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‘Você é Jackie ou Marilyn?’, o livro sobre Marilyn Monroe e Jackie Kennedy; veja entrevista com a autora

3 de março de 2016, por Jacqueline Viana
Lifestyle
Jackie Kennedy

O ano é 1962. Uma agência de publicidade da Madison Avenue, em Nova York, recebe a tarefa de criar uma nova campanha para uma marca de lingerie. Depois de uma noite de bebedeiras observando as garotas no bar, um dos redatores tem a grande sacada: toda mulher é uma Jacqueline Kennedy ou uma Marilyn Monroe.

A frase, repetida como um mantra durante quase todo um dos episódios da série “Mad Men”, representa os dois caminhos possíveis para uma mulher da época: encarnar a boa moça, morena, discreta, chique e educada (Jackie) ou a vamp, loira, bela e sedutora, que exala sensualidade e espontaneidade (Marilyn). E essa comparação segue até hoje.

Você é Jackie ou Marilyn?

Capa do livro “Você é Jackie ou Marilyn?” (Foto: Divulgação)

E esse mote inspirou o livro “Você é Jackie ou Marilyn?” (Editora Globo, 293 páginas). A jornalista alemã Pamela Keogh leu várias biografias, vasculhou arquivos de antigos jornais e revistas de moda, assistiu a todos os filmes possíveis e entrevistou pessoas próximas às duas divas para descobrir o que as transformou em ícones de estilo e comportamento para milhares de garotas – inclusive o que não deveríamos saber sobre elas.

O resultado da pesquisa é uma divertidíssima mistura de biografia com livro de moda e autoajuda, que revela desde os truques rotineiros de beleza até o que elas gostavam de ler nas horas de folga. (Curiosidade, abelhuda: Jackie – que trabalhou como editora – lia de tudo, Marilyn era uma leitora voraz dos clássicos e as duas apreciavam a Bíblia da geração beatnik “Pé na Estrada”, de Jack Kerouac).

Como se pode perceber, apesar de diferentes, elas tinham hábitos em comum. Eram carinhosas com amigos e maridos, usavam o mesmo creme noturno, compravam lingerie na mesma loja, e por aí vai.São onze capítulos com verdadeiras “lições de diva” em casa, no trabalho e no amor, que ensinam a leitora como assimilar traços das personalidades das duas biografadas para ser tão poderosa como elas.

Brincadeiras à parte, um dos maiores triunfos do livro é o profundo paralelo biográfico traçado entre as vidas de cada uma. Contemporâneas, elas dividiam o cabeleireiro e amigos célebres (sem falar na supercomentada relação com os irmãos Kennedy), mas também tinham origens e medos absurdos. Enquanto Jackie nasceu em berço de ouro e recebeu uma educação rigorosa (e toda a pressão que vinha com isso), Marilyn, uma filha da Grande Depressão dos anos 1930, passou praticamente toda a infância e adolescência em orfanatos e lares de adoção e morria de medo de terminar a vida em um sanatório como a mãe.

E – parafraseando a autora – quando o leitor acha que chega a uma conclusão (que Jackie era a fria, Marilyn o vulcão; a primeira era o cérebro e a segunda, a beleza), descobrimos que a ex-primeira dama também era extremamente independente e bem-humorada, traço que compartilhava apenas com os mais próximos. Já Marilyn, apesar de mais aberta emocionalmente, era uma mulher sensata e seletiva quanto às pessoas que deixava entrar em sua vida. O que mostra que até as maiores “rivais” são mais parecidas do que se imagina.com grandes avanços tecnológicos.

Autora do livro

Pamela Keogh, a autora (Foto: Divulgação)

Alemã de nascimento e americana de coração e criação, Pamela Keogh é especialista em biografias. Ela já escreveu livros sobre Audrey Hepburn, Elvis Presley e outro livro sobre Jackie Kennedy. Ela conversou com o Universo Retrô por Skype e contou alguns detalhes sobre o livro e discutiu sobre o estilo Jackie/Marilyn.

Universo Retrô – Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre esses dois ícones?

