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Academia Burlesca: Localizada em um antigo casarão, o novo espaço promete impulsionar a cena burlesca em São Paulo

2 de novembro de 2016, por Daise Alves
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Academia Burlesca

Localizada em um antigo casarão na Avenida Pacaembu em São Paulo, há alguns meses nasceu a Academia Burlesca de São Paulo, idealizada pela publicitária Luciana Medeiros e pela performer burlesca Marquesa Amapola. Diferente da Escola Burlesca de São Paulo, que tem como objetivo ensinar danças vintages como burlesco e jazz cabaret, a Academia Burlesca pretende disseminar conteúdo sobre sensualidade, expressão artística e empoderamento por meio de workshops experimentais com profissionais e artistas que gravitam pelo universo da arte burlesca.

Criada em ambiente lúdico e colaborativo, a Academia fica em uma casa construída em 1939 e é considerada a “alma do negócio”, tanto por ter um histórico de eventos, quanto por ser a última da Avenida Pacaembu que preserva ao máximo sua originalidade. A casa, de linda fachada, era de uma família de ricos imigrantes portugueses, apesar das restaurações, o espaço ainda conserva os  tapetes feitos sob medida, os lustres de cristal lapidados a mão e o mobiliário e acabamentos encomendados no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Como a cena burlesca flerta com a trilogia ‘luxo, glamour e riqueza’, achamos que nosso público acharia o lugar interessante. O mais divertido é que não é um cenário, é um ambiente autêntico, uma viagem no tempo”, afirma a equipe da Academia Burlesca.

Academia Burlesca

Detalhes da parte interna da casa (Foto: Academia Burlesca)

Quando questionados sobre como surgiu a ideia de criar a Academia Burlesca, a equipe afirma “Por amor ao burlesco e a ideia que a cena em SP poderia crescer. Também acreditamos que mulheres, e outros grupos, às vezes precisam de uma ajudinha para verem que têm o direito de serem sensuais e livres para fazer o que quiserem com seus corpos. Há diversos artistas talentosos e cheios de conteúdo sem um lugar específico para passar seus conhecimentos.” 

E Marquesa Amapola, completa: “Há poucos produtores interessados em apoiar ou produzir burlesco. Por isso hoje faltam lugares para os artistas se apresentarem, que batalham seus espaços e recorrem a locais cedidos por amigos apoiadores. Assim surgiu essa oportunidade, e claro, que não deixamos passar!”

Academia Burlesca

Workshop Burlesco com Marquesa Amapola (Foto: Academia Burlesca)

Sobre como enxergam a cena burlesca atualmente em SP, tanto a equipe da Academia Burlesca, quanto a Marquesa Amapola, têm seus pontos de vista:

Academia Burlesca – Parece que teve um estouro há uns 4 anos, com o surgimento de alguns artistas e baladas, mas foi perdendo a exposição aos poucos. É uma cena independente, alternativa e sem muito apoio por enquanto. É um filão ainda pouco explorado, embora o mainstream já tenha visto oportunidade no estilo e esteja investindo em espetáculos com muita produção, nos moldes de casas clássicas como o Crazy Horse de Paris. No nosso caso, não fazemos shows. Estamos fomentando a cena nos bastidores e trazendo essa linguagem para o público em geral.

Marquesa Ampola – Difícil falar de hoje sem resgatar as raízes, então recorri a uma personagem desta história para me contar um pouco sobre como aconteceu, a Sweetie Bird. Mais difícil ainda citar todas as pessoas importantes para o movimento! Mas dá para dizer que em 2006 com a inauguração da Loveland, as primeiras performances começaram a ser divulgadas. O espírito sempre esteve nos projetos de Heitor Werneck, em especial o Sarau Erótico, que contava com a cantora Anna Gelinskas e Paulo Gaetta, entre outros. Flavia Ceccato trouxe a artista Michelle L’amour, vencedora do Miss Exotic World. Em seguida surgiram as neo burlescas como Fascinatrix e Sweetie Bird.

Outros eventos alternativos, de tatuagem, fetiche, rockabilly e moda (impossível não citar o clássico Mercado Mundo Mix) criaram espaço para o desenvolvimento desse gênero artístico, que cultua o universo vintage e têm em sua musa máxima Bettie Page. Posteriormente, outras casas como Madame Satã, CB Bar, Jive, Sonique, At Nine e o Trix Mix Cabaret, mantiveram por algum tempo uma programação voltada pro burlesco. Mais ou menos nessa época a performer Lady Burly criou a Escola de Burlesco de São Paulo, com aulas de dança voltadas para os estilos burlesco, vintage e jazz cabaret.

Hoje a maior cena de burlesco que temos se concentra em São Paulo e no Rio de Janeiro. Gosto de chamar de “tradicional família burlesca” porque nos mantemos unidos e ativos, numa atmosfera de cooperação e troca para alavancar a cena. Esse espírito independente e “de guerrilha” é preservado em festas como a Mademoiselle, a Feira das Vaidades e o Festival do Rio o Yes, nos Temos Burlesco! Outro espectro da cena está em casas que vêm investindo bastante em shows com muita produção, mirando o grande público. Sinto falta de mais pessoas do meio nesses palcos, principalmente pela rica oferta de artistas que temos. Na cena independente há maior liberdade em estilos de performances, tudo é permitido, todos os corpos são belos.

Academia Burlesca

Aula degustação com Marquesa Amapola (Foto: Academia Burlesca)

O espaço já está com uma programação intensa até dezembro. Para os interessados, há oficinas de Strip-Tease Burlesco e Desenho Vivo Burlesco com Marquesa Amapola; Dança Erótica e Strip-Tease Boylesce com Sete de Ouros; Maquiagem e Penteado Retrô com Aurora D’Vine; Chair e Floor Dance com Graziela Meyer; Empoderamento e Pornô Feminista com Mayanna Rodrigues e Oficina de Pasties com Sweetie Bird.  Os workshops custam de R$ 40 a R$ 110. Há também uma noite de cine pornô feminino, seguido de mesa redonda, somente para mulheres, que será de graça.

SERVIÇO
Academia Burlesca
Endereço: Avenida Pacaembu, 1738 – SP
E-Mail: academiaburlesca@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/academiaburlesca/

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