Nesse domingo (01) é Dia da Literatura Brasileira e depois de falar sobre o estilo das escritoras brasileiras, agora vamos falar sobre os clássicos literários brasileiros que foram adaptados para as telas. A literatura é sem dúvidas uma das mais antigas e prestigiadas artes de toda a história. Aqui no Brasil, tal atividade passou a ser feita ainda no período do Quinhentismo, porém, era desenvolvida por portugueses e não por brasileiros. Escritores brasileiros surgiram no Barroco, principal escola literária do século 17.
Tendo o poder de dialogar com outras artes, dezenas de clássicos de nossa literatura foram adaptados para o cinema e TV. Veja alguma das pérolas nacionais que ganharam novas roupagens nas telonas e telinhas.
1 – O Cortiço (1890) de Aluísio Azevedo: O livro O Cortiço é considerado o maior romance naturalista da literatura nacional. O enredo gira em torno de um cortiço carioca do final do século 19 e todos os conflitos que cercam os moradores e os que vivem em torno dele. Com caráter de denúncia, a obra é recheada de personagens que representam tipos sociais da época. Analisados sob a óptica do naturalismo, Aluísio reduz seus personagens à animais guiados pelo instinto e determinados pelo meio.
Em 1978, Francisco Ramalho produziu uma adaptação para o cinema. E ainda que apresente algumas falhas na representação das personagens e dos fatos, a produção ganha pontos por contar com um grande nome do cinema nacional presente no elenco: Beth Faria, que interpretou a icônica personagem Rita Baiana.
2 – Gabriela, Cravo e Canela (1958) de Jorge Amado: Um dos livros mais conhecidos do escritor baiano Jorge Amado, Gabriela, Cravo e Canela ganhou uma adaptação da Rede Globo no ano de 1975, sendo transmitida no horário das 22 horas.
A história tem como personagem principal Gabriela (Sônia Braga), uma moça humilde, sem muita instrução que deixa o sertão rumo à cidade litorânea de Ilhéus. Lá se envolve amorosamente com Nacib, estrangeiro de origem árabe que se sente atraído e ao mesmo tempo incomodado com a personalidade solta e sedutora de Gabriela.
No ano de 2012 foi feita uma segunda versão com Juliana Paes e Humberto Martins como protagonistas, mas o grande destaque e revelação foi a cantora Ivete Sangalo interpretando Maria Machadão, dona do famoso cabaré nordestino Bataclã.
3 – As Meninas (1973) de Lygia Fagundes Telles: Publicado em um período de Ditadura Militar e apresentando essa época como pano de fundo, o romance conta simultaneamente a história de três amigas bastante distintas entre si: Lia, Ana Clara e Lorena. Todas as angústias e experiências típicas da juventude foram bem escritas por Lygia, que chegou a ganhar o Prêmio Jabuti com esta obra.
O livro foi adaptado em 1995 por Emiliano Ribeiro e tem as atrizes Adriana Esteves, Drica Moraes e Cláudia Liz como as protagonistas.
4 – Dom Casmurro (1899) de Machado de Assis: O mais famoso livro de Assis narra em primeira pessoa o relacionamento de Bentinho e Capitu, passando pela amizade de ambos na infância até o matrimônio e o suposto adultério que até hoje forma um dos grandes mistérios da literatura. Com roteiro de Lygia Fagundes Telles e Paulo Emílio Sales Gomes, em 1968 Dom Casmurro ganhou a adaptação chamada Capitu, uma das mais aclamadas versões da história. O elenco nos brinda com o trio Isabella Cerqueira (Capitu), Othon Bastos (Bentinho) e Raul Cortez (Escobar).
Em 2008, o livre também teve adaptação para a minissérie em 5 capítulos, Capitu, da Rede Globo.
5 – A Hora da Estrela (1977) de Clarice Lispector: Em A Hora da Estrela somos apresentado à alagoana Macábea, migrante que vai em busca de melhores condições de vida na cidade do Rio de Janeiro. Ali passa a namorar Olímpico, homem que a deixa posteriormente por acreditar que a moça não tem condições de ascender socialmente.
Com tuberculose e uma vida sofrida, algo ainda consola Mácabea: uma previsão feita por uma cartomante que afirmava que ela teria um futuro alegre e próspero. A obra foi parar nos cinemas no ano de 1985 com direção de Suzana Amaral.
6 – A Escrava Isaura (1875) de Bernardo Guimarães: Obra que consagrou Bernardo Guimarães, A Escrava Isaura narra a trajetória de Isaura, escrava branca criada pelos os donos da casa grande que não mediram esforços em lhe dar a melhor educação possível.
Quando se torna jovem, Isaura passa a chamar a atenção por sua beleza e comportamento altruísta. Um dos jovens que termina por se apaixonar pela moça é Leôncio, rapaz de caráter ruim e egocêntrico que fará de tudo para que a escrava seja dele. Em 1976 Lucélia Santos deu vida à mocinha na produção da Rede Globo.
7 – Lucíola (1862), Diva (1864) e Senhora (1875) de José de Alencar: As três importantes obras de José de Alencar sobre os perfis femininos do século 19 foram adaptadas simultaneamente na novela Essas mulheres (2005) da Rede Record.
Em Lucíola conhecemos Maria da Glória, jovem de origem pobre que por dificuldades financeiras é aliciada ao mundo da prostituição. Depois de um tempo se transforma na cortesã mais desejada da cidade do Rio de Janeiro e se apaixona por Paulo, porém, ambos terão de enfrentar os preconceitos existentes e que impedem essa paixão.
Com outra personagem pertencente à classe baixa, Senhora foca em Aurélia Camargo, orfã de pai e filha de uma costureira. A moça se apaixona por Fernando Seixas, o jovem a ama, mas por querer ascender socialmente a deixa por outra. Quando recebe a herança de seu avô, Aurélia passa a ser movida pela vingança e despeito e começa a elaborar um plano para que Fernando possa lhe pagar todo o mal que fez.
Em contrapartida, no livro Diva, a personagem principal é a rica Emília, garota com transtornos mentais e com dificuldades de entrar em contato com outras pessoas. Emília ganha a ajuda de um médico e se apaixona por ele, mas esse romance terá de enfrentar algumas dificuldades, inclusive a instabilidade emocional da moça.