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Aromas milenares: a fascinante história dos óleos essenciais

21 de dezembro de 2023, por Ana Marisa Fonzar
Lifestyle

A utilização de ; e o uso terapêutico das plantas aromáticas são tão antigos quanto a própria civilização, sendo consideradas uma das mais primitivas formas de medicina e cosmética. A humanidade já utilizava óleos essenciais 4.500 a.C.

Muitos textos da Ásia ao Antigo Egito e grande parte da região do Mediterrâneo descrevem procedimentos e rituais nos quais eram usadas pomadas curativas, óleos medicinais, cataplasmas e essências. A prática de usar fumigações aromáticas para elevar o espírito e ajudar a curar doenças também teria sido utilizada pelas maiores civilizações de toda a história.

Embora seja difícil fixar a data exata da primeira extração do “óleo essencial”, plantas como o incenso, a mirra, o gálbano, a canela, a madeira de cedro, as bagas de zimbro e o nardo eram tão preciosas que o seu valor era equivalente ao das gemas e dos metais preciosos.

Na verdade, os precursores e criadores do que hoje é conhecido como aromaterapia são os antigos egípcios. Durante séculos, ervas, madeira, resina e cascas para incenso foram utilizados tanto no dia a dia quanto no processo de embalsamamento e mumificação dos mortos. Com o tempo, os egípcios refinaram o uso de substâncias aromáticas, passando do incenso aos remédios e cosméticos.

Os gregos também compreenderam os efeitos milagrosos da aromaterapia. Adquiriram a maior parte do seu conhecimento através dos egípcios, que eram excelentes especialistas nas propriedades de certas flores e plantas.

Da mesma forma, os romanos eram fervorosos defensores da higiene para promover a saúde e depositavam a sua confiança na aromaterapia e no seu poder. Mais tarde, os árabes continuaram aperfeiçoando os conhecimentos sobre extratos vegetais.

Muitos séculos depois, o conhecimento dos poderes curativos da aromaterapia começou a perder-se, mas a sua crença permaneceu entre os monges que, dentro dos mosteiros, preparavam soluções antibacterianas para combater as epidemias que dizimavam as populações da época.

No século 15, quando a Peste Negra eclodiu pela segunda vez na Europa, foi relatado que apenas aqueles que trabalhavam com substâncias aromáticas e perfumaria não sucumbiram à peste, isto, sem dúvida, devido às propriedades antissépticas dos óleos essenciais.

Geração após geração, diferentes culturas usaram plantas para aliviar ou curar doenças. O estudo deste conhecimento antigo tornou-se, inúmeras vezes, a base para muitos avanços na medicina moderna. Hoje, os cientistas estão encontrando ingredientes mais vitais na natureza, confirmando as tradições terapêuticas praticadas durante séculos.

O uso dos óleos essenciais na história das civilizações antigas

Civilização Chinesa

O antigo conhecimento chinês sobre as propriedades medicinais das plantas era incrivelmente avançado, envolvendo tratamentos médicos como acupuntura, shiatsu e remédios fitoterápicos, que formaram a base do que hoje é conhecido como “Medicina Tradicional Chinesa” (MTC).

A primeira abordagem da saúde é o equilíbrio do Qi (energia), Yin e Yang (forças passivas negativas e ativas positivas) e dos cinco elementos (Fogo, Terra, Metal, Água, Madeira). Por volta de 2.800 a.C., o Imperador Amarelo (Huang Ti) escreveu um dos livros mais antigos do mundo – o chamado “Medicina Interna” sobre as causas e tratamentos de doenças, e incluiu em suas páginas detalhes sobre muitas plantas e seus remédios fitoterápicos.

No entanto, a maior contribuição da China para a história da aromaterapia encontra-se na família dos citrinos, já que quase todas as frutas cítricas tenham origem neste país, alcançando o mediterrâneo apenas no século 10, através dos árabes.

Civilização Indiana  

A medicina tradicional indiana chamada “Ayurveda” tem uma história milenar de incorporação de óleos essenciais em suas poções de cura. O propósito das plantas e óleos aromáticos na cultura indiana não consistia apenas para fins medicinais, mas era considerado uma parte divina da natureza e desempenhava um papel fundamental na perspectiva espiritual e filosófica da Medicina Ayurvédica.

Muitos relatos antigos de obtenção de produtos naturais estão contidos nos livros sânscritos do Ayurveda. A literatura védica, escrita por volta de 2.000 a.C., lista mais de 700 plantas e substâncias, como o sândalo, o gengibre, a mirra, a canela e o coentro, para fins religiosos e medicinais.

Civilização Egípcia  

As evidências e a história mostram que os egípcios usavam óleos aromáticos já em 4.500 a.C. Essa civilização tornou-se conhecida pelo seu conhecimento de cosmetologia, pomadas e óleos aromáticos. A mais famosa de suas preparações à base de ervas, o chamado “Kyphi”, era uma mistura de 16 ingredientes que podiam ser usados como incenso, perfume ou remédio.

