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A história das feiras de discos no Brasil e a volta do disco de vinil

4 de janeiro de 2016, por Luiz Teddy
Música

Segundo a Associação Fonográfica Norte-americana (RIAA), as vendas de discos de vinil nos Estados Unidos cresceram mais de 50%, apenas no primeiro semestre de 2015. Nesse período, foram vendidos mais de 9,2 milhões de álbuns, com U$S 222 milhões em receitas, correspondendo a aproximadamente 30% das vendas de mídias físicas.

Aqui no Brasil, os LPs também estão em alta e, para muita gente, eles nunca saíram de moda. De acordo com João Augusto, consultor e sócio da Polysom, a única fábrica de vinis do Brasil e da América Latina, houve um aumento nas vendas, de março e junho, em mais de 126%. Assim como João, a indústria brasileira acredita que esse crescimento se explique pela grande pausa no mercado de vinis; segundo ele, praticamente inexistente nos últimos anos.
Sem Título-13A fabricação de novos discos realmente foi paralisada durante alguns anos, no entanto, o mercado em si nunca parou. Como para todo amante do vinil um dos maiores prazer é sempre garimpar por novos álbuns, uma das grandes saídas, além dos “sebos”, sempre foram os encontros de colecionadores, as famosas Feiras de Discos. Mas, você sabe como tudo isso começou aqui no Brasil?

Em meados dos anos 70, numa época onde era praticamente impossível encontrar discos ou artigos relacionados ao rock & roll dos anos 50, dois amigos fanáticos por música – Eduardo Moreira (Eddy Teddy) e Wilian Baroni – procuravam uma forma de reunir colecionadores e apreciadores de vinis para intercâmbio de discos e informações ligadas a este gênero na cidade de São Paulo.

Depois de muito bate-papo e muitas doses de Cuba Libre, veio a fórmula: criar uma feira de discos. A ideia era reunir amigos aos domingos, das 10h às 13h no quintal da casa do Eddy na Avenida Mandaqui, de maneira informal, onde todos trouxessem artigos para trocas. Estava, então, batizada a Feirinha de Discos, que depois mudaria de nome para Collectors Rock Fair.

Naquela época poucas pessoas tinham aparelhos telefônicos e a forma que existia para se comunicar era no boca a boca ou por cartas. No dia 28 de outubro de 1979 organizaram o primeiro encontro e a resultado foi excelente. A ideia deu tão certo que as reuniões começaram a se repetir todos os meses. O pessoal foi aumentando e, de um pequeno grupo, passou a receber gente de todos os cantos da cidade, do interior e até de outros estados.

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Era uma feira onde não existiam lojistas, o pessoal trazia os discos, colocava em cima de uma mesa ou no chão, apoiados no muro, ou em caixas e sacolas por todo o quintal e saiam trocando as raridades. O quintal tinha uns 50 metros quadrados, uma entrada lateral que dava para a vila por onde era a entrada da casa e a vizinhança toda respirava rock & roll.

Os primeiros anos foram os melhores para se conseguir as raridades; depois os colecionadores foram aumentando, surgindo lojistas, e os discos, principalmente os de rock dos anos 50, foram desaparecendo para as trocas, passando a ter vendedores e compradores.

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Depois, Eddy mudou para a Av. Engenheiro Caetano Álvares, no mesmo bairro do Limão, e lá o quintal era maior e a garagem coberta. Por lá, apareciam sempre bandas de amigos e ele sempre estava envolvido em algum projeto musical. Com isso, passaram a promover shows durante o horário da feira, com inesquecíveis Jams Sessions.

Tocaram por lá bandas como Satisfaction, Revolution e Ruy Dylan. Os Jet Blacks lançaram um disco na feira, “Super Gala”, inclusive, com cobertura da TV Cultura. Foi um dia memorável pois contou com a participação de Tony Campello, da Jovem Guarda. Em uma outra, Tony fez dupla com Deny (da dupla com Deny e Dino, sucesso nos anos 60).

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Em 1983, Eddy formou o Coke Luxe, a partir de um papo com o Jipp Willis (bateria), exatamente, na Feira de Discos. Nessa época era mantido, num espaço do quintal, uma mesa de bebidas à preço de custo para os frequentadores poderem curtir a feira e tomar um aperitivo sem precisar ir ao bar da esquina. Rolava, Cuba Libre, Hi-Fi, Whisky e Coca-Cola para a criançada.

Esses encontros memoráveis rolaram até o dia 2 de outubro de 1983, ou seja, durante 4 anos. Depois disso, Eddy Teddy acabou promovendo alguns eventos esporádicos com o mesmo intuito de reunir amigos e trocar informações. A partir daí, transferiu o local para o Galpão ao lado da Golden Hits, e a feira passou a ser organizada por Tangerino, Fernando e Hélio, que costumavam frequentar desde o início e se ofereceram para mantê-la.

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O primeiro evento no novo local foi realizado em 20 de novembro de 1983 e, de lá para cá, muita gente nova foi aparecendo. Houve algumas modificações na estrutura e muitos pioneiros ainda participam até hoje. Da fase que era organizada na casa de Eddy Teddy ficaram as lembranças, as boas amizades, os discos raros e a satisfação em ver uma ideia viva até hoje.

Hoje, a Feira de Discos acontece de maneira itinerante, mensalmente. As últimas edições aconteceram na Praça Roosevelt, na Teodoro Sampaio e no Museu da Imagem e do Som (MIS). Fique de olho nas novas datas e locais, ainda é possível encontrar bastantes raridades por lá!

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SERVIÇO
Feira de Discos
Mais Informações: http://feiradediscos.tumblr.com/

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3 Responses

  1. Olynthes

    Pqp…..voltei a minha infância, lembra Luiz eu e seu irmão trabalhávamos no bar, e sempre dava umas bicadinhas mas cubas e hifi……sensacional essas feirinhas e os frequentadores…tenho certeza de que você contribuirá para este site…..abraços e sucesso…

  2. Só notei uma pequena falha: o LP que o The Jet Black’s lançou ma Feirinha foi o “Super Gala”, da Som Livre. O “Remember The Shadows & The Ventures” só seria gravado 4 anos depois, com outra formação. Inclusive tenho as fotos.

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