Nota da redatora: sugere-se ler essa matéria ouvindo Lafayette, e se der uma vontade repentina de assistir A Grande Família depois de ler, saiba que isso é perfeitamente normal.
Aquela estética minimalista, high-tech, séria, fria e toda cinza ainda está em alta. Mas outra totalmente oposta também vem conquistando o público, principalmente o brasileiro, na mesma proporção – o design Kitsch. Tal qual acontece na moda, como as mangas bufantes, por exemplo, esse estilo divide opiniões quando se fala em decoração. Muitos atrelam ao valor afetivo pelo passado, já outros consideram cafona, por terem uma visão mais “progressista” e racional de mundo.
O termo Kitsch surgiu na Alemanha do século XIX para denominar, de forma pejorativa, as manifestações artísticas consideradas feias, inferiores e exageradas. É fruto das palavras alemãs “kitschen” e “verkitschen”, que, respectivamente, significam “barato” e “vulgar”. Além disso, estes termos também são relacionados com o sentimentalismo excessivo, o que também explica a memória afetiva como uma das características dessa estética.
A partir dos anos 30, esse termo se popularizou e foi ressignificado, passando agora a definir a mesma estética maximalista como algo positivo e trazendo a reflexão de que o belo está nos olhos de quem vê.
Esse estilo é um tanto parecido com a estética cluttercore, que usa e abusa de objetos decorativos em um único ambiente. Mas a única diferença é que esses objetos possuem uma memória afetiva para a pessoa que aderiu ao design Kitsch, seja por serem herdados de um parente mais velho, seja por serem iguais aos que seus pais tinham, por exemplo. Por conta disso, o estilo acaba entrando para a categoria do design retrô/vintage. Consequentemente, quem o adere, acaba complementando o ambiente com revestimentos como a pintura em tom de rosa na parede, tacos de madeira e ladrilhos hidráulicos.
Aqui no Brasil, o design Kitsch também é chamado de “brega” ou “cafona”, justamente por conta do hábito do brasileiro de desmerecer um pouco o que é antigo, “fora de moda”. Mas, mesmo assim, é um sucesso por, além da memória afetiva, dar a liberdade de não ter que seguir padrões, harmonizações e doses certas. No design Kitsch, a composição do ambiente vai de acordo com o gosto de cada um, e muitas vezes as pessoas querem expressar seus sentimentos e emoções por meio da decoração de seus lares, sem contar que é acessível para todos os bolsos.
Portanto, é uma estética que vale tudo, desde itens comprados em alguma loja de R$1,99 e souvenirs turísticos, passando por tapeçarias, tupperwares coloridos e samambaias penduradas na sala até chegar nas coisas da sua avó e nos itens religiosos, principalmente os cristãos. Coisas tipicamente brasileiras também fazem parte da estética, como o filtro de barro, o pinguim de geladeira e a jarra de abacaxi, itens esses essenciais para quem adere ao design, aliás.
E então? Curte o design Kitsch? Sua casa tem essa estética? Comente.