientado no futuro em uma colônia em Marte, onde reviver ou relembrar o passado é extremamente proibido. Os amigos Zás, Beca e D.K.O. não se conformam com a restrição e vão em busca de respostas sobre o Planeta Vermelho.