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Contos de Clarice Lispector viram peça infatil e ganha temporada no Teatro Décio de Almeida Prado

29 de março de 2017, por Jane Galaxie
Eventos
Contos Clarice Lispector

A partir de oito contos e/ou crônicas de Clarice Lispector (1920-1977), publicados no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, o espetáculo infantil Brincar de Pensar – contos de Clarice Lispector no palco para pessoas grandes ou pequenas faz temporada no Teatro Décio de Almeida Prado no período de 1º a 30 de abril, com sessões sempre sábados e domingos, às 16h. A montagem conta com direção de Vanessa Bruno e faz parte do repertório do VULCÃO [criação e pesquisa cênica], que tem investigado a transposição da literatura para o palco.

Em cena, oitos contos que compõem o espetáculo multimídia jogam foco na narrativa de prosa poética da autora, e apresentam em comum as memórias da infância e devaneios próprios de todas as idades. Com apoio dramatúrgico de Michelle Ferreira, o elenco formado por Isabel Wilker, Lívia Vilela e Luiz Felipe Bianchini (Elisa Volpatto como stand-in) mostra situações comuns vividas pelas pessoas, como pedir um livro emprestado, vestir-se para um baile de carnaval, ou observar um inseto em cima de um quadro.

Clarice Lispector

A escritora Clarice Lispector (Foto: Reprodução)

Na trama, a personagem Marília (Isabel Wilker) recebe um presente inesperado e anônimo que desperta sua imaginação e permite que Outrem (Luiz Felipe Bianchini) e Maria-Mole (papel revezado entre Lívia Vilela e Elisa Volpatto) saiam do empoeirado sótão para brincar de pensar, imaginar, lembrar e criar através das palavras.

Apresentada em capítulos, como se o público estivesse virando as páginas de um livro, a peça abre a porta da memória para que objetos, histórias e seus personagens saiam do empoeirado esquecimento evocando os oito contos de Clarice Lispector.

Felicidade Clandestina traz à memória uma menina, de 8 anos de idade, devoradora de histórias que implorava emprestado à filha do dono de livraria os livros que ela não lia. Persistência e amor à leitura conduzem a narrativa até o livro ser conseguido. Restos do Carnaval conta outra memória, da menina que desejava ir pela primeira vez a um baile de carnaval. Come, Meu Filho revela diálogo irreverente entre mãe e seu filho; ele dá voz a seus devaneios e reflexões. Sou uma Pergunta? são centenas de perguntas questionando cores, situações, comportamentos e crenças.

Uma Esperança traz mãe e filho frente ao inseto verde chamado esperança e uma enorme aranha. Das Vantagens de Ser Bobo narra observações entre o esperto e o bobo. Se Eu Fosse Eu imagina como seria tudo diferente se cada um fosse si mesmo. E por fim, Brincar de Pensar conta os prazeres e divertimentos que se tem em pensar.

Para a diretora, o espetáculo é direcionado para pais e filhos, mescla várias linguagens e cria um fio condutor para dar voz cênica às palavras da autora. “A montagem é um convite a filosofar, imaginar, perguntar, lembrar, inventar, duvidar, entender e sentir. Usamos as palavras de Clarice Lispector e as imagens e jogos trazidos pelos atores em cena para esse fim”.

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Cena do espetáculo ‘Brincar de Pensar – contos de Clarice Lispector no palco para pessoas grandes ou pequenas’ (Foto: Divulgação)

Imagens em vídeo e a trilha especialmente composta, além da iluminação, figurinos e adereços criam um espetáculo multimídia. Vanessa enfatiza que a obra de Clarice Lispector em cena possibilita o trânsito entre linguagens artísticas, uma característica da linguagem teatral contemporânea.

Os atores estão em cena narrando e vivendo as histórias e também construindo com adereços e elementos retrô, como uma máquina de escrever e um telefone de disco, a realidade do ambiente cotidiano solicitado pelos contos. A trilha musical, assinada por Edson Secco, tem caráter minimalista construindo ambiente delicado, divertido e, por vezes, misterioso. O músico juntamente com Fábio Barros e a cantora Tatiana Parra, transformou o conto Sou uma Pergunta? em canção especialmente para a peça.

O espetáculo é fruto da pesquisa de transposição da literatura para o palco, desenvolvida inicialmente por Vanessa Bruno, e que deu origem ao VULCÃO [criação e pesquisa cênica], por isso entrou para o repertório desse agrupamento de artistas, formado por Vanessa Bruno, Lívia Vilela, Elisa Volpatto, Rita Grillo e Paulo Salvetti.

Serviço
Teatro Décio de Almeida Prado.
Endereço: Rua Cojuba, 45 – Itaim Bibi, São Paulo – SP
Temporada: 1 a 30 de abril, com sessões sempre sábados e domingos, às 16h. Duração: 50 minutos.
Capacidade: 186 lugares.
Espetáculo recomendável para maiores de 7 anos.
Ingressos: 14,00 (Inteira) e 7,00 (Meia).
Venda online: Aqui

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