Se você é amante da soul music, torça para que este musical da Broadway ganhe uma adapdação brasileira. Mas, se não aguentar esperar e estiver programando a próxima viagem a Nova Iorque, não deixe Motown The Musical fora do roteiro. Produzido pelo próprio Berry Gordy Jr., fundador da Motown, o show conta a história dos 25 anos da gravadora americana da melhor maneira possível: através de sua música (de 1959 a 1984).
Baseado na autobiografia de Gordy, To Be Loved: The Music, The Magic, The Memories of Motown, o musical é indispensável para os admiradores do gênero, que consagrou grupos como The Supremes, The Jackson 5, The Miracles, The Temptations, The Commodores e tantos outros gigantes da música negra americana. Ao todo são 60 hits da gravadora apresentados de forma enérgica e emocionante, e que se encaixam perfeitamente ao longo da trama.
O musical, que fica em cartaz até 8 de fevereiro de 2015, em Nova Iorque, e ainda excursiona por várias cidades americanas, gira em torno do próprio Berry Gordy (Josh Tower), o primeiro negro a chefiar uma gravadora nos Estados Unidos. Seus sonhos e sua origem como compositor, o romance com Diana Ross, sua participação na luta pelos direitos dos negros, além da descoberta de lendas como Michael Jackson, Marvin Gaye e Stevie Wonder, podem ser conferidos neste espetáculo.
Grande parte da peça se passa nos anos 1960, na cidade de Detroit, onde por muito tempo abrigou a sede da gravadora – com o apelido de “Hitsville U.S.A”. O musical mostra bem o surgimento de cada membro desta “família” – como considera Berry – e ressalta com fidelidade as características de cada um dos artistas que por lá passaram. Para quem conhece os trejeitos de Diana Ross, por exemplo, é impossível não se impressionar com a atuação de Krystal Joy Brown, que interpreta de maneira magnífica a cantora (preste atenção no sorriso da moça, abaixo).
Destaque também para o pequeno Michael Jackson, interpretado pelo ator mirim Raymond Luke Jr., que deixa a plateia ainda mais saudosista nas cenas em que aparece cantando os sucessos do Jackson 5; “ABC”, “I’ll be there” e “I want you back”. Charl Brown também dá um show como o caricato Smokey Robinson, um dos primeiros a gravar com a Motown, e Bryan Terrell Clark aparece como Marvin Gaye, ressaltando o lado ativista do músico, embalado por “Mercy, Mercy Me” e “What’s Going On”.
Na trilha sonora conduzida pelo maestro Joseph Joubert, pode-se esperar também hits como “Ain’t No Mountain High Enough”, “Baby Love”, “Cruisin”, “Do You Love Me” (abaixo), “Money – That’s What I Want”, “My Girl”, “Please, Mr. Postman”, “Shop Around”, “Stop In The Name of Love”, “Super Freak”, “You’ve Really Got a Hold on Me”, entre outros. O sucesso de Billie Holiday, “Good Morning, Heartache”, interpretado nos cinemas por Diana Ross, também aparece durante o show, assim como “Reet Petite”, composição de Berry Gordy famosa na voz de Jackie Wison.
Com mais de 180 canções nos topos das paradas mundiais, nenhuma outra gravadora exerceu tamanha influência como a Motown. Portanto, mais do que um musical sobre uma gravadora, este espetáculo narra um importante momento histórico, visto que a soul music foi responsável por influenciar mudanças sociais e culturais dentro e fora dos Estados Unidos. A gravadora contribuiu para unir o país, racialmente dividido, tocando pessoas de todas as raças com sua música de “alma”, como o próprio nome já diz: “soul”.
Mais informações: http://www.motownthemusical.com