Nos anos 70, as mulheres mantinham a radicalização do feminismo dos anos 60 e ainda batalhavam pela conquista da igualdade de gênero, a liberdade de se vestir e, principalmente, a liberdade sexual por meio de métodos contraceptivos. Assim como na década anterior, foi (e ainda é) uma batalha árdua, principalmente no Brasil e em outros países que estavam em meio a ditaduras.
Confira as mulheres que marcaram os anos 70
1 – Gloria Steinem
Gloria Steinem é uma jornalista e, até hoje, luta ativamente pelos direitos da mulher. Ela já era altamente conhecida nos anos 60 por ser a única a conseguir se infiltrar nos bares da Playboy como “garçonete coelhinha” sem ser descoberta e revelar ao leitores da New York Magazine as reais e degradantes condições das funcionárias, que eram vítimas de violações nos direitos trabalhistas e de exploração sexual. Já nos anos 70 e trabalhando em sua revista própria, a Ms., ela já era uma forte ativista com uma marcante presença no cenário político.
2 – Angela Davis
A professora e filósofa americana Angela Davis ganhou notoriedade mundial em 1970, quando integrava o Partido Comunista dos EUA e do Partido dos Panteras Negras. Ela estava lutando contra a prisão injusta de três negros americanos, protesto este na qual foi vítima de um mal-entendido e foi parar na Lista dos dez criminosos mais procurados pelo FBI por ter sido acusada de conspiração, sequestro e homicídio. Ela ficou foragida por dois meses até ser presa em Nova York.
Sua prisão rendeu uma grande campanha pela sua libertação, que envolvia ativistas, intelectuais e até artistas como John Lennon e os Rolling Stones. Angela foi inocentada e libertada 18 meses depois.
3 – Patsy Takemoto Mink
A advogada Patsy Mink teve uma forte participação na política americana durante os anos 70 e foi a primeira mulher asiático-americana, assim como a segunda do Havaí, a ser eleita para o Congresso dos EUA. Ela era uma democrata liberal e se opôs ao envolvimento do país na Guerra do Vietnã, além de promover uma legislação de apoio aos direitos civis, educação pública e trabalho organizado. Além disso, foi co-autora do Título IX, que exigia igualdade entre o financiamento para programas acadêmicos e atléticos femininos em instituições que recebiam dinheiro federal.
Em 2002, ano de morte de Patsy, o Título IX foi oficialmente renomeado para Ato de Oportunidades Iguais na Educação de Patsy Takemoto Mink.
4 – Norma Mccorvey (aka Jane Roe)
A jovem garçonete Norma Mccorvey, que se tornou conhecida como Jane Roe, vivia no Texas de 1970 e passava por uma gravidez indesejada. Na época, o direito ao aborto não era reconhecido nos EUA, apenas em caso de estupro. Na tentativa de interromper a gestação, ela, junto com mais duas advogadas, recorreu à justiça alegando ter sido violada. O fiscal de distrito do Condado de Dallas, Henry Wade, era contra o aborto e dificultou o caminho de “Jane”, tornando o fato no famoso e polêmico caso Roe vs. Wade.
Com todo esse rolo, “Jane” não conseguiu abortar em tempo e acabou dando à luz a uma menina, que foi encaminhada para adoção. Mas só foi três anos depois que o caso chegou à Suprema Corte dos EUA, que finalmente decidiu o direito da interrupção da gravidez. Em 1987, a moça revelou que sua gestação não era fruto de um estupro.
5 – Lesley Brown
Um caso oposto ao do tópico acima, Lesley Brown era uma moça britânica que passou nove anos tentando engravidar. Ela só teve sucesso em 1978 e deu à luz a sua primeira filha, Louise. O interessante desta história é que ela foi a primeira a passar pela inseminação artificial. Graças à coragem e determinação de Lesley, desde aquele ano até agora, mais de oito milhões de bebês ansiosamente desejados nasceram por este método.
6 – Amanda Lear
A cantora que se consagrou na disco music, Amanda Lear, tem uma origem incerta, incluindo data de nascimento, nacionalidade e sexo biológico. Apesar da incerteza deste último, ela se identifica como mulher e há indícios de que seja trans por conta de seu passado oculto, altura, traços fortes, voz grave e relatos de supostos antigos colegas de trabalho. A homossexualidade estava começando a ser aceita nos anos 70, mas a condição trans ainda era um tabu, e Amanda se tornou uma das grandes referências na comunidade LGBT+.
7 – Indira Gandhi
Indira Gandhi (que não tinha nenhum parentesco com Mahatma Gandhi) era uma indiana com uma forte presença no cenário político, apesar da sociedade da Índia ser bastante patriarcal. Ela foi a primeira mulher do país a ocupar o cargo de primeira-ministra da Índia entre 1966 e 1977, durante este período, ela adotou medidas importantes para o desenvolvimento do país, como o aumento da produção de alimentos e no crescimento das indústrias, principalmente na produção de máquinas, computadores, satélites e bomba nuclear, que foi concretizada em 1974.
8 – Zuzu Angel
A estilista brasileira Zuzu Angel se tornou conhecida principalmente pelo seu posicionamento frente à ditadura militar. Após a morte de seu filho, um militante que lutava contra o regime, ser morto pelos militares em 1971, Zuzu se rebelou e cravou uma guerra pessoal contra o regime, confrontando autoridades e protestando por meio da moda. Um trabalho marcante seu foi a linha de roupas com motivos bélicos e manchas vermelhas, que foi lançada em um desfile promovido por ela no consulado brasileiro em Nova York. Ela morreu em 1976 em um suposto acidente de carro.