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Milton Gonçalves: relembre a trajetória de um dos ícones da TV brasileira

31 de maio de 2022, por Leila Benedetti
Cinema & TV
Milton Gonçalves

Um dos nomes consagrados da televisão brasileira, Milton Gonçalves, morreu neste dia 30, aos 88 anos, devido às consequências de um AVC sofrido em 2020. Na ativa como ator desde os anos 50, ele conquistou um bom espaço no cinema nos anos 60. Além disso, também era bem reconhecido no ramo das novelas desde os anos 70, sem contar que foi um importante ativista em prol dos negros. Em sua homenagem, vamos relembrar (e até conhecer, para quem não sabe) sua trajetória. 

Nos palcos, telas e telonas

Nascido em Minas Gerais no ano de 1933, Milton, já crescido e trabalhando como gráfico em São Paulo em meados dos anos 50, se maravilhou ao assistir a peça A Mão do Macaco. Então, ele entrou para um clube de teatro amador e, mais tarde, foi chamado para atuar como um Preto Velho na peça Ratos e Homens no grupo profissional Teatro de Arena de São Paulo, onde conheceu outros nomes que também se tornaram famosos, como Gianfrancesco Guarnieri, entre outros. 

Em 1958 ele migrou para o cinema, estreando no filme O Grande Momento e sua carreira nas telonas se estendeu até os dias de hoje. A filmografia de toda sua carreira variava nos gêneros, ora era drama, ora era comédia, ora era infantos-juvenis, como os da Xuxa nos anos 2000. Seu último longa foi Pixinguinha – Um Homem Carinhoso, filme biográfico de 2021 que conta a trajetória do “pai da MPB”. 

Zelão das Asas
(Milton Gonçalves como Zelão das Asas em O Bem Amado, de 1973.| Foto: Acervo/Memória Globo)

Já na televisão, o ator apareceu pela primeira vez nos anos 60 fazendo participação especial em O Vigilante Rodoviário, da TV Tupi. Ainda na mesma década, ele migrou para a Rede Globo e atuou em títulos como Rua da Matriz e Rosinha do Sobrado, por exemplo. Nos anos 70 Milton se consagrou ainda mais ao atuar em Irmãos Coragem e ainda participou de outras novelas icônicas da emissora, como O Bem-Amado, O Espigão, Gabriela, a versão censurada de Roque Santeiro e Sem Lenço, Sem Documento

Sua carreira na TV e na Globo permaneceu até hoje, com mais novelas, especiais de fim de ano, humorísticos e séries. Entre essas produções, destacamos a novela Pão Pão, Beijo Beijo (hoje reprisada no VIVA), a segunda versão de Roque Santeiro, Você Decide, O Rei do Gado, uma participação transitória na Grande Família, Zorra Total, entre outros.

Milton Gonçalves e a luta pelo protagonismo negro

Milton Gonçalves era um ator influente, e por ser um dos primeiros negros a seguirem carreira no ramo neste país, era mais ainda para a população negra. Para completar, ele passou anos sendo o único negro a fazer parte do elenco principal da Globo e ainda trabalhou na equipe de direção de Irmãos Coragem, na mesma emissora, em 1970, época em que o racismo predominava mais por aqui. 

Sua forma de lutar em prol da representatividade negra era um tanto diferente. Ele não manifestava levantando a voz diretamente, mas sim era discreto, apenas lutava atuando como personagens revolucionários e que passavam alguma mensagem. Um exemplo era o renomado médico Dr. Percival na primeira versão de Pecado Capital, de 1975. Este foi um marco na luta antirracista no Brasil, pois era muito comum na época escalarem atores negros apenas para papéis de empregados ou escravos. Outro papel foi um Papai Noel de shopping no especial Juntos a Magia Acontece, de 2019.

Papai Noel e Dr. Percival
(Milton como Papai Noel para um especial da Globo de 2019 – esq. – e como Dr. Percival na primeira versão de Pecado Capital, de 1975. | Foto: Reprodução/Acervo/GShow/Memória Globo)

Ele também tentou levar seu ativismo para a política. Nos anos 80, o ator foi membro do Conselho de Cultura do Estado do Rio e do Conselho de Artes do Paço Imperial. Mais tarde, nas eleições de 1994, ele se candidatou a governador do Estado carioca pelo PMDB, mas perdeu para o ex-prefeito Marcello Alencar, do PSDB.  Já em 2017 ele foi anunciado como o novo presidente da Fundação do Theatro Municipal do Rio, mas seu cargo durou apenas duas semanas. Seu maior sonho era ver uma pessoa negra ocupando a Presidência da República brasileira, sonho este que…enfim.

O velório de Milton Nascimento aconteceu na manhã do dia 31 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e seu corpo foi cremado no mesmo dia no Cemitério do Caju. O ator recebeu diversas homenagens póstumas nas redes sociais, como a de Lázaro Ramos, Taís Araújo, Zezé Motta, Ary Fontoura e Daniela Mercury. O atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o prefeito da cidade carioca Eduardo Paes também prestaram suas condolências, assim como o Flamengo, o time do coração do ator, e várias escolas de samba, como a Mocidade Independente e a Acadêmicos de Santa Cruz. 

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