Em dezembro passado, o álbum perdido de Roy Orbison (1936-1988), One of the Lonely Ones, foi finalmente lançado pela Universal Records. Ele foi descoberto por seus filhos, que estavam se preparando para o lançamento da coletânea The MGM Years 1965 – 1973. O álbum foi captado entre janeiro e agosto de 1969, mas nunca lançado, por isso acabou sendo esquecido.
A realidade é que One of the Lonely Ones foi secretamente gravado por Orbison em um momento crucial de sua vida. O músico vivia um período de desespero, depois de dois de seus filhos terem morrido em um incêndio em casa, enquanto ele estava em turnê. Sendo que, pouco mais de dois anos antes, sua esposa Claudette também havia morrido em um acidente de moto.
Para expressar este sentimento de dor na obra do artista, foi escolhida a faixa homônima, “One of the Lonely Ones“, como trilha sonora do primeiro vídeo clipe do álbum (assista acima). Dirigido pelo casal Michael e Alana Lawrence (Daya & Wolf), foi filmado no clube de strip tease “Little Darling”, em Las Vegas, e contou com a rainha do burlesco, então aposentada, Tempest Storm, de 87 anos.
Michael Lawrence diz que durante meses ele e sua esposa ficaram obcecados com a ideia de usar uma mulher madura em seus filmes. “Roy Orbison teve um grande efeito sobre nossas vidas. Sua música nos dá uma visão sobre a condição humana e sua própria trajetória (…) Alana ficou fissurada pela dançarina burlesca Tempest Storm; 87 anos, bonita, e com uma vida inteira de histórias. Igualmente fascinados, entrelaçamos ambos os personagens na história do vídeo – nossa imagem das palavras de Orbison e da beleza da Tempest”, explica.
A carreira de Tempest Storm nos anos 50 e 60 marcou para sempre a cena erótica, burlesca e pin-up. Seu passado inclui performances com Bettie Page, romances com Elvis Presley e Kennedy e a participação em filmes como Paris After Midnight (1951), Striptease Girl (1952), Francês Peep Show (1954), Teaserama (1955) e Buxom Beautease (1956). Ela também é o tema de um documentário de cinema que está atualmente em produção.
Para este vídeo, Lawrence diz que “acredito que nós criamos uma trama com exuberantes imagens cinematográficas que realmente capturaram a essência das letras de Roy Orbison. Ao invés de criar uma narrativa densa, a nossa ideia era fazer um filme que fosse mais subjetivo, com espaço para interpretação, na própria ideia de solidão e amor perdido. A luz do néon, as dores da luxúria e a mágoa que fazem parte de um clube de strip pareciam melhor serem capturadas dessa forma. Há universalidade nesta história”, diz.