Infelizmente 2016 foi um ano de grandes perdas no mundo da música e do cinema. No dia 23 de dezembro, a atriz Carrie Fisher, mundialmente conhecida por seu papel de Princesa Leia na série de filmes Star Wars, sofreu um ataque cardíaco durante um voo de Londres para Los Angeles, vindo a falecer quatro dias depois.
Carrie se tornou um dos principais rostos da indústria cinematográfica devido a este papel. Sua personagem, a Princesa Leia, vai muito além de (um dos maiores e definitivos) ícone feminista. Ela também mudou a forma como as mulheres se veem fora do cinema. Uma mulher a frente do seu tempo, a personagem vivida por Carrie Fisher é uma mulher empoderada e independente, uma heroína longe do esteriótipo de “donzela em perigo”. Uma Princesa que faz juz ao seu título nobre.
Quando Uma Nova Esperança chegou aos cinemas, em 1977, não era comum ver uma mulher tirar a arma de um homem e defender a si e a seus companheiros. Naquele tempo, independente do gênero e época em que os filmes se passavam, as mulheres eram tratadas como um complemento dos homens, passivas e incapazes de se protegerem ou realizar grandes feitos sozinhas.
Leia integrava o trio de protagonistas, sendo a única mulher. Sua atuação revolucionária, definiu uma nova roupagem para “Princesa”, e inspirou força e confiança a uma legião de meninas (e meninos) no mundo todo. Ela ensinou a não abaixar a cabeça, a se rebelar. E este legado de Fisher se perpetuará nas próximas gerações, assim como sua influência na indústria cinematográfica.
É possível que Leia tenha sido um fardo na carreira de Carrie Fisher, afinal, ela tinha apenas 19 anos quando Uma Nova Esperança entrou em exibição nos cinemas. Lidar com o que advém depois do sucesso não é tão fácil quanto imaginamos. Some isso a uma boa dose de machismo e sexismo. Não, não é fácil. A atriz viu seu trabalho ser reduzido a um biquíni, e se antes de O Retorno de Jedi (1983), Leia já fazia parte do imaginário masculino, depois do Episódio VI, ela se tornara um sex symbol.
Mas a Leia do biquíni dourado não é de todo mal. Prova disso são as milhares de garotas ao redor do mundo que reproduzem este figurino em convenções – as cosplayers. Não devemos limitar a “Leia Escrava”, deitada na frente de Jabba. Ela vai além, mesmo subjugada. A Leia do biquíni dourado que deve ser lembrada é aquela que estrangula e mata com a própria corrente aquele que a aprisionava.
Graças a Princesa Leia, hoje as mulheres dominam a franquia Star Wars, o que mostra que a cada vez mais estamos próximos da igualdade de gêneros. Rey, de O Despertar da Força (2015) e Jyn, do spin-off Rogue One (2016), são herdeiras da personagem vivida por Fisher. O que as três têm em comum? São fortes, decididas e não precisam de um homem para resgatá-las.
Seja Princesa ou General, Leia Organa mostra que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na luta contra o Império.
O mundo chora sua perda. Sentiremos sua falta, Carrie.