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Tendências dos anos 40 voltam à arquitetura e design de forma sustentável e afetiva

21 de julho de 2022, por Leila Benedetti
Design
Tendências dos anos 40

Para quem preza pela elegância e, ao mesmo tempo, pelas memórias afetivas da casa de seus avós, as tendências de móveis e revestimentos dos anos 40 voltaram com tudo. Não é coisa de apenas uma fabricante ou alguma marca lançando uma linha especial e limitada, mas sim várias empresas do ramo preocupadas com a sustentabilidade estão, naturalmente, lançando seus produtos com a estética vintage. São cadeiras de palha indiana, cristaleiras e armários de marcenaria rebuscada, cores fortes e pisos de granilite que vemos por aí nos showrooms e vitrines de lojas.

Quem explica o porquê do retorno dessa tendência é a arquiteta e urbanista Julianne Campelo, da Criare Campinas. De acordo com ela, assim como na moda e em outras manifestações artísticas, as tendências da arquitetura e do design de interiores também são cíclicas. “Com o passar do tempo os contextos sociais vão mudando e nós, também. Depois do estilo minimalista, há procura por um design mais humanizado, que não busca a perfeição, ao contrário. Ela valoriza o imperfeito, porque ele resgata memórias afetivas”, completa. 

E não são só as tendências dos anos 40 que voltam com tudo. A colega de profissão de Julianne, Rafaela Costa, também diz que muitos designers e arquitetos estão buscando referências de outras épocas, inclusive as seculares que vão até o Período Colonial. “A palha indiana, um material usado no Brasil desde antes do Império, é um clássico que voltou com muita força nos projetos que estamos desenvolvendo, não só nas tradicionais cadeiras, mas também na marcenaria e nos acessórios”, explica. 

Armário com Palha Indiana
(A palha indiana volta com tudo no design de interiores. | Foto: Divulgação)

O Provençal aliado às cores fortes

E com essa mistura de décadas, claro que os anos 60 e 70 não podiam ficar de fora, principalmente as cores fortes que foram tendências na época. Não apenas os acessórios como também os móveis já estão ganhando cores vibrantes e com mais personalidade, principalmente na marcenaria. Isso não é algo muito recente, há mais ou menos um ano atrás, marcas populares como a Itatiaia, por exemplo, chegaram a lançar linhas do tipo, que, por sua vez, foram – e ainda estão sendo – muito bem recebidas pelo público.

Para deixar mais misturado ainda, a tendência da vez é aplicar as cores fortes na marcenaria de estilo Provençal, que é aquela cheia de acabamentos emoldurados e com design mais clássico. “Na marcenaria, o vintage  se apresenta nos acabamentos emoldurados do estilo Provençal, no uso de lambris e de cores vibrantes, contrastando com as linhas retas e cores neutras do estilo minimalista”, contam as profissionais. 

Cozinha Retrô Itatiaia
(Marcas populares, como a Itatiaia, também aposta nas cores fortes no design. | Foto: Divulgação/Itatiaia)

Acabamentos vintage

Saindo um pouco do tópico dos móveis e indo para os acabamentos, o granilite, que foi popularizado nos anos 40 por ser uma alternativa mais barata que o mármore, conquistou um belo espaço nesta era contemporânea não só revestindo pisos, como também bancadas e mesas. Mas, agora, ele vem sendo produzido com uma tecnologia mais moderna, permitindo ampliar sua aplicação, o que fez cair ainda mais no gosto do público.

E, claro, um item vintage icônico entre os brasileiros e que não podia faltar, são os azulejos coloridos, hidráulicos e com formas geométricas. Rafaela explica o motivo desse retorno: “Isso permite renovar um espaço reaproveitando o material que já está instalado e, como muitas marcas voltaram a produzir esse tipo de revestimento, é possível até ampliar esses ambientes sem perder a identidade. Isso impulsionou o uso desses elementos em muitos projetos contemporâneos”

Armários de lambril verde
(Cores fortes em móveis de estética provençal e o granilite – que reveste a bancada – também voltam a ser tendência. | Foto: Divulgação)

Tudo em nome da sustentabilidade e da memória afetiva

Assim como o que acontece na moda com os brechós e os re-commerces, o ramo da arquitetura e do design estão aproveitando esse retorno do vintage para reutilizar produtos originais, o que poupa a utilização de mais materiais, o uso de recursos naturais e o desperdício. Há também a fabricação de itens novos inspirados em tendências do passado, mas a produção seria maior se não fosse esse reaproveitamento de peças antigas. 

Além disso, pessoas que moram em casas muito antigas e que, seja pela estética ou pelo valor sentimental-familiar, querem manter o estilo do lar levam vantagem. Quanto mais idade tem o imóvel, mais manutenção ele exige, e, para não perder nada de valioso em sua arquitetura e decoração, peças idênticas às originais, fabricadas atualmente ou não, podem substituir o que está danificado. 

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