Os egípcios usavam bálsamos, óleos perfumados, cascas perfumadas, resinas, especiarias e vinagres aromáticos no dia a dia. Óleos e pastas de plantas foram transformados em comprimidos, pós, supositórios e pomadas. No auge do poder do Egito, os sacerdotes eram os únicos autorizados a usar óleos aromáticos, pois era considerado necessário estar em harmonia com os deuses.

Mais tarde, o célebre médico grego Hipócrates (460-377 a.C.), “Pai da Medicina”, passou a defender que a cura deveria ser feita principalmente por meio de alimentos, massagens com óleos essenciais, ervas medicinais, e apenas como último recurso a cirurgia deveria ser útil. Nos seus escritos, Hipócrates refere-se a um vasto número de plantas medicinais. ele considerava o ser humano como uma entidade completa e não como partes separadas, conceito fundamental para a verdadeira aromaterapia, o do Holismo.

Civilização Persa

Na civilização persa, destaca-se a contribuição do famoso polímata Ibn Sina (980-1037 DC), também conhecido como Avicena (pelo seu nome latinizado). O “Principe dos Médicos”, título concedido pela sua atuação no campo da medicina, escreveu livros sobre as propriedades de 800 plantas e seus efeitos no corpo humano.

Ele também é creditado por ser a primeira pessoa a descobrir e registrar o método de destilação de óleos essenciais, possivelmente o de pétala de rosas (Rosa centifólia), o que possibilitou a obtenção de produtos de melhor pureza e qualidade para a época. Avicena Seus métodos ainda estão em uso.

Nomes célebres da aromaterapia

O termo “aromaterapia” foi cunhado pelo químico francês René-Maurice Gattefossé (1881-1950), que estudou durante muitos anos as propriedades medicinais dos óleos essenciais enquanto trabalhava no negócio de perfumaria familiar. Uma explosão em seu laboratório causou uma queimadura grave em sua mão – rapidamente ele tratou-a com óleo puro de lavanda, o que imediatamente reduziu a inflamação e acelerou o processo de cicatrização.

Gattefossé foi um escritor prolífico e a sua paixão pela investigação dos óleos essenciais levou-o a publicar, em 1937, a sua obra mais importante “Aromathérapie; les huiles essentielles hormones végétales” (Aromaterapia: óleos essenciais, hormônios vegetais).

O médico francês Jean Valnet (1920-1995) continuou o trabalho de Gattefossé e durante a Segunda Guerra Mundial usou óleos essenciais de camomila, cravo, limão e tomilho para tratar gangrenas e ferimentos de batalha. Valnet continuou a usar óleos essenciais para o tratamento de doenças e foi o primeiro a usá-los para tratar condições psiquiátricas.

A bioquímica austríaca Marguerite Maury (1895-1968) também se interessou pelo que mais tarde se tornaria a aromaterapia. Ela desenvolveu o trabalho de Gattefossé de forma mais prática, combinando o uso de óleos essenciais com massagens. Desenvolveu técnicas de massagem especializadas e “prescrições individualizadas”, uma abordagem mais holística em que as essências são escolhidas de acordo com as necessidades físicas e emocionais do paciente, usando os óleos essenciais para reduzir o estresse e as condições da pele. Após sua morte, o trabalho de Maury foi continuado na Inglaterra por Danièle Ryman, que hoje é considerada uma autoridade em aromaterapia.

Robert Tisserand, em 1977, escreveu o primeiro livro em inglês sobre aromaterapia, chamado “The Art of Aromatherapy”. Este livro tornou-se uma inspiração e referência para praticamente todos os futuros autores do assunto, por quase duas décadas. Hoje a aromaterapia conta com uma grande variedade de estudos científicos publicados por renomados pesquisadores, que reafirmam suas propriedades terapêuticas.

Aplicações dos óleos essenciais

O uso dos óleos essenciais pode ir além do difusor – através de suas propriedades é possível retornar às experiências antigas, criando uma experiência de reencontro com a natureza e a sensibilidade.

O olfato proporciona inúmeras sensações. Ao inalar um aroma, a região do cérebro responsável pelas emoções, memória e comportamento é estimulada. A aromaterapia permite, através da estimulação olfativa, ajudar a relaxar ou estimular o corpo e a mente. A pele, por sua vez, absorve os compostos ativos dos óleos essenciais e os transporta imediatamente para a corrente sanguínea.

O método mais básico para administrar aromaterapia é através da inalação de óleos essenciais. Algumas gotas de um óleo essencial podem ser aplicadas em um difusor para purificar o ambiente e serem inaladas suavemente.

Os óleos essenciais também podem ser aplicados através de massagens, diluídos na proporção indicada em outros óleos base devido à sua alta concentração, para uma utilização segura e eficaz. Um banho contendo óleos essenciais tem efeito relaxante. Quando utilizadas na banheira, gotas de óleos essenciais devem ser misturadas ao sabonete líquido ou acrescentadas aos sais de banho para melhor diluição.

Além disso, os óleos essenciais podem ser usados em cataplasmas, ??para problemas físicos, especialmente doenças de pele e para tratar dores musculares. Da mesma forma, devem ser diluídos em outros óleos neutros ou cremes, na proporção indicada.

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