Pamela Keogh – Alguns anos atrás, minha editora assistiu a um episódio da série “Mad Men” em que toda a história acontece em torno da discussão “Toda mulher é uma Jackie ou uma Marilyn”. Ela veio até mim e comentou que esse tema dava um bom livro. Existem muitas biografias sobre elas, mas nenhuma sobre as duas. Como eu já tinha escrito um livro sobre Jackie, disse que ia pensar. Aí, na hora em que eu estava saindo do prédio da editora, o John Slattery (um dos protagonistas da série) passou pela rua e eu pensei “Isso deve ser um sinal!”.(risos)

Universo Retrô – Você era fã das duas antes de escrever o livro?

Pamela Keogh – Na verdade não. Apesar de ter estudado na mesma universidade que Jackie, sempre gostei mais da Audrey Hepburn. (Curiosidade para os cinéfilos: Pamela cresceu na Costa Norte de Long Island, próximo do local onde foi filmado “Sabrina”, um dos maiores sucessos de Audrey).

Universo Retrô – Podemos dizer que Marilyn Monroe está novamente “na moda”, se é que ela alguma vez saiu. No seu livro você diz que uma das características que nos aproximaram mais de Marilyn do que da Jackie é que nós nos conectamos emocionalmente a ela. Como você explica isso?

Pamela Keogh – Acho que isso se exemplifica no fato de que Jackie, assim como Audrey Hepburn e Elvis Presley, sabia de onde vinha. Eles tinham uma família, um lugar para onde voltar se acontecesse alguma coisa. Jackie tinha muito orgulho de ser uma Bouvier, mais que uma Kennedy. Aliás, os Kennedys precisavam mais dela do que ela deles. Já Marilyn teve uma história mais trágica, ela viveu e lares adotivos e orfanatos, ela não tinha irmãos ou parentes próximos, ela não tinha ninguém. De certa forma, Marilyn teve que construir um personagem para si, ela queria respeito, mas nunca deixou de se mostrar frágil. Ela sentia necessidade de ser amada, de ser aprovada e transparecia isso, o que fazia com que as pessoas quisessem se aproximar dela.

Marilyn Monroe

Marilyn Monroe, 1949 (Foto: Reprodução)

Universo Retrô – Jackie viveu até os 65 anos, e Marilyn teria 90 se ainda estivesse viva. No livro, você menciona que a atriz odiava a ideia de fazer cirurgia plástica e que gostaria de envelhecer com o corpo que tinha. Como você imagina que ela estaria hoje? Será que ela teria mudado de ideia?

Pamela Keogh – Sinceramente, eu não sei. Marilyn odiava plásticas, mas de certa forma ela dependia muito da beleza. Ela construiu a imagem que queria, era uma morena que foi tingindo o cabelo de vários tons de loiro até chegar ao ideal. Não sei como ela lidaria com isso conforme fosse envelhecendo.

Universo Retrô – Jackie e Marilyn eram contemporâneas e tinham vários conhecidos em comum. Você acha que hoje em dia as garotas MM e JKO seriam amigas?

Pamela Kegoh – Acho que não. Marilyn gostaria e tentaria ser amiga de Jackie, mas Jackie não iria querer ser amiga de Marilyn. Jackie não gostava da companhia de outras mulheres, mas é porque ela vivia em um ambiente muito masculino e político, apesar de ter tido boas amigas conforme foi ficando mais velha.

Universo Retrô – O livro cita exemplos de mulheres famosas que evocam os estilos de Jackie e Marilyn, mas você acha que nós já tivemos duas substitutas com tanto poder e simbolismo quanto elas?

Pamela Keogh – Não. Elas foram as primeiras e únicas a representar dois arquétipos diferentes de mulher. Tanto Jackie quanto Marilyn deram duro para se tornarem o que são e agora são copiadas por milhares de jovens no mundo todo. Elas, assim como estrelas de cinema como Audrey e músicos como Elvis, criaram personagens que refletiam como as pessoas se viam ou queriam se ver, atingindo praticamente um nível de deuses. Minha dica se você quiser ser como eles é: não copie essas pessoas, você pode ser o melhor que puder sozinho.

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